Por: Equipe InfoMoney
03/05/10 - 20h53
InfoMoney
SÃO PAULO - Rumores, acordos internacionais, parcerias, plano de capitalização e recomendações. Desde a última sexta-feira (30), a Petrobras (
PETR3,
PETR4) tem ganhado forte destaque no noticiário corporativo. As notícias ganham ainda mais notoriedade levando em conta seus reflexos, haja vista a queda abrupta das ações da petrolífera nesta segunda-feira (3).
Neste primeiro pregão da semana, os papéis ON e PN da companhia desvalorizaram 4,19% e 3,96%, respectivamente, liderando as perdas do
Ibovespa e, consequentemente, contribuindo para o desempenho negativo do Ibovespa, tendo em conta a grande participação desses ativos na composição da carteira teórica. Com isso, o principal benchmark da bolsa brasileira fechou com queda de 0,61%.
É evidente que qualquer comunicado ou notícia envolvendo a Petrobras acabe ganhando muita repercussão nos negócios, tendo em vista o status que essa
empresa carrega - a maior do Brasil em valor de mercado e também uma das maiores do mundo.
O que acabou justificando uma movimentação tão drástica dos ativos da companhia neste pregão? Vale mencionar que as principais bolsas internacionais fecharam em alta, sinalizando um sentimento de mais otimismo por parte dos investidores. Além disso, as cotações do petróleo também terminaram o dia no azul, o que tem grande correlação com a empresa, já que sua principal fonte de receita está atrelada à venda dessa commodity.
Sexta-feira: parcerias e capitalização
O primeiro evento envolvendo a Petrobras ocorreu na última sexta-feira (30), quando rumores sobre uma possível parceria da estatal com a Açúcar Guarani (ACGU3) corriam pelos ouvidos dos investidores. Tal boato fez com que os papéis da produtora de cana-de-açúcar disparassem quase 13% naquele pregão.
Logo após o fechamento dos negócios, a Petro confirmou a parceria. Em um negócio próximo a R$ 1,6 bilhão - ou R$ 5,83 por ação -, a Petrobras Biocombustível, uma das subsidiárias da estatal, irá obter uma participação de 45,7% no capital social da Açúcar Guarani, por intermédio de uma parceria com o controlador da empresa sucroalcooleira, o grupo francês Tereos.
Contudo, a noite de sexta-feira da Petrobras prometia ser bem mais agitada do que isso. Logo após confirmar essa parceria, a empresa informou que vai manter julho de 2010 como o prazo meta para a realização de sua tão aguardada capitalização. Mais tarde, o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa, afirmou em entrevista ao Estado de São Paulo que, apesar de estar confiante que o Congresso aprovará o projeto de lei de Cessão Onerosa, tem ideias em mente para uma possível negação.
"Se, apesar de nossa aposta, essa aprovação não sair, então teremos de fazer a capitalização de outro jeito", afirmou o diretor à coluna de Celso Ming. Algumas modificações no plano, como a realização da Cessão Onerosa com base em um valor por barril negociado com a União, cuja fundamentação seja o laudo da consultoria americana especializada DeGolyer & MacNaughton, já contratada pela Petrobras, foram mencionadas.
A companhia ainda anunciou na sexta-feira a assinatura de um acordo junto ao Estado Português para exploração de hidrocarbonetos em águas profundas na Bacia de Alentejo. Para isso, a subsidiária integral Petrobras Internacional Braspetro irá adquirir 50% de participação nos Blocos de Gamba, Lavagante e Santola, áreas que juntas correspondem a 9.000 km² e com profundidade de 200 até 3.000 metros.
Segunda-feira: novos acordos e repercussão dos fatos
Já que os anúncios feitos pela petrolífera ocorreram quando os mercados já estavam fechados, a repercussão desses fatos pode ser vista nesta segunda-feira. Contudo, antes disso, a Petrobras ainda anunciou a aprovação de mais uma parceria firmada em território português. Neste caso, trata-se de um investimento de US$ 530 milhões da companhia na Galp Energia, para o desenvolvimento de um projeto de biodiesel em Portugal.
Contudo, embora alguns analistas comentassem a negociação envolvendo a Açúcar Guarani e a Petrobras, o que realmente esteve em pauta nos principais relatórios de investimento foi exatamente a questão envolvendo a capitalização. Entre interpretações divergentes por parte dos especialistas do assunto e novas notícias mencionadas pela imprensa brasileira, a estatal enviou mais um comunicado ao mercado durante a manhã, enfatizando que os valores de sua capitalização. "Os eventuais números utilizados pela companhia tiveram o objetivo de facilitar o entendimento do público e constituem meras hipóteses usualmente formuladas pelos executivos", disse a empresa em sua nota emitida ao mercado, a despeito de qualquer cifra que tenha sido mencionada à imprensa.
Recomendação negativa e queda das ações
Somando-se às notícias e interpretações sobre o plano de capitalização, um dos fatos que mais teve repercussão no rumo dos negócios foi um relatório do JPMorgan. Demonstrando incertezas com o rumo das negociações envolvendo a capitalização da Petrobras, o banco norte-americano rebaixou de overweight (alocação acima da média do mercado) para neutra a recomendação dos ADRs (American Depositary Receipts) da companhia. O preço-alvo também foi revisado, indo de US$ 57 para US$ 48.
Para os analistas do JP, Sérgio Torres e Felipe dos Santos, o maior pessimismo se pauta na crença de que a capitalização da petrolífera será realizada através de uma oferta global de ações, a qual geraria diluição acionária. Além disso, o prazo para o processo é curto na visão deles, visto que a estatal possui até julho para se capitalizar, o que produz incertezas sobre a capacidade de capitalização.
"Nossa recomendação anterior de overweight sugeria aos investidores construir posições depois da capitalização. Com o novo cenário acreditamos ser melhor esperar para que muitas questões sobre o tema sejam resolvidas", revela a dupla de análise.
ADRs também cedem
Seguindo a trajetória negativa dos papéis na bolsa brasileira, os ADRs da Petrobras também registraram desvalorização na bolsa dos EUA, tendo fechado com queda de 3,3% no pregão da NYSE, a US$ 41.
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