SÃO PAULO – Para selecionar papéis que devam performar acima o mercado global de ações no médio prazo, o Bank of America Merrill Lynch foi fundo. Definiu uma estratégia que leva em conta fatores como liquidez, perspectiva para os resultados, gestão das empresas, margens e o quão saudáveis são os balanços, aplicou-a às 2.973 companhias em seu universo de cobertura (que engloba 68 países) e chegou a uma relação denominadas como “o melhor do mercado”.
Mesmo sem determinar em sua metodologia a necessidade de diversificação geográfica e/ou setorial, o banco chegou a 21 large caps de 13 diferentes países, enquadradas em 9 setores. “Como nós acreditamos que companhias de alta qualidade podem estar em qualquer indústria ou país, nosso filtro é cego para [diversificação] setorial e geográfica”.
Na lista, uma brasileira: a ação ON da Brasil Foods (
BRFS3). Completam a relação: Daimler, Nike, Volkswagen, ITC Limited, Japan Tobacco, Standard Bank, U.S. Bancorp, Novo Nordisk, Celgene Corp, Bharat Heavy Electricals Limited, Emerson, Baidu.com, LG Chem, GoldCorp, Southern Cooper, Turk Telekomunikasyon, Verizon Communications, Softbank, Enersis e GDF Suez.
Performance acima do restante do mercado
A aposta do banco é que esta relação de ações possa ter uma performance melhor (outperform) que o benchmark MSCI ACWI – MSCI All Country World Index – no médio prazo.
Uma regressão de oito trimestres mostrou resultados satisfatórios. Enquanto o MSCI ACWI retraiu 13,9% desde março de 2008, a compilação de 21 ações do BofA ML teve retorno positivo de 0,7%.
A equipe de análise formada por Michael Hartnett e Kate Moore rebate a crítica de que regressões não justificam continuidade da performance positiva: “embora não haja garantia de que a Global Best of Breed (melhor do mercado global, na tradução livre) vá gerar performance similar daqui para frente – mesmo em condições de mercado similares -, nós esperamos que um processo de investimento focado em liquidez em ações individuais de alta qualiade vá mais do que performar acima do mercado internacional [de ações] conforme as correlações comecem a cair e o crescimento econômico siga escasso”.
A dupla de analistas do banco norte-americano traz ainda outra questão à discussão. A expectativa de demorada recuperação econômica deve “forçar” o mercado a pagar um prêmio por ativos de qualidade.
Critérios
Para chegar às 21 ações sugeridas, o Bank of America Merrill Lynch levou os seguintes fatores em consideração:
Opinião de investimento: as companhias devem ter recomendação de “compra” ou “neutra” pelo banco;
Liquidez: somente large caps com negociação ativa nos mercados foram relacionadas;
Crescimento dos lucros: o filtro do BofA ML levou em conta empresas com perspectica de lucro por ação acima da média em seus setores, ou companhias que carreguem expectativa de melhora no crescimento do lucro por ação nos próximos dois anos;
Boa gestão: o banco acredita que uma das melhores maneiras de avaliar um time de gestão corporativa é medir o quão bem eles usam o capital da empresa para gerar retornos. Para empresas que não são do setor financeiro, o indicador utilizado foi o
ROIC, enquanto para as financeiras o parâmetro analisado foi o Retorno sobre o Patrimônio;
Balanço de Pagamento saudável: medidas de liquidez e solvência entraram na análise do banco, como a relação entre Dívida Líquida e Patrimônio;
Expansão das Margens: aqui, os analistas quiseram chegar a empresas com lucros (correntes e futuros) promissores, se utilizando para isso da análise da margem Ebitda (relação entre geração de caixa e receita líquida) e da Margem Líquida (este, para empresas do setor financeiro).