quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

HSBC muda de foco e deixa de recomendar ações defensivas para 2012

24 de janeiro de 2012 • 19h00Por: Equipe InfoMoney

SÃO PAULO - Por acreditar num crescimento mais forte em 2012 e em uma maior resiliência no Brasil em relação à crise da dívida soberana na Zona do Euro, o HSBC realizou algumas mudanças importantes na lista de ações para o primeiro trimestre do ano. Os analistas Alexandre Gartner e Francisco Vanzolini acrescentaram algum risco às recomendações, acreditando que os nomes de beta maior estarão em uma posição mais favorável em relação à recuperação do crescimento no segundo semestre deste ano.

Desse modo, os analistas focam em setores cíclicos (com demanda estável, independente da época do ano) domésticos, ao invés de apostarem nas companhias mais defensivas. Gartner e Vanzolini acrescentaram varejistas e retiraram as empresas de shopping centers e credenciadoras, que são mais defenvias, revertendo a mudança feita em setembro do ano anterior.

Além disso, o banco recolocou as companhias de construção civil na lista, um setor que possui classificação underweight (desempenho abaixo da média do mercado) há mais de um ano. Por fim, os analistas acrescentaram exposição a commodities ciclícas, como minério de ferro e petróleo. 

Novo portfólio
Foram retiradas as ações da Cielo (CIEL3), SLC Agrícola (SLCE3), São Martinho (SMTO3), Brasil Foods (BRFS3), CCR (CCRO3) e AES Tietê (GETI4). Em compensação, foram acrescentados ou mantidos os papéis do Itaú Unibanco (ITUB4), BM&F Bovespa (BVMF3), OGX (OGXP3), Vale (VALE3;VALE5) e PDG (PDGR3).

No setor de consumo e varejo, figuram as ações da Odontoprev (ODPV3), Marisa (AMAR3) e Lojas Renner (LREN3). 

Empresa Código Preço-Alvo Upside*
Lojas Marisa AMAR3 R$ 34,00 81,82%
Lojas Renner LREN3 R$ 78,00 33,33%
BM&F Bovespa BVMF3 R$ 11,60 11,32%
PDG Realty PDGR3 R$ 14,00 95,26%
Odontoprev ODPV3 R$ 33,50 14,73%
Itaú Unibanco  ITUB4 R$ 41,00 12,63%
OGX Petróleo OGXP3 R$ 19,50 24,60%
Vale VALE3 R$ 48,50 13,82%

*Em relação ao fechamento de 23 de janeiro de 2012

Preferências
De acordo com os analistas, as ações da Marisa, PDG e Itaú Unibanco se beneficiarão da retomada cíclica do Brasil no segundo semestre do ano. A Marisa é a preferida do banco nesse ambiente de recuperação, apesar de ter sofrido com a desaceleração do consumo no segundo semestre do ano passado - o que pode continuar a acontecer no primeiro trimestre. Os analistas destacam que a companhia adotou medidas para se ajustar à esse cenário. Essas medidas envolvem o controle de estoques e a medida de cortes de custos.

Já a PDG marca a entrada do setor de construção civil nas preferências do HSBC. "Acreditamos que grande parte do choque de realidade no setor com relação a estouros de custos e, consequentemente, pressões sobre margens, já está precificada". Além disso, as empresas parecem ter abandonado a estratégia de crescer a qualquer preço, passando a uma atitude mais conservadora e razoável em termos de caixa, afirmam.

A opção de manter o Itaú Unibanco na lista do HSBC envolve a expectativa de algum potencial de alta nas ações, mesmo após apresentar um desempenho bastante sólido no quarto trimestre de 2011. Além disso, os analistas acreditam que os ativos do banco estão precificados de forma anormal, tanto em termos de preço sobre o lucro da ação como de preço sobre o valor patrimonial.

A melhoria no sentimento econômico do Brasil e o alívio no setor, após os empréstimos para instituições financeiras na Europa realizadas pelo BCE (Banco Central Europeu), também são fatores positivos, avaliam.

Brasil está barato?
Apesar do mercado indicar que os lucros por ação das companhias estão baixos, a observação mais correta é que as ações das companhias brasileiras não estão assim tão baratas.

Apesar do preço sobre o lucro das ações estar em cerca de 9 vezes, frente aos 10,3 vezes dos últimos três anos, há duas armadilhas ao comparar os múltiplos atuais do Brasil aos anteriores. São eles a duração e a magnitude do crescimento do País e a taxa provável do crescimento do lucro das empresas. Segundo os analistas, é improvável que o Brasil cresça mais de 4,5% ao ano a níveis sustentáveis, com o Brasil entrando em um ciclo de recuperação curto em 2012, e sem uma recuperação em vários anos. 

Para os analistas, fica claro que o mercado ajustou para baixo o múltiplo preço sobre o lucro, de forma a refletir uma perspectiva mais cautelosa em relação ao lucro por ação. "Portanto, não concordamos com a opinião de que o mercado brasileiro esteja barato em sua totalidade e pronto para uma recuperação. O ponto de virada terá que acontecer através de uma perspectiva mais otimista para o crescimento dos lucros por ação", avaliam.

Os setores de bens de consumo, varejo e de construção civil são aqueles em que há maior opotunidade de aumento dos lucros ao longo do ano, diz o HSBC. Assim, os múltiplos em que os ativos desses setores estão sendo negociados são atrativos. Porém, a recuperação cíclica nos lucros pode ser positiva, mas não significa que o mercado irá recuperar em sua totalidade. Assim, nem todos os múltiplos das ações das companhias brasileiras estariam atrativos.