terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

BB inicia cobertura da Droga Raia com recomendação de compra das ações

Por: Equipe InfoMoney
31/01/11 - 14h31
InfoMoney


SÃO PAULO – O Banco do Brasil Investimentos deu início à cobertura da Droga Raia (RAIA3), recomendando a compra das ações da rede de drogarias com um preço-alvo para 2011 de R$ 33,11, o que representa um potencial teórico de valorização de 23,31%.


Mariana Waltz e Erick Rodrigues, analistas do BB, destacam a consolidação do setor e a estratégia agressiva de crescimento da empresa, com foco em uma experiência diferenciada.


O setor é muito fragmentado, com apenas 24% das vendas sendo representadas pelas cinco maiores redes do País – Pague Menos, Drogasil, Drogaria SP, Pacheco e Droga Raia. “A maior parte do mercado, em termos de quantidade de estabelecimentos, é feita por drogarias independentes e farmácias”, revelam.


Consolidação à vistaNo entanto, a inovação tecnológica, a redução de custos, promoção da marca, questões regulatórias e poder de barganha atuam contra estes menores participantes do mercado, e configuram um importante estimulador de crescimento para as grandes redes. “Uma tendência de consolidação está em curso, claramente em vantagem para os grandes players”, apontam Mariana e Rodrigues.


Deste modo, a posição da Droga Raia é mais confortável que a de seus pares. Terceira maior cadeia do País no setor, a Raia tinha ao final de setembro 326 lojas pontos de atuação, distribuídos entre os cinco estados de maior consumo de produtos farmacêuticos: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. 


“Atualmente, a empresa está consolidada nesses estados. Muitos outros grande competidores, por sua vez, ainda estão fora dessas áreas, mas precisarão entrar nelas em algum ponto da sua cadeia de expansão”, indicam. “Nós acreditamos que entrar primeiro em mercados mais competitivos e consolidar a sua posição possui uma vantagem competitiva significante”.


Posição de caixa e númerosAdemais, a Droga Raia possui um modelo de alto retorno sobre o capital investido - com uma margem de contribuição média de R$ 639 mil dos pontos em maturação -, podendo reaplicar o modelo orgânico em um ritmo mais acelerado.


Por fim, o capital obtido com o IPO (Initial Public Offer) permite uma estrutura de capital mais flexível, que poderá ser um diferencial ao negociar com fornecedores, lucrando com preços menores.


Os analistas estimaram um lucro líquido de R$ 2,5 milhões para 2010 e de R$ 48 milhões em 2011, além de um Ebitda (geração operacional de caixa) de R$ 76 milhões e de R$ 107 milhões, respectivamente.


Perspectivas para as farmacêuticasA taxa composta de crescimento anual (CAGR, na sigla em inglês) da indústria farmacêutica entre 2002 e 2009 foi de 11,9%, e a percepção de Mariana Waltz e Erick Rodrigues é que este percentual está ainda longe da maturação.


“Essa expansão é acelerada por um crescimento econômico mais forte e um aumento na renda e no consumo privado, mas também pelo aumento nas preocupações com a aparência e com o estilo de vida, o envelhecimento da população, a maior urbanização, entre outros fatores”, escreveram em relatório.


Estas transformações possibilitam uma mudança no perfil de consumo do brasileiro, consolidando uma classe média mais disposta a adquirir itens diferenciados, apontam. “As mudanças no estilo de vida que vieram junto com estas mudanças favorecem as farmácias, uma vez que estas possuem uma gama de produtos que esta parte da população antes não comprava, ou comprava a uma porcentagem muito baixa”.


Envelhecimento e genéricosUm fator apontado como importante é o envelhecimento da população, já que os idosos consomem mais produtos farmacêuticos. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), existiam 19,3 milhões de pessoas acima dos 60 anos em 2010 no Brasil, e este valor poderá saltar para 28,3 milhões em 2020 e 40,5 milhões em 2030.


Além disso, os genéricos devem atingir a marca dos 20% do mercado farmacêutico em 2010, de acordo com o instituto IMS Health, e se elevar ainda mais no futuro. “A expiração de patentes em medicamentos de referência abre as portas para os genéricos, que são comercializados a um preço menor e permitirão um acesso maior a certas classes terapêuticas”, acredita o BB, lembrando que em 2011 e 2012 uma lista de medicamentos perderá suas patentes.


RiscosJá os riscos embutidos no setor são o de elevada competição, escolha de pontos de venda e maior regulação. No entanto, estes dois últimos quesitos não deverão impactar significativamente a Droga Raia, já que o quadro de diretores da companhia possui considerável experiência.