sexta-feira, 15 de outubro de 2010

BB Investimentos reduz em 23% preços potenciais para as ações da Petrobras

Por: Anderson Figo
15/10/10 - 06h24
InfoMoney


SÃO PAULO - A BB Investimentos revisou na última quinta-feira (14) seus preços potenciais para as ações da Petrobras (PETR3PETR4). Os novos targets do banco para junho de 2011 foram rebaixados em 23% frente aos preços anteriores, indo para R$ 45,80 - ações ON - e R$ 40,50 - ações PN. Contudo, o BB manteve sua recomendação de compra para a estatal.


Em relatório assinado pelo analista Nelson Rodrigues de Matos, o banco explica que o corte nos preços potenciais da petrolífera reflete a diluição por conta da capitalização, a aquisição de 5 bilhões de barris de óleo equivalente por valor acima da estimativa da BB e a elevação da taxa de desconto face à nova estrutura de capital.


"Somos de opinião de que a elevação da participação do Tesouro Nacional no capital da Petrobras  cumpriu basicamente o objetivo governamental não alterado em nada a relação de forças com os minoritários. O controle estatal na Petrobras permanece inalterado, com o acionista majoritário tendo influência direta na estratégia da companhia", avaliou Matos.


Segundo o analista, dentre todos os fatores que a BB Investimentos considerou ao fazer sua revisão do valuation da Petrobras, a capitalização teve o maior impacto no valor potencial para as ações da companhia, tendo em vista que os papéis foram emitidos 49% abaixo do preço projetado pela corretora anteriormente.


Riscos
Matos ressalta que o contrato da cessão onerosa da estatal deverá ser revisto no futuro, passando a envolver premissas como o preço do petróleo, a qualidade do óleo, o preço do gás não térmico no mercado do Rio de Janeiro e São Paulo, o processamento e a transferência da commodity. "Essa revisão ocorrerá após a Declaração de Comercialidade de cada campo", explicou.


Contudo, o analista avalia que a revisão também traz consigo um risco à estatal no que se refere ao preço do petróleo. "No contrato, está estabelecido que será utilizada, quando de sua revisão, a cotação do barril WTI - West Texas Intermediate, negociado na NIMEX (The New York Mercantile Exchange) para o contrato futuro de 18 meses. Caso a revisão ocorra num pico de preço, a exemplo do ano de 2008, poderá comprometer a rentabilidade futura dos projetos caso haja queda de preço do petróleo ao longo do prazo de 40 anos", destaca Matos.


Além disso, a BB também considera como ponto de risco o cronograma de desenvolvimento das áreas do pré-sal. Segundo o analista, com a capitalização e a consequente redução da alavancagem, a estatal não deverá ter problemas para acessar os resursos financeiros necessários para cumprir com seus projetos. Porém, Matos acredita que a cadeia de suprimentos e os recursos humanos podem representar um "forte gargalo".


"Nessa hipótese, a empresa deverá readequar os prazos dos seus atuais projetos para comportar o desenvolvimento das áreas da cessão onerosa", argumenta o analista. Outra crítica do BB ao processo de cessão onerosa da petrolífera foi a taxa de desconto utilizada, que é semelhante ao custo de capital da companhia.


Por conta disso, Matos explica que a rentabilidade da empresa está na capacidade de redução dos custos e nos ganhos de produtividade e de escala, "que somente serão apropriados na fase de produção, uma vez que todos os ganhos no período de exploração serão repassados para a União".


Estimativas de produção
O BB Investimentos manteve sua estimativa de crescimento de 3% na produção doméstica de petróleo pela Petrobras em 2010, conforme divulgado no início deste ano. Neste sentido, de acordo com as projeções do banco, o volume médio produzido pela estatal deverá chegar a 2.030 mil barris de óleo equivalente por dia.



Matos diz que, mesmo após a capitalização da petrolífera, os sistemas operacionais da Petrobras apresentarão pouco impacto na média anual, uma vez que muitos dos projetos atuais terão suas atividades iniciadas somente no segundo semestre deste ano, além do fato de que a capacidade nominal será inferior àquela instalada no ano passado.


"Acreditamos que a previsão para a produção doméstica nos próximos meses é de manutenção do crescimento. A companhia apresenta diversos projetos, cujo pico de produção ainda não foi alcançado ou o início de atividade ainda não ocorreu", completou o analista do BB Investimentos.