sábado, 18 de junho de 2011

Vale e Petro seguem como as ações mais citadas nas carteiras recomendadas

10 de junho de 2011 • 10h35Por: Thiago Salomão
SÃO PAULO - As principais blue chips negociadas na bolsa brasileira seguem como as ações mais citadas nas carteiras recomendadas por bancos e corretoras em 2011. Assim como nos outros meses do ano, os papéis preferenciais classe A da Vale (VALE5) foram os mais recomendados em junho, sendo citados em 22 dos 37 portfólios monitorados pela InfoMoney nesse mês - em maio, essas ações foram vistas em 21 das 35 carteiras compiladas.
A segunda posição foi mantida pelos papéis PN Petrobras (PETR4), recebendo 17 recomendações em junho, uma a menos do que em maio. Fechando o pódio, aparecem as ações preferenciais do Itaú Unibanco (ITUB4), com 15 indicações, duas a mais do que no mês anterior.
Ao todo, 37 carteiras de bancos e corretoras foram utilizadas para este levantamento. Os portfólios selecionados foram: Amaril Franklin, Ativa, Banif, BB Investimentos, Bradesco Corretora (2 carteiras), BTG Pactual, Citigroup, Coinvalores, Credit Suisse, Fator (2 carteiras), Geração Futuro, Geral, Gradual, HSBC, Itaú BBA (carteira Top 5), Link, Magliano (2 carteiras), Omar Camargo (2 carteiras), PAX, Planner, Santander, SLW (3 carteiras), Socopa, Souza Barros, Spinelli, TOV, Um Investimentos, Walpires, WinTrade e XP (2 carteiras).
Entre todas as carteiras publicadas pela InfoMoney em junho, nesta compilação apenas não foram considerados os portfólios com sugestões de ações que tenham perspectiva de pagamento de proventos.
Vale: recente queda só torna ação ainda mais atrativa
Quem tem acompanhado o mercado financeiro nos últimos meses percebeu que as ações da Vale não têm andado muito bem - até o fechamento da última quinta-feira (9), os papéis ON (VALE3) e PNA (VALE5) da companhia acumulavam uma queda anual de 8,90% e 6,53%, respectivamente, indo em linha com o movimento do Ibovespa (-8,42%) - sobretudo por conta da tumultuada sucessão da presidência da empresa. Contudo, a expectativa de que esses eventos já foram digeridos pelo mercado torna o horizonte da Vale cada vez mais favorável, sob a ótica dos analistas.
Em maio, o nome de Murilo Ferreira foi aprovado como novo presidente da mineradora pelo do Conselho de Administração da Vale. Entre diversos assuntos, o substituto de Roger Agnelli mostrou otimismo com o mercado de minério de ferro, garantiu o orçamento de 2011 em US$ 24 bilhões e disse que as discussões sobre osroyalties no marco regulatório de mineração seguem indefinidas. Ferreira também anunciou a revisão de alguns projetos da empresa, mas manteve as metas de Agnelli, fato que agradou os analistas.
"A linha de gestão [do Murilo Ferreira] segue os moldes do presidente anterior, ou seja, a meta é crescer e crescer", escreveu a SLW Corretora em seu relatório mensal. "O Sr. Murilo Ferreira fez questão de declarar que o objetivo da empresa é gerar valor para o acionista", complementou a Ativa Corretora.
A equipe de analistas da Ativa ressaltou ainda o bom relacionamento de Ferreira com o governo atual, fato que não era comum durante a gestão de Agnelli. "Com isso, acreditamos que o humor do mercado com relação a Vale tende a ficar mais positivo no médio/longo prazo", conclui.
Com a expectativa de que o risco político seja dissipado nos próximos meses, a ação da Vale acabe se mostrando bastante atrativa, tendo em vista que as recentes desvalorizações levaram os múltiplos dos papéis a níveis historicamente baixos, comentam os analistas da Planner Corretora e da Geral Investimentos. Somado a isso, a equipe da Um Investimentos chama atenção para a perspectiva de novas altas nos preços do minério de ferro, por conta do reajuste a serem anunciados nos próximos trimestres e da manutenção da demanda aquecida na China.
"A soma desses fatores, alinhada aos sólidos fundamentos da companhia, apenas reitera nossa visão de que a Vale é a top pick para o mercado brasileiro em 2011", finalizam os analistas da Um.
Petrobras: espera de "gatilho" mantém otimismo dos analistas
O fato de mais uma vez terem apresentado uma performance bem abaixo do Ibovespa - as ações preferenciais (PETR4) e ordinárias (PETR3) da Petrobras recuaram no mês 5,11% e 6,44%, respectivamente, após terem caído 9,77% e 11,05% em abril, nessa mesma ordem - não minimizou o otimismo dos analistas em relação aos papéis da estatal brasileira do petróleo.
Para os analistas da Ativa Corretora, parte dessa queda deve-se ao mês negativo das commodities, com os contratos futuros do barril de petróleo negociados em Nova York e Londres mostrando bruscas desvalorizações.
"As ações da estatal mantiveram-se em queda, acompanhando a aversão do mercado a ações relacionadas a commodities, que estiveram em queda no cenário internacional", afirmam os analistas da corretora. Eles também comentam sobre os resultados da Petrobras referentes ao primeiro trimestre de 2011, que trouxeram uma forte deterioração na performance em abastecimento, "devido à diferença de preços de combustíveis entre os mercados doméstico e internacional".
Contudo, os analistas da Ativa voltam suas expectativas na divulgação da tão esperada revisão do plano de investimentos da companhia para os próximos cinco anos, anúncio este que já foi postergado em maio e que deve acontecer em breve.
"Acreditamos que existe um upside provável na divulgação do plano na medida em que a empresa tem dado sinalizações de que o volume de investimentos poderá ser mantido. (...) Fica ainda a torcida para que sejam postergados investimentos em refino e antecipados investimentos em E&P (Exploração e Produção)", conclui a corretora.
ITUB4 completa o pódio
No último degrau do pódio, aparece o Itaú Unibanco (ITUB4), outra importante blue chip da bolsa brasileira e que fechou maio no negativo - queda de 2,9%. Segundo a Ativa, essa desvalorização refletiu não só o movimento negativo do mercado em geral, como também os temores em torno do anúncio de novas medidas macroprudenciais do governo para desestimular o crédito.
Contudo, os analistas da corretora argumentam que os fundamentos do banco permanecem bastante sólidos e que as estimativas da instituição ainda esbanjam bastante otimismo - o Itaú Unibanco projeta uma evolução entre 16% e 20% na sua carteira de crédito neste ano.
Já a equipe da SLW enfatiza o forte ciclo de crescimento esperado para a economia brasileira nos próximos cinco anos, vendo o setor financeiro - e em especial o Itaú Unibanco - como muito bem posicionado para tirar proveitos da melhora de renda e de consumo da população brasileira. Por fim, a Um Investimentos acredita que a instituição ainda não absorveu todos os ganhos de sinergia com a fusão entre os dois bancos, justificando a manutenção das ações em sua carteira recomendada do mês.