terça-feira, 13 de setembro de 2011

Apesar da liderança, VALE5 e PETR4 perdem espaço em portfólios para setembro

13 de setembro de 2011 • 08h46Por: Nara Faria
SÃO PAULO - Refletindo as preocupações com os riscos de uma recessão mundial, diante da fragilidade da economia nos Estados Unidos, crise fiscal na Europa e redução do consumo na China, as companhias que têm o seu ramo de atuação mais dependente do desempenho da economia global são as mais afetadas em momentos de instabilidade.

Esse é o caso das empresas que atuam no setor de commodities, que pelo fato dos preços de seus produtos serem formados no mercado externo, a queda no crescimento econômico global reflete na menor receita gerada por essas companhias.
Por conta disso, apesar de ainda serem consideradas empresas sólidas e com expectativas de crescimento no médio e longo prazo, a exposição às crises econômicas mudiais tornam o desempenho das ações preferenciais da Vale (VALE5) e da Petrobras (PETR4) mais vulnerável, contribuindo para que as casas de research fiquem mais cautelosas ao incluírem tais companhias em suas carteiras mensais. 
Essas empresas, que juntas somam cerca de 20% das movimentações do mercado financeiro doméstico, apesar de manter a hegemonia dos últimos meses -  seguindo há anos como as mais reomendadas nas carteiras mensais -, viram o número de recomendações reduzirem com o passar do tempo. 
As ações da Vale, por exemplo, que chegaram a ser recomendadas por 21 corretoras no mês de janeiro, reduziram as citações para 16 no mês de setembro. No mesmo sentido, as ações da Petrobras receberam 18 citações em janeiro de 2011, enquanto em setembro do mesmo ano o número caiu para 13.
Além disso, em janeiro, as ações da Vale garantiam uma diferença de nove citações se comparada com a terceira colocação, que ficou com o Itaú Unibanco (ITUB4), enquanto a diferença da Petrobras com a terceira colocada representava seis votos a mais nos portfólios. Já para o mês de setembro, a diferença da Vale para a terceira colocação, que continuou sendo do Itaú Unibanco, caiu para quatro, enquanto para a Petrobras, que recebeu 13 citações no mês, a diferença foi de apenas uma recomendação.
Já na comparação anual, a diferença das recomendações para as ações da Vale no mês de setembro de 2010 - quando recebeu 18 recomendações - com a terceira colocação, que foi ocupada pelos ativos do Pão de Açúcar (PCAR4) foi de nove colocações, enquanto a distância da Petrobras para a PCAR4 foram de cinco recomendações a mais. 
VALE5: apesar de cautela, visão ainda é positiva
A desvalorização das ações preferenciais da Vale, que perderam 8,75% em agosto- desempenho abaixo doIbovespa, recuou 3,96% no mesmo período -, aliado aos fracos resultados da empresa no segundo trimestre de 2011, que apesar dos fortes números divulgados, voltaram a decepcionar os investidores, foram alguns dos motivos apresentados pelos analista para a maior cautela ao incluir as ações da empresa em suas carteiras de recomendações.
De acordo com a analista Daniella Maia, da Ativa Corretora, houve ainda o anúncio do pagamento de US$ 3,8 bilhões de uma perda judicial para o governo, que será efetuado no terceiro trimestre de 2011, elevando o receio dos investidores sobre a possibilidade de novos prejuízos decorrentes de perdas judiciais de âmbito tributário, podendo pressionar os papéis da mineradora no curto prazo.
Além disso, para o analista Luiz Otávio Broad, da Bradesco Corretora, as ações da Vale podem se manter pressionadas por conta da perspectiva de menor crescimento da China em 2012, fator que justica, para ele, a exclusão das ações da companhia da carteira de recomendações de setembro.
Cenario para mineradoras ainda é positivo
Apesar dos fatores apontados para a maior cautela, de uma forma geral, os analistas acreditam que o cenário para as empresas de mineração continua muito favorável, considerando que o preço do minério deve continuar elevado, favorecendo os resultados das companhias. Além disso, "do ponto de vista político, pouca coisa mudou com relação à sinalização de estratégia da companhia no início de mandato do Sr. Murilo Ferreira, mantendo o discurso de prezar pela geração de valor para os acionistas da empresa", completa Maia, em relatório. 
PETR4: resultados no 2T11 e cenário externo pressionam, mas fundamentos ainda são atrativos
Já as preferenciais da Petrobras no mês de agosto, as ações preferenciais da Petrobras caíram 10,72%, abaixo do resultado o Ibovespa no período.  Na opinião do analista Pedro Roberto Galdi, da SLW Corretora, o mercado em setembro ainda deve continuar volátil e com a atenção voltada às notícias que venham dos Estados Unidos e da Europa, fatos que podem impactar negativamente nas cotações do petróleo. Dentro deste cenário, apesar da manutenção das ações da companhia no portfólio, a corretora decidiu reduzir a participação da companhia em 5% do portfólio.
Além disso, o aumento do preço do petróleo no período, combinado com demanda forte de combustíveis e falta de repasse de preço para parte relevante dos produtos de refinaria prejudicaram novamente o resultado da companhia no 2T11.  Em complemento, a Ativa afirma que o mercado encarou negativamente o resultado da companhia no segundo trimestre de 2011, ressaltando também que a expectativa de aprimoramento de produção no curto prazo mantém-se baixa.
Por outro lado, ações estão "baratas"Apesar desses fatores, para a Gradual Corretora, o atual do preço da ação - que corresponde a 84% do VPA (Valor Patrimonial por Ação) não condiz com os fundamentos da Petrobras e com as perspectivas de desempenho com as novas descobertas. Além disso, o novo plano de investimentos, finalmente aprovado, destravou a agenda da empresa e lançou sinais positivos para o mercado.
"Destacamos a maior disciplina financeira, a ênfase dos investimentos em exploração e produção e o cenário de crescimento vigoroso da demanda doméstica de derivados de petróleo nos próximos anos, frente à previsão de salto da produção de petróleo e gás dos atuais 2,8 milhões para 6,4 milhões de boe/dia em 2020".
Na mesma linha, a Ativa também destaca como ponto positivo, o fato de a estatal ter anunciado que não pretende realizar novas emissões de ações nos próximos anos, visando manter o grau de investimento cedido pelas principais agências de rating para a Petrobrás. "Continuamos confiantes no potencial de desenvolvimento das operações no pré-sal alinhado aos últimos anúncios de descobertas de poços", completa.