sexta-feira, 23 de julho de 2010

Cenário Econômico Semanal – 19 a 23/Julho

Agência Enfoque




Cenário Econômico Semanal

Em dia de agenda fraca e instabilidade dos mercados acionários globais - que abriram em queda e chegaram a subir mais de 1% - os principais índices financeiros do Brasil e dos EUA fecharam em alta nesta sexta-feira, acumulando ganhos na semana que se encerra hoje.
Durante este período, o mercado conheceu o resultado de dados da economia do Brasil e dos EUA. Os principais destaques, porém, surgiram de notícias que não estavam previstas na agenda econômica semanal.





Cenário Externo


A semana começou com dados do setor imobiliário norte-americano. A Associação Nacional dos Construtores de Casas (NAHB, na sigla em inglês) e o Wells Fargo informaram que o índice de preços de casas caiu em julho para 14 pontos, contra 17 pontos do levantamento de junho.
Já o índice da FHFA que também mede os preços das casas no país apresentou, em maio, alta mensal de 0,5%, contra avanço da taxa revisada, de abril, de 0,8%. Na comparação anual, os preços de casas caíram 1,2%.
Queda também das casas iniciadas em junho no país, de 5%, para 549 mil. O resultado veio muito abaixo do esperado e representa o menor nível em oito meses.
Além disso, a National Association of Realtors informou que as vendas de casas existentes recuaram 5,1% em junho na série com ajuste sazonal. A queda é resultado do fim dos estímulos para a compra de casas. O mercado estimava uma retração de 10%, para um total de 5,1 milhões.
Outro dado importante, o índice de indicadores antecedentes dos EUA recuou 0,2% em junho, depois de subir 0,5% em maio, resultado dentro do esperado pelo mercado. A queda do índice mostra que uma lenta recuperação da economia é esperada durante os próximos meses, com melhorias moderadas no núcleo industrial e lenta recuperação do setor de serviços, segundo relatório do Conference Board.
A semana também foi marcada pela temporada de balanços de empresas do país. Destaque para os balanços dos bancos, como o Morgan Staley, dono da maior corretora do mundo, que registrou lucro líquido no segundo trimestre do ano de US$ 1,96 bilhão, ou US$ 1,09 ação. No mesmo período do ano passado, a instituição teve prejuízo de US$ 149 milhões. Com isso, o lucro das operações continuadas foi de US$ 0,80 por ação.
Já o lucro do Goldman Sachs caiu 82% no segundo trimestre, para US$ 613 milhões, ou US$ 0,78 por ação, contra US$ 3,44 bilhões do mesmo período do ano passado. O mercado estimava um lucro por ação de US$ 1,99.
Outros acontecimentos também foram noticia nesta semana. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, assinou na quarta-feira a lei de reforma o sistema financeiro no país, a maior desde a Grande Depressão.
A medida, que visa proteger os consumidores e garantir a estabilidade dos negócios em Wall Street, é promulgada dois anos depois do grave colapso financeiro que afetou o mundo todo e teve início na mercado do subprime.
No mesmo dia, o presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, afirmou durante discurso no Congresso que o panorama econômico do país continua "extremamente incerto" e que o Fed está pronto para tomar novas medidas para sustentar a recuperação caso a economia piore ainda mais.
De acordo com ele, as taxas baixas de juros ainda serão mantidas e são importantes para movimentar a máquina econômica. Apesar disso, o chairman descartou que haverá deflação no país.
Hoje, todas as atenções ficaram focadas nos testes de estresse dos bancos europeus. Trata-se de um exercício, que envolve 91 bancos de 20 países da União Européia, que simula uma situação de recessão. O resultado objetiva restaurar a confiança dessas instituições no continente.
Sete dos 91 bancos europeus avaliados foram reprovados, de acordo com o Comitê de Supervisão de Bancos Europeu. A Espanha liderou a lista, com muitos bancos de investimento reprovados. Na Alemanha, apenas uma entidade fracassou, assim como na Grécia. Todos os bancos portugueses, franceses, italianos, finlandeses e suecos foram aprovados.
Outra notícia relacionada à Europa foi o rebaixamento da perspectiva da Hungria feito pela Standard & Poor's, de estável para negativa. A agência de classificação de risco ameaçou ainda rebaixar o rating do país, aviso feito também pela Moody's. A justificativa seria a crescente incerteza no que diz respeito ao orçamento e às perspectivas econômicas do país, que recentemente rompeu as negociações com o FMI e União Européia.
Assim, o Índice Dow Jones registrou alta acumulada de 3,3%, aos 10424 pontos. Já o S&P teve ganhos de 3,6% na semana, aos 1102 pontos.





