Por: Anderson Figo
31/01/11 - 11h17
InfoMoney
SÃO PAULO - O BB Investimentos rebaixou na última sexta-feira (28) seus preços-alvo para as ações da Redecard (RDCD3) e da Cielo (CIEL3), destacando uma percepção de deterioração além da imaginada no ambiente competitivo das companhias. Assim, os targets para ambas as companhias foram cortados em 15,5% e 14,6%, respectivamente, para R$ 26,80 e R$ 17,60 ao final de 2011. Esses valores configuram potenciais de valorização de 30,67% e 40,80%, nesta ordem, frente ao último fechamento.
"O ponto-chave do dilema do prisioneiro é a falta de possibilidade de diálogo entre os envolvidos. Caso pudessem se comunicar, ou melhor, colaborar entre si, os prisioneiros chegariam a uma solução maisvantajosa para ambos. Mas, como estão presos e impossibilitados de falar, imaginam a traição do parceiro e o delatam, gerando um desfecho desvantajoso para os dois. Essa é exatamente a situação a que parecem estar presas Cielo e Redecard", destacou a analista Marianna Waltz.
Impactos nas perspectivas
De acordo com o BB, eram esperados alguns impactos significativos na MDR líquida (taxa cobrada aos estabelecimentos por operação realizada) e na receita de aluguel de equipamentos, bem como uma pressão maior nos custos e despesas operacionais, entre 2010 e 2011, relacionados ao fim da exclusividade Cielo-Visa, com o retorno ao ritmo de queda mais gradual a partir de então.
"Na verdade, os efeitos foram muito mais fortes que os inicialmente projetados, gerando um novo patamar de preços na indústria", destacou Marianna. "Consideramos ainda um novo patamar de custos e despesas operacionais, que não deve arrefecer nos próximos anos", completou. Segundo a analista, as elevações estão relacionadas não apenas às taxas pagas às novas bandeiras, mas também à necessidade de elevação de gastos com marketing e pessoal no novo ambiente competitivo.
Marianna explica que as perdas com Net MDR e aluguel deveriam ser neutralizadas pelo forte crescimento do faturamento da indústria de cartões e fatores como o aumento da bancarização e a substituição do uso de cheques por cartões de pagamento. "Mas, nos últimos meses as companhias realizaram uma guerra de preços extremamente agressiva, deixando na mesa boa parte de sua rentabilidade", concluiu.