São Paulo, 03 - A Bovespa começou agosto rompendo os 68 mil pontos, algo que não acontecia desde o final de abril, quando os investidores ficaram temerosos com relação às complicações que poderiam ser causadas no resto do mundo pela crise na Grécia. A 11ª valorização consecutiva da bolsa paulista quase zerou a perda acumulada no ano, que ficou em 0,1%.
Hoje, o destaque deve ficar por conta do setor financeiro, com a apresentação do balanço do Itaú Unibanco, depois de Bradesco e Santander já terem anunciado seus números. O Itaú Unibanco teve lucro líquido contábil de R$ 3,165 bilhões no segundo trimestre. O resultado ficou 23,1% acima do ganho do mesmo trimestre do ano passado e queda de 2,1% ante o trimestre anterior. O Itaú Unibanco também anunciou lucro líquido consolidado recorrente de R$ 3,298 bilhões no segundo trimestre, aumento de 4,1% em comparação ao resultado recorrente obtido no trimestre anterior. O retorno patrimonial no trimestre ficou em 24,4%, considerando o lucro recorrente. No mesmo período do ano passado, estava em 21,1%.
No semestre, o Itaú Unibanco anunciou lucro líquido de R$ 6,399 bilhões, alta de 39,6% em relação ao mesmo período do ano passado. Foi o maior resultado entre os bancos privados brasileiros que já divulgaram balanço para o período. A melhora do resultado é atribuída, entre outros fatores, à expansão da carteira de crédito. No período, o crescimento dos empréstimos foi de 11,4%, com saldo total de R$ 296,2 bilhões.
O lucro líquido contábil do Itaú Unibanco, de R$ 3,165 bilhões, ficou em linha com a previsão dos analistas. A estimativa era de ganho de R$ 3,219 bilhões, segundo média das estimativas de sete casas consultadas pela Agência Estado (Deutsche, BTG Pactual, UBS, Votorantim Corretora, HSBC, Barclays Capital e Santander). Mesmo quando se considera o resultado recorrente do banco, de R$ 3,298 bilhões, o número ficou dentro do previsto. A Agência Estado considera que o resultado está em linha com as projeções quando a variação para cima ou para baixo é de até 5%.
O retorno sobre o patrimônio do banco, de 24,4%, também ficou dentro da previsão dos analistas, que estimavam o indicador em 24,2%, o maior entre os grandes bancos brasileiros. A carteira de crédito do banco cresceu 11,4% no segundo trimestre quando comparado com o mesmo período do ano passado. O desempenho ficou abaixo do esperado. A estimativa dos analistas era de expansão de 13%.
Embraer
Além disso, o mercado vai repercutir nesta terça-feira o lucro líquido de R$ 109 milhões registrado pela Embraer no segundo trimestre, uma queda de 77% em relação ao mesmo período do ano passado. A companhia informou, ontem a noite, a geração de caixa medida pelo Ebitda atingiu R$ 297,7 milhões, um declínio de 44,04% sobre abril-junho de 2009. Ao mesmo tempo, a margem Ebitda atingiu 12,2%, abaixo dos 17,6% de margem anotado em intervalo correspondente do ano passado. A Embraer realiza hoje às 10 horas teleconferência com analistas.
Investidores também devem aguardar o resultado de Gafisa, previsto para após o fechamento do pregão. Analistas consultados pela AE projetam expansão de 56,4% no lucro líquido durante o segundo trimestre, para R$ 90,3 milhões. No segundo trimestre do ano passado, a companhia obteve lucro líquido de R$ 57,768 milhões. A construtora divulga o demonstrativo financeiro do período amanhã, após o fechamento do mercado.
Na agenda econômica, o principal evento é a divulgação da Pesquisa de Produção Industrial Mensal do IBGE, referente a junho. A produção provavelmente recuou em junho ante o mês imediatamente anterior, acreditam analistas ouvidos pelo AE Projeções. As estimativas das 30 instituições financeiras consultadas variam de uma queda de 1,90% à estabilidade (0,00%) da produção em junho, na comparação mensal, na série dessazonalizada.
Petrobras
Continua a expectativa do mercado com relação a definição do preço do barril de petróleo que será utilizado na cessão onerosa da União para a Petrobras no âmbito da capitalização da empresa. A expectativa é de que esse valor seja conhecido até o dia 20. O governo trabalha com a estimativa de concluir a capitalização até setembro.
No mercado já se levanta a tese de que a operação fique para 2011. Segundo três fontes consultadas pela Agência Estado, o argumento estaria baseado principalmente na dificuldade de fazer a operação em prazo tão apertado e sob o peso da influência das eleições presidenciais. Além disso, dizem os analistas, há o risco de os investidores estrangeiros não apresentarem o apetite esperado para o negócio, já que estão saindo de capitalizações internacionais de grande porte - especialmente na China - além da crise financeira mundial.
Plano externo
A temporada de balanço corporativos internacionais também continua, com destaque para os dados da mineradora Xstrata. Entre os indicadores estão previsto para hoje os dados de renda e consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês) dos norte-americanos, encomendas de fábricas, vendas pendentes de casas, vendas de veículos nos EUA.
(Vanessa Stecanella e equipe)
Fonte: AE Broadcast