terça-feira, 12 de julho de 2011

Perspectivas para o 2T11 pautam escolha de carteiras recomendadas para julho

11 de julho de 2011 • 13h50Por: Nara Faria
SÃO PAULO - O mês de junho foi marcado por grandeapreensão dos investidores em relação ao desenrolar das negociações sobre a crise fiscal na Zona do Euro. O clima ficou um pouco menos nebuloso no mercado após a aprovação de medidas de austeridade fiscal que, se não impediram, pelo menos protelaram o risco de deflault na Grécia. Mesmo assim o clima de aversão foi predominante, sobretudo por conta dos indicadores negativos da economia norte-americana e da situaçãoinflacionária na China.
O noticiário no front doméstico também foi movimentado, contando com o novo aumento das taxas de juros brasileira, que passou a ser de 12,50% ao ano, e também com a elevação do rating do Brasil pela Moody's. Contudo, o momento negativo da bolsa brasileira se manteve no mês, somado ainda à saída líquida de R$ 344 milhões de investimentos estrangeiros na Bovespa em junho. Tudo isso colaborou para que o Ibovespa, que havia caído 2,29% em maio, recuasse 3,45% em junho, mantendo-se no posto de pior investimento do mês.
Para o mês de julho, analistas afirmam que as bolsas mundiais tendem a permanecer voláteis, com osinvestidores atentos aos indicadores norte-americanos e aos impactos da retirada gradual do QE2 (Quantitative Easing)  pelo Federal Reserve, que, segundo a SLW, reduzirá a liquidez, podendo prejudicar mais os mercadosemergentes.
Ainda segundo a SLW, na Europa, as preocupações devem continuar nas incertezas nos PIIGS (Portugal, Irlanda Itália, Grécia e Espanha), apesar da aparente solução na Grécia. Já na China, os focos estarão na inflação ao consumidor, que balizará o governo chinês em adotar ou não novas medidas de aperto monetário. Além disto, o retorno do capital estrangeiro será fundamental para o desempenho favorável do Ibovespa.
Diante deste cenário, a compilação de 37 carteiras realizada pelo Portal Infomoney indicou as preferências por ações que se destacaram por seu bom desempenho ou perspectivas otimistas para os resultados no segundo trimestre de 2011. Além disso, empresas com recentes ciclos de apertos monetários ganharam foco nas carteiras, prevendo a recuperação desses papéis no curto prazo.
Desta forma, destacam-se ações dos setores de telecomunicação e consumo, além do setor de construção civil, com destaque para a PDG (PDGR3) e EzTec (EZTC3), que apesar do cenário considerado pouco atrativo, são consideradas peças-chaves no setor.
Setor de consumo se destaca
A companhia do setor de consumo Hypermarcas (HYPE3) viu o número de recomendações dadas às suas ações aumentar de cinco para sete na passagem de maio para junho, voltando a ganhar espaço nas carteiras recomendadas após o momento extremamente negativo de suas ações visto após a divulgação de resultados abaixo do esperado no primeiro trimestre de 2011. Segundo os analistas do Citigroup Fernando Siqueira e Hugo Rosa, esse cenário provocou um movimento de venda generalizada, "o que deprimiu bastante os múltiplos tornando as ações atrativas".
O Citi espera ainda ver um excelente crescimento nos lucros da empresa, estimado uma expansão de 70% ao ano de 2010 a 2012, além de ser um "veículo interessante de ganhar exposição ao crescimento da massa salarial e do consumo da classe C no Brasil".
Outra empresa ligada ao consumo doméstico que ganhou mais visibilidade nas carteiras recomendadas é a Natura (NATU3), sendo citada em quatro das carteiras compiladas pelo Portal InfoMoney. Para a Ativa Corretora, a queda das ações após o fraco resultado no primeiro trimestre de 2011 abriu um ponto de entrada interessante no ativo. "Acreditamos que os papéis da Natura foram excessivamente penalizados, o que gera um aumento no potencial de valorização no curto prazo", explica a analista Julia Monteiro, responsável pelos setores de consumo, varejo e shopping da Ativa. 
PDG e EzTec são as preferidas em construção
Diante de um cenário pouco atrativo no setor de construção civil, duas companhias foram apontadas com preferidas no setor por conta do histórico de desempenho no no setor. As ações da PDG (PDGR3) dobraram as suas recomendações no período, passando a ser recomendada em oito carteiras neste mês de junho.
"A PDG é nossa preferida no setor de construção civil. A companhia conta com administradores experientes e boa diversificação das vendas entre segmentos de baixa e alta renda. A empresa também possui boa diversificação entre as regiões do país", justificam os analistas do Citi, uma das corretoras que optaram pelas ações da empresa. Contudo, vale lembrar que os papéis da companhia acumulam perdas de mais de 18% neste ano.
Em um cenário diferenciado da PDG, as ações da EzTec (EZTC3) já se valorizaram em mais de 12% nesses pouco mais de 6 meses. O papel da empresa recebeu uma recomendação a mais em junho, passando a ser vista em seis dos 37 portfólios compilados pela InfoMoney. A Um Investimentos foi uma das corretoras que mantiveram suas apostas sobre o papel da EzTec.
"Com uma visão relativamente conservadora por parte de seus controladores, apresentando a menor alavancagem do setor, margens elevadas e múltiplos atrativos, acreditamos que os papéis da companhia estão sendo negociados com um leve prêmio sobre seus peers devido ao seu excelente management e reconhecimento de seus sólidos resultados operacionais", afirma a corretora em relatório assinado pelo analista Gustavo Hon.
Telesp ganha espaço nas carteirasATelesp (TLPP4) recebeu nove recomendações no mês de junho, ante as duas inserções em carteira em maio. Vale mencionar que parte desse maior número de recomendações deve-se à reestruturação societária envolvendo a Vivo, fazendo com que as ações VIVO4 deixassem de ser negociadas, sendo substituídas pelas da Telesp. No mês passado, as ações da Vivo foram vistas em 4 carteiras recomendadas.
“A Telesp sempre teve um bom histórico de dividendos e manteve seu crescimento constante ao longo dos anos. Com a incorporação da Vivo, empresa de telefonia móvel com maior market share do mercado, a Telesp ganha um viés de maior crescimento, com perspectivas bastante positivas”, explica a Geral Investimentos em seu relatório, justificando a escolha dos papéis da companhia para a composição de seu portfólio.