SÃO PAULO - Pela segunda vez desde que teve início a relação - em fevereiro de 2007 -, as ações ordinárias da AES Tietê conseguiram a preferência dos analistas em março, de acordo com o
MCI (índice de consenso de mercado) elaborado pela InfoMoney. O indicador, que compila a análise de 24 corretoras e bancos de investimento, atribui a nota 5,00 (máxima) aos ativos da AES, refletindo principalmente a emissão de debêntures anunciada pela companhia e os bons resultados de 2009.
Para uma melhor interpretação do MCI, é sempre importante considerar o número de avaliações atribuídas a cada ativo. Uma maior quantidade de opiniões tende a tornar mais robusta a sugestão. Neste caso especificamente, vale ressaltar que os papéis da AES Tietê receberam o limite mínimo para ser considerado dentro da metodologia do indicador: três sugestões.
Outro ponto importante do indicador é que ele considera os princípios de
análise fundamentalista, sendo, portanto, mais recomendado para investidores que atuam com foco no longo prazo.
AES Tietê
Em linhas gerais, a emissão de debêntures anunciada pela AES Tietê e os resultados referentes a 2009, bem como as boas projeções de pagamento de dividendo, foram os principais drivers na recomendação de forte compra.
O conselho de administração da AES Tietê aprovou no dia 11 de março uma emissão no valor de R$ 900 milhões, com vencimento em cinco anos. As debêntures não serão conversíveis em ações e serão da espécie subordinada. Quanto à remuneração, esta só será determinada após a conclusão do procedimento de
bookbuilding (coleta de intenções de investimento), porém, possui como valor limite o CDI (Certificado de Depósito Interbancário) mais 1,20% ao ano.
O último balanço financeiro da empresa também mexeu com as opiniões dos analistas. No último trimestre de 2009, a AES Tietê reportou lucro líquido de R$ 780,2 milhões, o que representa um avanço de 12,7% frente ao ano anterior. Entre janeiro e dezembro do ano passado, a companhia somou R$ 1,6 bilhão em receitas líquidas, um aumento de 4% frente às receitas vistas em 2008. Apesar dos números terem vindo um pouco abaixo das expectativas do mercado, as projeções de pagamento de dividendos e investimentos da empresa mantiveram as boas perspectivas.
Na divulgação de resultados, a empresa anunciou proposta de remuneração dos acionistas no valor de R$ 780,2 milhões, correspondentes a 100% do lucro líquido de 2009. “Destacamos o dividend yield de 11,0%, apresentado em 2009, com a perspectiva positiva na manutenção do elevado patamar para os próximos anos”, afirmou o analista Rafael Quintanilha, da Brascan, em relatório sobre o resultado da companhia.
"Apesar do resultado abaixo do esperado (em função principalmente de itens não-recorrentes), reiteramos nossa recomendação de compra. Com os preços atuais, estimamos um potencial de retorno total de 30% (20% de valorização e o restante em dividend yield). A empresa também oferece uma boa proteção contra uma eventual alta da inflação por ter sua receita positivamente relacionada aos índices de preços", avaliou a Gradual Investimentos.
As mais recomendadas |
Ação | MCI | Avaliações |
AES Tietê ON | 5,00 | 3 |
American Banknote ON | 4,50 | 5 |
Brookfield ON | 4,50 | 7 |
Marfrig ON | 4,47 | 10 |
Anhanguera Educ. unit | 4,47 | 9 |
Petrobras PN | 4,42 | 16 |
Itaúsa PN | 4,38 | 10 |
Multiplan PN | 4,38 | 6 |
Fert. Heringer ON | 4,38 | 5 |
Telemar PNA | 4,33 | 11 |
Divisão da prata
Dividindo o segundo lugar no ranking de recomendações elaborado pela InfoMoney, os papéis da American BankNote e da Brookfield receberam nota 4,50. Para a primeira, as boas perspectivas ao setor de serviços e as últimas novidades em termos de fusão e aquisição pesaram nas apostas dos analistas.
Devendo capturar boa parte da sinergia criada pela retomada do ciclo de expansão da economia brasileira, as empresas do segmento de serviços deverão reeditar em 2010 o desempenho registrado no último ano. Em meio a este cenário, as ações de companhias como American Banknote estão posicionadas para crescer, apontam os analistas.
