Por: Thiago Salomão
07/02/11 - 12h20
InfoMoney
SÃO PAULO - O setor de consumo e varejo foi votado como o favorito pelos analistas em suas carteiras relativas a fevereiro pelo 15º mês consecutivo, tendo recebido 58 recomendações, três a mais do que no mês passado. No entanto, diferentemente de janeiro, o destaque das recomendações ficou com as ações da Cosan (CSAN3), citadas em 11 dos 30 portfólios acompanhados pela InfoMoney, desbancando a até então líder Pão de Açúcar (PCAR5), que viu suas recomendações despencarem de 10 para 4 na passagem mensal.
Já o setor de energia e saneamento saltou da quinta para a segunda posição na passagem entre janeiro e fevereiro, com o total de recomendações passando de 24 para 37. O destaque ficou com as ações PN da Cemig (CMIG4), responsáveis por sete dessas indicações.
Perdendo uma posição em relação ao primeiro mês de 2011, as empresas do setor financeiro foram citadas por 34 vezes nas carteiras recomendadas compiladas pela InfoMoney - uma recomendação a mais do que em janeiro -, ficando na terceira posição. O destaque mais uma vez ficou com o Itaú Unibanco (ITUB4), que apareceu em 11 das 30 carteiras compiladas, o mesmo número alcançado no mês anterior.
Ao todo, 30 carteiras de bancos e corretoras foram utilizadas para este levantamento. Os portfólios selecionados foram: Amaril Franklin, Ativa, Banif, BB Investimentos, Bank of America Merrill Lynch, Bradesco Corretora, BTG Pactual, Citi, Coinvalores, Credit Suisse, Geração Futuro, HSBC, Itaú, Link Investimentos, Magliano (2 carteiras), Omar Camargo (2 carteiras), PAX, Planner, Safra, SLW (3 carteiras), Socopa, Souza Barros, Spinelli, TOV, UM e XP.
Entre todas as carteiras publicadas pela InfoMoney em fevereiro, nesta compilação apenas não foram considerados os portfólios com sugestões de ações que tenham perspectiva de pagamento de proventos.
Consumo e Varejo: liderança mantida, mas preferência diferente
Nos últimos meses, foi comum vermos o setor de consumo e varejo ocupar maior participação nas carteiras recomendadas de bancos e corretoras, tendo em vista principalmente o bom momento da economia doméstica. Papéis ligados ao mercado interno, como empresas do segmento de roupas ou de alimentos - caso do Pão de Açúcar - foram frequentemente vistos como os mais recomendados do setor.
No entanto, os fortes ganhos acumulados em 2010 por essas empresas e os temores de que a retomada do ciclo de aperto monetário possa arrefecer o consumo no País têm ajudado a diminuir o otimismo do mercado - embora ele ainda exista de fato. A Cosan passou a ganhar bastante evidência, não só por causa do bom momento do mercado de commodities, como também pela aprovação por parte da Comissão Europeia da joint venture entre a sucroalcooleira brasileira e a Shell.
"A associação com a Shell, aprovada pelas autoridades europeias e na espera [da aprovação] do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), trará maior respaldo aos investidores na captura das sinergias que serão geradas a partir de então", comenta a equipe da Planner Corretora em seu relatório mensal. Na época da aprovação, o analista do Citigroup, Juan Tavares, tinha como projeção conservadora uma estimativa de ganhos em torno de US$ 900 milhões em NPV (valor presente líquido) com as sinergias.
Além da joint venture, os analistas também comentam sobre o resultado prévio referente ao terceiro trimestre do exercício social de 2011, que apontaram uma receita líquida de R$ 4,7 bilhões, alta de 24,7% na comparação com o mesmo período do exercício anterior. "Os números apresentados foram consistentes com os investimentos realizados na ampliação da capacidade produtiva da companhia", afirma a equipe da Um Investimentos.
Aliado a isso, a corretora também ressalta o momento favorável dos preços do açúcar no mercado internacional e os ganhos financeiros e operacionais da joint venture com a Shell, dois eventos que podem funcionar como catalisador para as ações. "Vemos na Cosan uma boa oportunidade para um posicionamento no setor sucroalcooleiro brasileiro, que dado o cenário atual, possui excelentes perspectivas para 2011", concluem os analistas da Um.
Por último, mas não menos importante, os analistas da SLW chamam a atenção para a desvalorização dos papéis da companhia em janeiro, que chegou a 5,9%, contra queda de 3,94% do Ibovespa. Para a corretora, a expectativa positiva para a bolsa brasileira em fevereiro pode servir como um estímulo adicional às ações da Cosan.
Setores | Recomendações |
Consumo e Varejo | 58 |
Energia e Saneamento | 37 |
Financeiro | 34 |
Petróleo & Gás | 33 |
Imobiliário | 30 |
Mineração | 24 |
Transporte | 23 |
Siderúrgico | 20 |
Industrial | 19 |
Telecomunicações | 14 |
Petroquímico | 7 |
Papel e Celulose | 3 |
Tecnologia e Internet | 2 |
Total | 304 |
Cemig lidera as recomendações dentre as elétricas
Voltando a figurar entre as três mais recomendadas, o setor de energia e saneamento teve como principal destaque as ações da Cemig, com expectativas favoráveis dos analistas em relação ao seu resultado do quarto trimestre de 2010.
Segundo a Um Investimentos, a empresa deverá mostrará nos últimos três meses do ano o mesmo bom desempenho relatado no 3T10, "onde a companhia superou as expectativas do mercado em relação a vendas, margens, geração de caixa e resultado líquido".
A equipe de estratégia de renda variável do HSBC ressalta ainda que os preços de energia elétrica encontram-se em tendência de alta no mercado spot (à vista), o que também pode funcionar como um driver de médio e longo prazo para a ação. Já os analistas do Safra sustentam sua aposta na empresa na possibilidade das ações voltarem a ser negociadas com prêmio em relação ao setor.
"A continuidade da atual administração, a boa liquidez das ações e a disciplina na aquisição de ativos são eventos positivos", afirma o time do banco, destacando ainda que, apesar da boa performance dos papéis CMIG4 em janeiro, que subiram 2% - ante queda de 3,94% do índice Bovespa -, eles ainda mostram-se como uma boa opção de investimento.
Setor financeiro divide a segunda posição, com ITUB4 em destaque
Fechando o pódio de fevereiro, o setor financeiro continua tendo o Itaú Unibanco como a grande preferência dos analistas, sobretudo pelo processo de fusão entre as duas instituições (Itaú e Unibanco), o que deve tornar o banco ainda mais competitivo em 2011, acredita a Ativa Corretora.
A corretora explica ainda que, apesar das medidas anunciadas recentemente pelo Banco Central, como a elevação do compulsório, que acabam tendo impacto direto sobre os bancos e também trazem incertezas para os investidores quanto à possibilidade de novos anúncios do governo nos próximos meses, as instituições financeiras continuarão apresentando evolução em seus resultados, "uma vez que poderá recorrer uma compensação com aumento das taxas cobradas de seus clientes".
Aliado a isso, o Safra argumenta que as ações do Itaú Unibanco tiveram uma performance bem inferior em relação aos seus principais pares e também ao Ibovespa. "Isso nos faz acreditar que esse nível de preço represente uma boa oportunidade de entrada", afirmam os analistas do banco.