terça-feira, 10 de maio de 2011

Vale PNA mantém o posto de ação mais vista nas carteiras recomendadas de maio

10 de maio de 2011 • 11h39Por: Thiago Salomão
SÃO PAULO - Assim como nos outros quatro meses de 2011, a ação preferencial classe A da Vale (VALE5) foi a mais citada nas carteiras recomendadas por bancos ecorretoras para o mês de maio, sendo vista em 21 dos 35 portfólios monitorados pela InfoMoney - em abril, ela foi lembrada em 18 das 31 carteiras compiladas.
A segunda posição foi mantida pelos papéis PN Petrobras (PETR4), recebendo 18 recomendações em maio, três a mais do que em abril. Fechando o pódio, aparecem empatadas as ações preferenciais de Itaú Unibanco (ITUB4) e Pão de Açúcar (PCAR4), com 13 votos cada. No mês anterior, o banco ocupou a quarta posição com 11 recomendações, ao passo que a varejista saltou seis posições, já que no mês em abril ela esteve presente em apenas 7 portfólios.
Ao todo, 35 carteiras de bancos e corretoras foram utilizadas para este levantamento. Os portfólios selecionados foram: Amaril Franklin, Ativa, Banif, BB Investimentos, Bradesco Corretora (2 carteiras), BTG Pactual, Citigroup, Coinvalores, Credit Suisse, Fator, Geração Futuro, Geral, HSBC, Itaú BBA (carteira Top 5), Link, Magliano (2 carteiras), Omar Camargo (2 carteiras), PAX, Planner, SLW (3 carteiras), Socopa, Souza Barros, Spinelli, TOV, Um, Votorantim Corretora, Walpires, WinTrade e XP (2 carteiras).
Entre todas as carteiras publicadas pela InfoMoney em maio, nesta compilação apenas não foram considerados os portfólios com sugestões de ações que tenham perspectiva de pagamento de proventos.
Vale: resultados trimestrais em foco
Com a tumultuada saída de Roger Agnelli presidente da Vale ficando cada vez mais para trás, a expectativa não só dos analistas como também de importantes acionistas da empresa, como a Bradespar (BRAP4), é de que o risco político embutido na mineradora diminua gradualmente com o passar do tempo. Com isso, o foco dos investidores voltará a ser para os fundamentos da companhia, que seguem bastante sólidos, conforme foi visto em seu resultado do primeiro trimestre de 2011, no qual a Vale atingiu um lucro líquido recorde de R$ 11,3 bilhões.
No entanto, esse lucro surpreendente não foi suficiente para contagiar o mercado. A equipe de análise do Citigroup preferiu enfatizar o fraco resultado financeiro das outras divisões além do minério de ferro e o atraso da empresa em seus quatro projetos previstos para entrarem em operação ainda neste ano - a própria Vale admitiu que seu ambicioso plano de investimentos de US$ 24 bilhões não deverá ser atingido. A resposta na bolsa também foi mais contida no pregão pós-divulgação de resultados: enquanto as ações ON fecharam com leve alta de 0,02%, os papéis PNA recuaram 0,27%.
Apesar do viés negativo dado ao resultado, os analistas do Citi mantiveram a recomendação de compra para osADRs (American Depositary Receipts) por acreditarem que os fortes fundamentos do minério de ferro ainda devam se refletir em ganhos para as ações, que encontram-se negociadas com baixos múltiplos.
A equipe da Planner também espera que o momentum favorável das commodities metálicas resulte em valorização para as ações da Vale. "O mercado mundial de minério de ferro continua em expansão e continuamos acreditando numa recuperação no preço da ação após a divulgação dos resultados do 1T11", escrevem os analistas em seu relatório mensal. Contudo, por conta da queda de 1,48% do ativo VALE5 em abril - terceira desvalorização mensal consecutiva -, a corretora optou por reduzir a participação da ação na carteira recomendada deste mês.
Governo ainda assombra a empresa
Mesmo com o risco político dando sinais de diminuição, não se pode negar que ele permanece vivo na empresa. No começo de maio, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, reafirmou que não houve interferência do Governo na saída de Agnelli no poder, embora reconheça que a empresa "desagradou" o Planalto nos últimos anos, especialmente o ex-presidente Lula.
Ademais, a Vale aprovou no final de abril a aquisição de até 9% da Norte Energisa - NESA -, sociedade responsável pela usina de Belo Monte, movimento este que pode indicar uma certa influência do governo nas decisões de investimento da companhia, segundo interpretação do analista Leonardo Alves, da Ativa Corretora.
Por falar em investimentos, a companhia ainda realizou em abril uma oferta por ativos de cobre da sul-africana Metorex, bem como aprovou o projeto da quarta planta pelotizadora em Samarco, orçado em cerca de US$ 3 bilhões.
Ação  Recomendações  
Vale PNA21
Petrobras PN18
Pão de Açúcar PN13
Itaú Unibanco PN13
OGX Petróleo ON10
Randon PN10
Cemig PN9
Bradesco PN8
Lojas Renner ON8
Localiza ON8
AmBev PN7
Tractebel ON7
CCR ON7
Hypermarcas ON7
PDG ON6
Vivo PN6















