São Paulo, 01 - Com a joint venture formada entre Cosan e Shell, os executivos das duas empresas acreditam que será possível alargar os horizontes mundiais dos combustíveis renováveis e transformar o etanol em uma commodity mundial, impulsionando a economia mundial de baixo carbono. "As duas empresas possuem ativos complementares que permitirão o alcance do etanol como combustível global", disse Rubens Ometto, presidente do Conselho de Administração da Cosan.
Mark Williams, diretor mundial de downstream da Royal Dutch Shell, disse que, com a produção de etanol da Cosan e a cadeia de distribuição e comercialização da Shell, o etanol brasileiro irá aumentar seu acesso a mercados internacionais hoje fechados para o produto. Williams, que está em Londres, participou da coletiva com jornalistas no Brasil por meio de teleconferência. Ele disse que a Shell também irá expandir o alcance tecnológico do etanol por meio de duas empresas que estão entrando na joint venture, a Iogen e a Codexis.
Marcos Lutz, presidente da Cosan S.A., disse que a Iogen possui pesquisas abrangentes na tecnologia de etanol de celulose e que poderá contar com a Cosan no fornecimento de celulose, através do bagaço. Já a Codexis pesquisa e produz enzimas e leveduras, essenciais para a produção de etanol de segunda geração.
Ometto ressaltou que a associação possibilitará ganhos de eficiência e também de logística, gerando um custo final menor operacional. "A Cosan está sendo muito namorada por empresas de vários setores. A escolha pelo 'casamento' com a Shell foi bastante pensada e só foi realizada porque levará a um crescimento comum", disse ele. Ometto disse que a joint venture trará para a Cosan a experiência necessária de compartilhar o gerenciamento. Segundo o executivo, a Shell também possui armazéns no exterior que poderão ser integrados à operação da Cosan.
Na operação, Lutz disse que a Cosan entrou com ativos da ordem de US$ 4,925 bilhões e dívida líquida de US 2,524 bilhões. Já a Shell entrou com ativos da ordem de US$ 4,925 bilhões e um aporte de US$ 1,625 bilhão. Se o resultado da receita da joint venture no primeiro ano for maior que um patamar não revelado, a Shell deverá realizar um aporte extra de US$ 300 milhões.
O diretor-financeiro da Cosan Marcelo Martins explicou que estes aportes da Shell serão feitos na operação do negócio e não afetarão os acionistas minoritários da Cosan S.A. "De forma alguma os minoritários terão sua participação diluída por estes aportes. Estes recursos não serão colocados na Cosan S.A. mas na operação das duas empresas criadas", explicou.
Segundo Lutz, a joint com a Shell fará da Cosan uma empresa que participa das duas principais marcas mundiais de combustível, a Shell e a Esso, adquirida pela Cosan no final de 2008. Ele explica que, no momento, a estratégia da Esso não será alterada mas o futuro da utilização da marca deverá ser discutido oportunamente com as decisões tomadas e divulgadas ao mercado. No momento da aquisição da Esso, a Cosan ficou com o direito de utilizar por 5 anos a marca Esso, com a opção de renovação.
Com a joint, a Cosan/Shell ficará com uma rede de cerca de 4.500 postos de combustíveis em todo o Brasil. Segundo Vasco Dias, presidente da Shell no Brasil, não haverá canibalização com os postos que a Cosan possui fruto da aquisição da Esso. "Temos um grande gerenciamento do que chamamos 'cauda', que é a existência de postos em áreas dominadas por outra empresa. Esta sobreposição é muito pequena", disse ele.
O presidente do conselho da Cosan, Rubens Ometto, também ressaltou que a joint é uma operação que visa principalmente o futuro. Segundo ele, as exportações de etanol não são significativas hoje mas diante da expectativa de que novas metas de utilização de combustíveis renováveis serão definidas e que o etanol de cana será considerado um combustível avançado, a demanda pelo produto irá crescer de forma significativa. Na operação, a Cosan foi assessorada pelo BTG Pactual.
(Eduardo Magossi)
Fonte: AE Broadcast