quarta-feira, 22 de setembro de 2010

JP Morgan reduz estimativas para Minerva e dá preferência para BR Foods no setor

Por: Anderson Figo
22/09/10 - 19h46
InfoMoney


SÃO PAULO - O JP Morgan revisou suas estimativas para a Minerva (BEEF3), avaliando a tendência recente para a indústria de carne bovina no País. De acordo com o banco, a terceira maior companhia brasileira neste setor deverá observar uma contração em suas margens, o que justifica a recomendação neutra às ações.

"As margens devem se contrair, e elas nem estavam tão altas a princípio de conversa", destacaram os analistas Alan Alanis, Sambuddha Ray e Pedro Leduc. De acordo com o JP, a Minerva deverá observar uma redução especialmente em seu Ebitda (geração operacional de caixa) e lucro líquido nos próximos resultados. Neste sentido, o preço-alvo do JP para os papéis da Minerva é de R$ 8,10 para o final de 2011, o que representa um potencial de valorização de 20,8% em relação a cotação de fechamento nesta quarta-feira (22).

Preços da carne e do gado
De acordo com os analistas, os preços internacionais da carne bovina, apesar de estarem em alta, não estão acompanhando o ritmo acelerado dos preços do gado no País. Esse movimento é influenciado, na análise do banco, pelo câmbio desfavorável.

"De fato, os preços brasileiros do gado em dólares são mais caros que aqueles praticados nos Estados Unidos e na Austrália. Se a moeda brasileira permanecer no atual patamar ou se fortalecer ainda mais, o Brasil pode parar de ganhar market share no mercado de carne bovina, como ele tem feito na última década", avaliaram os analistas.

Outro vetor para o segmento de carne bovina no País, segundo o banco, é a perspectiva de crescimento do preço das aves, reduzindo o prêmio histórico entre o custo da carne bovina e de aves. "Nós esperamos que os preços da carne de aves subam, mas se não subirem, não há muito espaço para os produtores domésticos elevarem os preços no mercado interno a fim de proteger suas margens", destacaram os analistas.

Em meio a estas premissas, o JP destacou que vê como mais atrativo o potencial de risco e retorno da Brasil Foods (BRFS3) dentro do setor de alimentos no País.

Receitas, porém, devem subir
Mesmo prevendo uma redução na geração operacional de caixa e no lucro líquido da Minerva neste ano, o banco norte-americano avalia que a receita da companhia deverá apresentar variação positiva - reflexo natural dos melhores preços da carne bovina.

Neste sentido, o JP elevou sua projeção para as vendas líquidas da Minerva para R$ 3,4 bilhões e R$ 4 bilhões, respectivamente, em 2010 e 2011, mas revisou para baixo as expectativas para a margem Ebitda (relação percentual entre receita líquida e geração operacional de caixa) da companhia para 6,9% neste ano e 7% em 2011.

"A Minerva melhorou seu perfil de maturidade de débitos, mas em 4,3 vezes a dívida líquida versos o Ebitda ainda permanece elevada. Margens menores e maiores despesas financeiras nos fazem diminuir nossa projeção para os ganhos por ação da empresa em 2011 para R$ 0,69, ante a previsão anterior de R$ 1,05", completaram os analistas.