segunda-feira, 12 de abril de 2010

Morgan Stanley reforça cautela quanto a Redecard e Cielo diante de mudanças

Por: Nathália A. Terra Pereira
12/04/10 - 17h16
InfoMoney


SÃO PAULO – Antecipando-se às mudanças pelas quais o setor de cartões de crédito deverá passar este ano, a equipe de analistas do Morgan Stanley entrevistou 300 comerciantes no País. O resultado da pesquisa, divulgado nesta segunda-feira (12), reforça a visão cautelosa do banco para os papéis da Redecard (RDCD3) e Cielo (CIEL3).

De modo geral, o Morgan Stanley mostra-se preocupado quanto ao impacto a ser sentido pelas duas companhias a partir de junho deste ano, quando passa a vigorar o fim da exclusividade de credenciadoras de cartões de crédito no País.

Satisfação dos comerciantes
Segundo a pesquisa conduzida pelo Morgan Stanley, o nível médio de satisfação dos empresários brasileiros com as redes Cielo e Redecard oscila entre a neutralidade e uma visão levemente positiva. No entanto, a resposta é fortemente negativa no que concerne aos custos.

“Sem surpreender, nossa pesquisa mostrou que os comerciantes estão profundamente insatisfeitos com o alto custo dos serviços da Redecard e Cielo. Em contrapartida, as companhias performaram bem em atributos qualitativos, como segurança da rede”, afirma a equipe de análise formada por Jorge Kuri, Jorge Chirino e Adriana Drulla.

O Morgan Stanley observa que, no entanto, a diferenciação dos serviços entre uma e outra é bastante pequena, “um indicativo de que os preços deverão ser o principal ponto competitivo neste setor à medida que ele evolui para um ambiente de diversas empresas atuantes”.
Maioria desconhece mudanças
De acordo com a pesquisa do Morgan Stanley, apenas 37% dos entrevistados afirmaram que estão cientes das mudanças iminentes no setor. Destes, apenas 10% disseram ter sido contatados pela Redecard ou Cielo para discutir as mudanças, ou seja, apenas 3,7% do total dos 300 entrevistados.
“Embora entendamos que as companhias possam estar querendo diminuir a competição entre si, acreditamos que esta ausência de ação apenas as torna mais vulneráveis quanto à entrada de novas bandeiras no segmento”, julgam os analistas do Morgan Stanley.

Manutenção de redes
Outro fator desmistificado pela equipe em seu relatório é a crença de que os comerciantes optariam pela manutenção das duas bandeiras, a Redecard e Cielo. “Apenas um terço dos empresários afirmou que pretende manter os dois terminais”, observa o Morgan Stanley, que disse “não se mostrar surpreso” com tal resultado da pesquisa.

Ainda de acordo com a visão dos analistas do banco, tal premissa deve trazer leve vantagem à Cielo, tendo em vista a maior participação de mercado e visibilidade de sua rede Visa no Brasil, ainda que “este efeito deva ficar restrito ao curto prazo”.

Papéis caros
Avaliados todos estes aspectos, a equipe do Morgan Stanley optou por reforçar sua visão “underweight” – isto é, de desempenho abaixo do benchmark nos próximos 12 a 18 meses – aos papéis da Redecard e Cielo. O preço-justo traçado aos primeiros é de R$ 23,00, ou seja, 23% inferior à cotação atual na bolsa; já as ações da Cielo recebem preço-justo de R$ 12,50, 21% abaixo do valor apresentado hoje.

“Acreditamos que os valuations não refletem um cenário iminente de perda de participação de mercado e contração das margens simultâneas ao aumento da competição no setor”, justificam os analistas. “Voltaríamos apenas a apostar nos papéis da Cielo ao redor dos R$ 10,00 e nos da Redecard abaixo dos R$ 19,00”, conclui a equipe.