SÃO PAULO - Os mercados acionários da América Latina viveram forte rali das ações em 2009, assim como alguns dos principais mercados de renda variável globais. Depois de nove meses de altas, a pergunta que fica é se é possível sustentar essa valorização no próximo ano. Os analistas do Barclays acreditam que sim, e preferem uma seleção de ativos específicos no primeiro semestre.
Cenário macroeconômico
A boa notícia é que a América Latina está se recuperando. A má é que, no processo, "a estrutura macroeconômica pode estar se enfraquecendo" em alguns casos. Entretanto, os analistas não veem deterioração significante que possa colocar a região em risco.
A recuperação é confirmada pelos bons números dos últimos trimestres, embora haja diferenças entre os países - enquanto Brasil e México têm um momentum de alta, Chile, Argentina, Colômbia e Peru desapontaram nos números - o que não significa, segundo os analistas, que não estejam se recuperando, só que o estão fazendo a um ritmo mais lento do que o esperado.
Aprofundando a análise, os analistas destacam a credibilidade dos bancos centrais, que pela primeira vez podem usar política monetária como verdadeiro instrumento contra-cíclico. Ainda assim, o Barclays aponta que a independência das autoridades monetárias será testada neste momento.
Apesar do crescimento forte, a equipe do banco conclui que não espera um superaquecimento das economias ou uma aceleração muito forte da inflação. "Mesmo no Brasil, onde o gap de produção deve se fechar mais rapidamente, o nível de capacidade utilizada ainda deve permanecer abaixo dos picos", apontam os analistas.
Mercado de câmbio
A expectativa é que as moedas da região ainda se apreciem com relação ao dólar no primeiro semestre, devido a recuperação econômica - mas vale lembrar que essa valorização pode ser limitada por movimentos de bancos centrais para conter bolhas no mercado.
As moedas do Brasil e do México são as preferidas dos analistas, com oportunidades mais atrativas. Recentemente a Fitch rebaixou a classificação da dívida mexicana, mas a equipe acredita que com quando as incertezas com relação a mesmo movimento da S&P forem deixadas para trás, pode haver impulsos adicionais na moeda do país. Limitações estruturais devem afetar as exportações, de modo que as chances de valorização frente ao dólar são limitadas.
Já o real deve se manter atrativo, na casa de R$ 1,65 em relação ao dólar no primeiro semestre, e os analistas acreditam que uma apreciação maior não deve ocorrer.
País a país
O ano de 2009 termina com a maior parte das economias que possuem grau de investimento operando relativamente melhor que seus pares de mercados emergentes, desempenho explicado por expectativas de crescimento sólido e alta liquidez.
De acordo com os cálculos da equipe, as emissões líquidas (descontadas de juros e amortizações) estarão em cerca de US$ 2,5 bilhões em 2010, o que é um número relativamente pequeno, resultado de pré-financiamentos obtidos por alguns países. Os ratings da América Latina, por sua vez, devem permanecer altos, com potencial de upgrade para Brasil, Colômbia, Peru e Argentina.
No caso do México, os analistas afirmam que "veem valor", e apesar da volatilidade alta e da Fitch ter rebaixado a classificação do país, acreditam que as projeções fiscais estão equilibradas.
No caso da Colômbia os analistas mostram mais preocupação, com o mercado subestimando a deterioração do cenário fiscal. Recentes dificuldades da Venezuela e proximidade do processo eleitoral podem trazer riscos e volatilidade. Os ativos venezuelanos, por sua vez, apresentam boas oportunidades na avaliação do Barclays, já que o país vem tendo desempenho abaixo do visto na Argentina no ano.
Fonte: InfoMoney (
http://web.infomoney.com.br//templates/news/view.asp?codigo=1736695&path=/investimentos/)