terça-feira, 13 de setembro de 2011

Com corte na Selic, varejo e imobiliárias ganham espaço nas carteiras em setembro

08 de setembro de 2011 • 17h02Por: Nara Faria
SÃO PAULO - A volatilidade foi a palavra de ordem no mercado mundial durante o mês de agosto, com a grande potência mundial, os Estados Unidos, no centro das atenções diante de noticiários que montraram indícios do desaquecimento da economia por lá. Entre um relatório do emprego abaixo das expectativas, uma longa discussão até a aprovação do novo teto da dívida do país e o corte de rating dos EUA pelo Standard & Poor’s, as principais bolsas do mundo responderam com bastante pessimismo, com o Ibovespa chegando adesabar 8,08% no pregão pós-corte de rating.

Depois desse tumultuado início de mês, alguns anúncios na Zona do Euro, como as medidas de austeridade fiscal divulgadas pela França e Itália, além do Banco Central Europeu (BCE) ter concedido liquidez ilimitada no mercado de títulos da dívida dos PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grégia e Espanha) trouxeram certo alívio ao mercado. 
Outro fator que trouxe ânimo aos investidores veio do front doméstico, com a redução em 50 pontos-base da taxa de juros pelo Copom (Comitê de Política Monetária). Contudo, essas medidas não foram suficientes para reverter o cenário baixista observado na bolsa, fazendo com que o Ibovespa voltasse a registrar queda 3,96,% no mês, sendo pela quinta vez consecutiva o pior investimento do mês.
Previsão de mais volatilidade para setembroDe acordo com a estrategista da Ativa Corretora, Mônica Araújo, apesar da sinalização de um possível  pacote de estímulos nos EUA, a Europa poderá causar nova turbulência nos mercados. Com isso, ela espera que as bolsas mundiais tendem a continuar voláteis, com a fraqueza da economia norte-americana aumentando as expectativas sobre a reunião do Fed, prevista para os dias 20 e 21 de setembro, onde espera-se por medidas de estímulos na economia.
"Até lá, ocorrerão muitas especulações em torno do assunto", sinaliza Mônica, fazendo menção à tão discutida possibilidade de um novo pacote de estímulo à economia norte-americana - uma versão nova do Quantitative Easing.
Voltando à Europa, a atuação do BCE no mercado de títulos de dívidas, em especial nos bonds dos PIIGS, das novas notícias sobre o plano de criação de um imposto sobre transações financeiras na região, liderado pela França, bem como nos números da atividade econômica na região. Ademais, os indicadores da China serão monitorados de perto, depois dos recentes dados publicados terem apresentado certo arrefecimento.
Diante deste cenário de incertezas no front internacional e de juros mais baixos na economia doméstica, os analistas voltaram suas escolhas para empresas expostas à economia brasileira, dando prioridade aos setores com perspectivas de crescimento diante do atual cenário econômico no País. Com isso, os setores imobiliários e de varejo ganharam maior participação na composição do portfólio, tendo bastante destaque nesse mês de setembro, juntamente com o setor financeiro, que segue bastante atrativo por conta das fortes quedas das ações acumuladas nesse ano.
Setor imobiliário aumenta participações
Além do corte dos juros, os resultados do segundo semestre de 2011 e guidances elevados fizeram com que as companhias do setor imobiliário ganhassem força entre as recomendações para o mês de setembro. Diante disso, a compilação das 34 carteiras recomendadas realizada pelo Portal InfoMoney mostrou que a PDG (PDGR3) passou de sete recomendações nas carteiras do mês de agosto para 11 neste mês. No mesmo sentido, os ativos da EzTec (EZTC3) receberam sete citações, ante as quatro do mês passado, enquanto a MRV (MRVE3) passou de três para quatro recomendações no mesmo período.
Os analistas da Socopa Corretora, Osmar Camilo e Marcelo Varejão, explicam que a inclusão da PDG neste mês ocorreu pelo fato de que a companhia atingiu "a posição de liderança" entre as incorporadoras do país após incorporar a Agre em suas operações.
Com isso, segundo a equipe de analistas da XP Investimentos, a PDG detém exposição a todos os segmentos econômicos, representando mais de 80% dos lançamentos e vendas em 2011. "Em termos geográficos, a companhia demonstra uma relevante capilaridade, porém focada na região Sudeste, que abrange metade dos números da PDG em média", explica a corretora.
Já a atratividade da EzTec deve-se, para a equipe da Geral Investimentos, pelo fato de que para o próximo ano, a companhia segue com guidance elevado de lançamento e vendas e expectativa de crescimento de seu lucro e de suas margens.
Por fim, os analistas da Citi Corretora, Fernando Siqueira e Hugo Rosa, explicam quer a inclusão da MRV visa se beneficiar do movimento que deve se seguir à redução dos juros no Brasil.
Varejo também ganha destaque
Outra beneficiada com uma redução na Selic foi o setor de varejo. Aliado a isso, o crescimento da massa salarial e do consumo na classe C no Brasil colaboraram para que o setor ganhasse espaço nas carteiras de recomendações. Destaque ficou com as ações 
da Hypermarcas (HYPE3) e Lojas Renner (LREN3), cada uma com seis recomendações. Em agosto, HYPE3 e LREN3 tiveram sete e seis votos, respectivamente.
 Além do momento favorável para o setor varejista no País, para os analistas da Citi Corretora, o programa de recompra de ações de quase 10% das ações em circulação evidenciou a confiança do management da companhia quanto à melhora dos resultados nos próximos trimestres.
Enquanto isso, as ações da Marisa (AMAR3) receberam três recomendações no mês de setembro, uma a mais que o registrado no mês anterior. Para o analista da SLW Corretora, Erick Scott Hood, além de bons fundamentos, a companhia possui presença em um setor que vem sendo impulsionado pelo cenário macroeconômico favorável para o mercado interno. "A Marisa conta com um plano agressivo de abertura de lojas para o ano, que deve proporcionar um bom crescimento da receita", explica Hood, em relatório.
Setor financeiro continua atrativoA exemplo do mês passado, os analistas mostraram a preferência pelas ações que sofreram maior impacto negativo no momento de baixa, mas que permanecem com bons fundamentos e, consequentemente, bom potencial de valorização.
Com base nisso, ações de grandes bancos continuaram a ser consideradas atrativas pelas corretoras. Os ativos do Itaú Unibanco (ITUB4) mantiveram a liderança entre as recomendações do setor financeiro, com 12 citações, ante as 11 do mês anterior. Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC4) também mantiveram espaço na carteira, com o primeiro recebendo nove recomendações - ante 10 indicações em agosto - e o segundo sendo citado em sete dos 34 portfólios, um voto a mais do que no mês passado.
"O Brasil está entrando em um ciclo de crescimento econômico que deverá trazer grande impacto positivo nos resultados de grandes corporações financeiras, como Bradesco, Itaú e Banco do Brasil", afirma o analista de investimentos da SLW, Pedro Roberto Galdi.