São Paulo, 27 - A Bovespa deve replicar na abertura o tom negativo dos mercados internacionais nesta véspera da decisão do Fomc e do Copom. O Ibovespa futuro recuava 0,50%, para 69.100 pontos. A aversão ao risco volta a se impor nos mercados refletindo o medo dos investidores de que os problemas fiscais da Grécia se espalhem por outros países da região do euro. Há ainda o receio de que o governo chinês adote novas medidas para conter uma possível bolha no mercado imobiliário, o que poderia prejudicar a demanda por matérias-primas. Os metais e o petróleo operam em queda esta manhã, o que tende a puxar para baixa as ações das blue chips.
Além desse quadro externo adverso, o mercado doméstico tem ainda "a espada do juros na cabeça", observa uma fonte, numa referência à decisão de amanhã do BC, que deve subir a taxa básica de juro. Desde ontem, cresceu a aposta em alta da Selic de 0,75 pp.
As perdas começaram na Ásia, onde as bolsas da China caíram ao menor nível em sete meses, com preocupações de que as recentes medidas para esfriar o mercado imobiliário possam afetar outros setores da economia e dar início a fase de aperto monetário no país. O índice Xangai Composto caiu 2,1%, contaminando os demais mercados da região
e com repercussões nas bolsas norte-americanas e europeias.
As bolsas de Portugal e Espanha caem mais de 2%, liderando as perdas entre os principais mercados de ações da Europa, diante do temor de que os problemas de dívida enfrentados pelo governo grego contagiem outros países endividados. Há o receio de que os recursos da União Europeia e do FMI não chegarão a tempo para a Grécia saldar o
compromisso de 8,5 bilhões de euros que vence no dia 19 de maio. Outro motivo de preocupação entre os investidores são as exigências severas da Alemanha em troca de ajuda financeira aos gregos. O mau humor dos investidores afetou o apetite por títulos italianos de curto prazo, que teve uma demanda fraca.
A esperança dos players é de que o discurso do presidente do Fed, Ben Bernanke, ao Comitê de Responsabilidade Fiscal da Casa Branca, a partir das 11 horas, possa amenizar esse clima negativo. Ele vai falar sobre os desafios para atingir a sustentabilidade fiscal. Também hoje, no Senado, presidente do Goldman Sachs, Lloyd Blankfein, terá de dar explicações sobre a atuação no mercado de subprime. Está previsto também nos EUA indicadores econômicos importantes como o índice do Conference Board sobre a confiança do consumidor e os dados de atividade do Fed de Chicago e de Richmond.
No mercado de commodities, o cobre para maio caía 1,93% para US$ 3,4600 por libra peso na Comex eletrônica, em Nova York. Em Londres, os volumes negociados eram modestos, com investidores hesitantes sobre que direção tomar diante das incertezas na China e na Europa. O petróleo recuava quase 1% há pouco na Nymex eletrônica. As ações da Rio Tinto e da Xstrata cediam 2,5% mais cedo na Europa. O setor bancário também é penalizado hoje no exterior.
(Sueli Campo)
Fonte: AE Broadcast