No último mês, a ABnote anunciou a aquisição da espanhola MME (Microeletrónica Española), empresa subsidiária da Sanisk Corporation, pelo montante de € 13 milhões. A MME é uma empresa especializada na fabricação, desenvolvimento e vendas de cartões inteligentes para operadoras de telefonia celular, e apresentou
faturamento de aproximadamente € 16 milhões ao final do ano passado.
A empresa espanhola foi a desenvolvedora do sistema operacional para SIM cards, adotado por importantes operadoras de telefonia móvel da Europa e da América Latina. Dessa forma, a Abnote destacou que, com a aquisição, poderá "atender à demanda de SIM cards de todas as quatro operadoras de telefonia móvel brasileira".
Os resultados da companhia, apesar de terem frustrado os analistas, foram ofuscados pelas boas perspectivas ao setor. No último trimestre do ano passado, a empresa reportou lucro líquido de R$ 9,5 milhões. A cifra representa uma queda de 25,8% em relação aos último três meses de 2008.
Contudo, em relação ao resultado obtido durante os 12 meses do ano passado, o desempenho foi de crescimento. Os ganhos da ABnote aumentaram em 9,3%, enquanto a receita subiu 4,1%, impulsionada pelo segmento de serviços gráficos, que teve alta de 13,1% em sua receita. “Num ano muito difícil, mantivemos nossa liderança de mercado e nos aventuramos com êxito em novos mercados e tecnologias, especialmente nos cartões inteligentes e nos cartões SIM”, afirmou o diretor-presidente da empresa, Sidney Levy.
O empresário segue otimista em relação ao futuro. “Para 2010, planejamos continuar nossa busca incessante de veredas inovadoras, reforçar a posição nos produtos com chip, prosseguir na renovação das lideranças e retornar a lucratividade aos níveis que vínhamos alcançando até há pouco”, completou Levy.
Brookfield
As recomendações aos papéis da Brookfield, por sua vez, também refletem os bons resultados de 2009. Entre outubro e dezembro, a companhia acumulou R$ 51,6 milhões em lucros, número 2.571% maior do que o R$ 1,9 milhão reportado no último trimestre de 2008. Em termos de receita líquida, o avanço foi de 90,6%, ficando em R$ 537,9 milhões ao fim do período. Na passagem anual houve alta de 72,5%, somando R$ 201,9 milhões no ano.
"Positivo. A empresa se destacou em seus dados operacionais, principalmente nos lançamentos do último trimestre de 2009 que totalizaram cerca de 50% do lançado no ano. A recuperação no último trimestre de 2009 fez com que, no ano de 2009, a Brookfield terminasse com lançamentos estáveis em relação a 2008, porém com vendas cerca de 97% maiores, além de boas margens, dentro da expectativa para a empresa", avaliou a Ativa Corretora.
MarfrigAs boas perspectivas ao setor alimentam as recomendações positivas à Marfrig, que assumiu o terceiro lugar no ranking de recomendações da InfoMoney. Ocupando as manchetes empresariais diversas vezes durante 2009, os frigoríficos brasileiros se apresentam como uma figura nova dentro do panorama internacional. Combinando boas perspectivas de longo prazo e grande presença no exterior, as empresas do setor foram alvo de um relatório do Goldman Sachs, que anunciou o início de cobertura do segmento do segmento na América Latina, e alertou que nem todos os analistas estão atentando para a "nova importância" delas.
Gustavo Wigman e Cláudio Lensing, analistas do banco norte-americano, argumentam que, conforme o Brasil passa de uma posição de tomador de preços para o papel de fixador de preços dentro do âmbito de agronegócios, as empresas do setor assumem uma nova relevância no panorama global, o que pode ser comprovado por alguns indicadores.
"Nos últimos 15 anos, o Brasil surgiu como um líder global em proteína animal. Em 1995, as exportações brasileiras de proteína eram equivalentes a 25% das remessas norte-americanas. Contudo, em 2010, esperamos que o País supere os EUA e lidere os segmento de carne bovina e avícola", escrevem os analistas.
O que é o MCI?
O Market Consensus Indicator (MCI) tem como principal objetivo facilitar as decisões de investimento dos usuários do site no mercado de ações. Considerando uma amostra com informações e projeções de diversos bancos de investimento e corretoras, o benchmark busca trazer um indicador de consenso entre os analistas de mercado a respeito das recomendações de uma determinada ação.
Variando em uma escala de 0 (venda forte) a 5 (compra forte), o indicador é calculado a partir das recomendações dos analistas consultados, trazendo um resumo do consenso. É importante destacar que o MCI é calculado apenas para ações com ao menos três recomendações de analistas distintos.