sexta-feira, 25 de março de 2011

Ágora inicia cobertura da Eletrobras, focando melhoras na governança corporativa

Por: Equipe InfoMoney
25/03/11 - 17h13
InfoMoney



SÃO PAULO – A Ágora Corretora iniciou cobertura da Eletrobras (ELET3ELET6) recomendando a manutenção dos papéis da gigante de geração e transmissão de energia, tanto para as açõesordinárias, listadas pelo ticker ELET3 - para as quais está previsto um preço-alvo de R$30,80 - quanto para as ações PNB, listadas como ELET6, cujo preço-alvo é R$ 35,30. 


Tais estimativas de preço apresentam um upside de 24,9% para as ações ON e de 15,3% para as ações PNB e são resultado de uma avaliação por fluxo de caixa descontado. 


Entre os aspectos que devem ser determinantes para o comportamento da ação, acredita o analista Filipe Acioli, da Ágora Corretora, está a eventual decisão negativa em relação à renovação das concessões (31% das quais expiram em 2015), ou mesmo o preço a ser pago por ela.


A evolução nos padrões de governança corporativa, o desenvolvimento dos projetos, o que pode potencialmente melhorar ou piorar a rentabilidade dos investimentos previstos, e a evolução dos indicadores operacionais, atualmente os piores dentre as empresas do ramo, também são fatores citados pelo analista.  


Empresa é veículo estratégicoAcioli espera que a empresa continue a ser utilizado como veículo estratégico para a implantação do plano governamental para o setor elétrico, visto que, desde 2003, a estatal é responsável por grande parte dos investimentos nacionais em geração e transmissão. 


Estes projetos, como as usinas do rio Madeira, Belo Monte e Teles Pires, muitas vezes apresentam retornos sobre capital investido inferior aos exigidos pela iniciativa privada e possuem custos crescentes, graças às compensações sócio-econômicas e ao meio ambiente. Além disso, esses projetos são constantemente atrasados pelos licenciamentos ambientais. 


É por isso que Acioli acredita que qualquer iniciativa para tornar esse processo mais rápido impactará positivamente a empresa, assim como a formação de consórcios com parceiros que agreguem tecnologia e inovação. 


Governança corporativa e contratosOutro prospecto positivo para o analista, desta vez já materializado, é a mudança na direção do holding e de algumas subsidiárias, que reduziu o viés político da estatal elétrica. A centralização das decisões estratégicas na própria holding, o maior controle sobre as atividades das subsidiárias, com definições de metas, e o aprimoramento da disponibilização das informações consolidadas também são movimento enxergados com bons olhos por Acioli. 


Chama a atenção também o pagamento dos dividendos retidos no valor de R$ 11 bilhões, anunciados no ano anterior. 


A empresa também deverá se beneficiar, na visão de Acioli, da renegociação de um volume significativo de contratos de geração, que deverão expirar em 2012 e 2013. Os atuais R$ 74 por megawatt/hora medianos da Eletrobras estão muito abaixo do preço de R$ 130 megawatt/hora do mercado atualmente, levando ao analistas projetar uma renegociação em um preço de R$ 110 megawatt/hora, dado o compromisso da a empresa com a modicidade tarifária. 


Além disso, 31% da atual capacidade de geração e uma parte relevante dos ativos de transmissão, o que representa 94% da receita do segmento, também terão suas concessões expiradas a partir de 2015. 


Dados operacionais e concorrênciaO analista ainda aguarda ver uma evolução nos indicadores operacionais da empresa, outro dos pontos determinantes para definir o desempenho dos papéis da empresa, acredita Acioli, visto que estes são os piores entre as companhias do setor em produtividade. 


Acioli não desconsidera a dificuldade particular de operar no Norte do país, onde a empresa possui quatro de suas seis distribuidoras e controla a Eletronorte, visto que a região não está conectada ao Sistema Interligado Nacional, é extensa em área e possui uma baixa densidade demográfica. 


A Eletrobras opera com desconto em relação aos seus principais pares, Copel (CPLE6) e Cemig (CMIG4), dada sua baixa eficiência operacional, os riscos do processo de renovação das concessões, o atual nível de governança corporativa e a relação risco versus retorno dos investimentos, opina por fim o analista da Ágora.