terça-feira, 19 de outubro de 2010

BTG Pactual reduz projeções e corta preços-alvo das ações de CSN, Gerdau e Usiminas

Por: Nathália A. Terra Pereira
18/10/10 - 17h21
InfoMoney


SÃO PAULO – A equipe do BTG Pactual reduziu suas estimativas para os resultados das siderúrgicas listadas no Índice Bovespa, cujos papéis, com isso, também tiveram seus preços-alvo cortados. A decisão foi revelada em relatório divulgado nesta segunda-feira (18).


“Estamos reduzindo nossas estimativas e preços-alvo com base na queda dos preços domésticos de aço, em volumes decepcionantes reportados e em custos mais elevados, como minério de ferro e carvão no segundo semestre deste ano e também no decorrer de 2011”, justifica o banco.


Preços em queda, custos em alta, real mais forte
De acordo com a visão da BTG, a menor demanda por aço no País tem impactado negativamente os preços, mas esta não é a única referência negativa sobre o setor. “O real mais valorizado do que o previsto afeta a competitividade e a lucratividade das siderúrgicas brasileiras”, observa a equipe.


Paralelamente, os custos também vêm crescendo, o que sustenta a projeção do BTG de que o setor sofra forte compressão em suas margens no segundo semestre desse ano. “Dessa forma, esperamos uma contínua correção no preço dos papéis, já que o cenário desafiador pode trazer reduções dos ganhos”.


Desde o começo do ano, o setor siderúrgico mostra uma desvalorização de 0,17%, segundo o índice compilado pela InfoMoney. Mas para a BTG, as perspectivas nebulosas para os próximos trimestres devem trazer uma correção ainda maior aos ativos.


Estimativas e preços-alvo
As estimativas para o Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, um indicador de geração de caixa amplamente usado no mercado) da Gerdau (GGBR4) em 2010, 2011 e 2012 foram reduzidas em 18%, 25% e 19%, respectivamente. “Também estamos cortando o preço-alvo de R$ 40 para R$ 27”, disse a equipe, que, no entanto, manteve sua recomendação decompra aos papéis.


A aparente contradição é facilmente explicável. “Permanecemos otimistas quanto ao cenário para a companhia no longo prazo, em função do seu elevado potencial de crescimento, com as maiores demandas por infraestrutura e moradia no Brasil”, explica o banco.


Por sua vez, as projeções para o Ebtida da CSN (CSNA3) neste ano, no próximo e em 2012 sofreram respectivas reduções de 4%, 14% e 2%, ao passo que o preço-alvo de suas ações passou de R$ 40 para R$ 35. Segundo os analistas, a empresa “segue como uma opção defensiva, dado seu fluxo de caixa relativamente resistente”. No entanto, o interesse recente indicado pela diretoria da CSN em realizar novas aquisições no mercado inspira preocupação na equipe.


Por fim, a Usiminas (USIM5) é quem recebe as visões mais negativas por parte dos analistas, que reduziram suas expectativas para o Ebtida da empresa em 2010 e 2011 em 1% e 12%, respectivamente. “A Usiminas é, dentre as maiores siderúrgicas, a mais dependente do mercado doméstico e, portanto, seu desempenho deve ser o mais impactado pela queda nos preços dos produtos”, diz a equipe.


Além disso, a BTG cita também os recentes rumores de que a Camargo Corrêa e a Votorantim estudam vender suas fatias na empresa, a tendência de alta do real e a necessidade de uma estratégia de crescimento melhor definida. O preço-alvo das ações da Usiminas foi reduzido de R$ 22,50 para R$ 20,00, abaixo das cotações atuais dos papéis no mercado.


Vale é alternativa
Aos interessados em apostar em papéis atrelados ao mercado de commodities, o BTG propõe uma alternativa: as ações da Vale (
VALE5VALE3). “A Vale deve continuar desfrutando de sólidos caixas, beneficiada pelo maior preço do minério de ferro e por crescentes volumes”, diz a equipe, que embora reconheça a valorização recente dos ativos da mineradora, acredita que há espaço adicional para maiores altas.


Confira a tabela:
Papel Recomendação  Preço-alvo revisado  Potencial de valorização*
Gerdau PN
CompraR$ 27,00+ 24,13%
CSN ONNeutraR$ 35,00+ 21,44%
Usiminas PNANeutraR$ 20,00- 7,36%