terça-feira, 8 de junho de 2010

Taxa de crescimento é insustentável, diz Gustavo Loyola

Segundo ex-presidente do BC, demanda está crescendo mais que a oferta.
PIB brasileiro cresceu 9,0% no 1º trimestre ante o mesmo período de 2009.
Thais Herédia Especial para o G1

Gustavo Loyola (Foto: Reprodução/GloboNews)
A expansão da economia brasileira no primeiro trimestre deste ano não surpreendeu o economista Gustavo Loyola, da consultoria Tendências. As expectativas de Loyola de que a economia brasileira segue em ritmo muito forte se confirmaram com os números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (8).


De acordo com o Instituto, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 2,7% na comparação com os três meses anteriores, e 9,0% frente ao primeiro trimestre de 2009 – na maior expansão da série histórica da pesquisa, iniciada nestes moldes em 1995.


O ex-presidente do Banco Central, no entanto, afirma que a taxa de crescimento do PIB está “acima do que é sustentável” e faz um alerta sobre o aumento das importações no período: “o aumento das compras no exterior [importações] em 13,1% [frente ao trimestre anterior] revela que a demanda interna está crescendo mais do que a oferta. Por isso é preciso importar mais porque a produção não esta sendo suficiente.” Ainda segundo ele, a capacidade ociosa da indústria já foi “engolida” e este é o cenário para o aumento da inflação.


 Gráfico mostra a evolução do PIB brasileiro nos últimos trimestres. (Foto: Editoria de arte G1)
Loyola aponta o aumento dos investimentos (formação bruta de capital fixo) em 7,4% como uma boa noticia do PIB. “A retomada do investimento mostra que a capacidade de produção está crescendo para gerar mais oferta doméstica, o que pode dar maior sustentabilidade ao crescimento. Mas os números do IBGE também confirmam que o aumento na taxa investimento na economia ainda está tirando o atraso do período pré-crise em 2008.”
Gustavo Loyola chama atenção para outro dado divulgado pelo IBGE, o consumo do governo, que cresceu 0,9%. “Esse número é muito desproporcional ao efeito que os gastos elevados do governo geram na economia, que é uma pressão forte na inflação. É uma luz amarela acesa indicando que o ritmo de gastos públicos não pode continuar assim, para que o Banco Central não tenha que ser mais duro com a política monetária.”

Nesta quarta-feira, o Banco Central se reúne para definir a taxa de juros básica da economia e para Loyola, o aumento de 0,75% na Selic agora é inevitável. As projeções da Tendencias prevêem mais quatro aumentos dos juros até o final do ano fechando em 12,25% em 2010. Apesar das altas esperadas, o economista já percebe uma melhora nas expectativas de inflação para este ano.