Veja gráficos abaixo:











Cenário Interno


No Brasil, a semana teve a divulgação de importantes dados da inflação no país, a começar com a Decisão do Copom sobre a taxa de juros, que foi elevada em 0,5 ponto percentual, para 10,75% ao ano. O aumento ficou dentro da expectativa do mercado.
Para o fim de 2010, analistas esperam que a Selic fique em 12% ao ano. A projeção é do Relatório Focus, elaborado pelo BC. Para o final de 2011, a estimativa é que a Selic fique em 11,75% ao ano, a mesma estimativa há cinco semanas.
Outro indicador importante, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) informou que o seu Índice de Preços ao Consumidor, apurado no município de São Paulo, registrou variação de 0,12% na segunda quadrissema de julho. Na semana passada, o resultado havia sido um avanço de 0,10%.
Já o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) variou 0,03%, no segundo decêndio do mês de julho. No mês anterior, para o mesmo período de coleta, a variação foi de 1,06%, ao passo que o IPC-S de 22 de julho de 2010 apresentou variação de -0,14%, taxa 0,01 ponto percentual (p.p.) abaixo da registrada na última divulgação. Esta foi a segunda desaceleração consecutiva do índice no mês de julho de 2010, de acordo com a FGV.
Além disso, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial, teve variação de -0,09% em julho, taxa inferior à de junho (0,19%). Com esse resultado, a variação acumulada no ano ficou em 3,26%, maior que a de igual período do ano anterior (2,72%). Nos últimos doze meses, o índice ficou em 4,74%, abaixo dos doze meses imediatamente anteriores (5,06%), informou nesta terça-feira o IBGE. Em julho de 2009 a taxa havia sido de 0,22%.
A FGV anunciou ainda que o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) da Fundação Getulio Vargas - composto por cinco quesitos contidos na Sondagem de Expectativas do Consumidor - elevou-se em 1,1% entre junho e julho de 2010, ao passar de 118,7 para 120,0 pontos, considerando-se dados com ajuste sazonal.
No mercado de trabalho, o IBGE divulgou que a taxa de desemprego teve leve queda em junho, para 7%, a segunda menor da série histórica da entidade, iniciada em 2002. Houve queda de 0,5 ponto percentual em relação a maio e de 1,1 pp em relação a junho de 2009.
Desta forma, a Bovespa acumulou ganhos de 6,4% na semana, aos 66232 pontos, na máxima do dia.





Veja gráfico abaixo, seguido de tabela com as maiores altas e baixas do período, bem como relação dos ativos mais negociados:





Ibovespa



As maiores altas da semana


ATIVO
CÓDIGO
ÚLTIMO
VARIAÇÃO
USIMINAS
USIM3
55,20
16,04%
MMX MINER
MMXM3
11,87
15,24%
FIBRIA
FIBR3
28,09
14,79%
BRADESPAR
BRAP4
36,40
14,47%
LLX LOG
LLXL3
8,25
14,42%





As maiores baixas da semana


ATIVO
CÓDIGO
ÚLTIMO
VARIAÇÃO
CIELO
CIEL3
15,50
-3,85%
REDECARD
RDCD3
25,49
-2,56%
ROSSI RESID
RSID3
15,06
-2,52%
BRF FOODS
BRFS3
24,13
-1,75%
ULTRAPAR
UGPA4
86,00
-1,60%





Mais negociadas da semana


ATIVO
CÓDIGO
ÚLTIMO
VOLUME
SEGMENTO
VALE
VALE5
R$ 42,21
4.779.436.160,00
Minerais metálicos
PETROBRAS
PETR4
R$ 27,79
1.471.249.920,00
Exploração e/ou refino
ITAUUNIBANCO
ITUB4
R$ 38,50
801.798.304,00
Bancos
VALE
VALE3
R$ 48,17
682.530.512,00
Minerais metálicos
OGX PETROLEO
OGXP3
R$ 18,70
673.846.880,00
Exploração e/ou Refino





Dólar:


O dólar comercial fechou em leve baixa na tarde desta sexta-feira, dia que começou com queda na Bovespa e terminou com os índices no azul.
Nesta sessão, a moeda norte-americana chegou a atingir máxima de R$ 1,7670, mas devolveu os ganhos após a confirmação de alta da Bolsa Paulista.
No final do dia, a divisa terminou com -0,06%, cotada a R$ 1,7600. Na semana, o dólar acumula queda de 1,5%.


Veja gráfico abaixo:


Dólar