Petrobras: forte queda abriu oportunidade de entrada
Mesmo com suas ações figurando entre as maiores quedas do Ibovespa em abril - os papéis PETR3 recuaram 11,05% no período, enquanto PETR4 caiu 9,77% -, a Petrobras viu sua participação aumentar nas carteiras recomendadas por bancos e corretoras para o mês de maio. E é justamente em cima desse desempenho negativo recente das ações que se sustenta o otimismo dos analistas.
Em relatório divulgado no começo de maio, a equipe do BTG Pactual reiterou a recomendação de compra aos ADRs da petrolífera, destacando que a queda vista por esses ativos foi bem maior do que a de seus pares nos mercados emergentes - a desvalorização de abril, aliás, colocou os ADRs da Petro no posto de pior rentabilidade dentre as petrolíferas emergentes em 2011, segundo os analistas Gustavo Gattass, Rafael Fonseca e Luiz Felipe Carvalho, que assinam o relatório do banco.
Além de reiterar o call de compra, os analistas do BTG também elevaram suas projeções de lucro para o biênio 2011-2012 da companhia. As novos números são 24% e 22% maiores do que as estimativas anteriores de 2011 e 2012, respectivamente. Dizendo estarem na contramão do consenso do mercado, Gattass, Fonseca e Carvalho acreditam que a empresa será sim impactada positivamente pelo recente rali de petróleo visto no mercado internacional, esperando esses efeitos positivos já nos resultados do primeiro trimestre desse ano, que deverão ser apresentados nesta sexta-feira (13) após o fechamento do mercado.
A grande descrença dos mercados com a exposição da Petrobras aos maiores preços do petróleo no mercado internacional deve-se à política adotada pelo Governo brasileiro - principal acionista da empresa -, que opta por não repassar esses maiores preços no mercado interno, refletindo os temores de que a aceleração da inflação fuja do controle. Além dos ganhos que a Petrobras "deixa de ter" com esse não-repasse, é importante mencionar que ela recentemente tem importado gasolina para atender à aquecida demanda doméstica, evento que pode prejudicar a empresa caso o rali de alta da commodity permaneça no front externo.
PCAR4 e ITUB4 completam o pódio
No último degrau do pódio, dividem a preferência dos analistas as ações de Pão de Açúcar e Itaú Unibanco. Um dos motivos para que a blue chip de consumo ganhasse espaço nas carteiras recomendadas nesse mês deve-se à expectativa sobre os resultados trimestrais - foco principal das recomendações das corretoras em maio. Além disso, a empresa, voltada ao consumo cíclico, acaba tendo um perfil mais defensivo do que das empresas de consumos não-cíclicos - sendo que estas últimas perderam espaço nos portfólios sugeridos para este mês.
Já com a instituição financeira, o foco fica com o resultado do primeiro trimestre, que foi divulgado no começo de maio e apontou um avanço no lucro líquido mas uma redução na margem financeira, reflexo das medidas macroprudenciais adotadas pelo governo no período. Mesmo assim, os analistas demonstram confiança com as ações ITUB4. É o caso do Citigroup, que acredita que o valuation do banco encontra-se muito atrativo. Já a Coinvalores acredita que os bancos brasileiros possuem liquidez suficiente para apresentar crescimento e que o Itaú Unibanco, sua preferência no setor, continuará tendo um bom desempenho em 2011.