terça-feira, 20 de julho de 2010

BofA eleva preço-alvo de Braskem em face de aquisições recentes

Por: Equipe InfoMoney
20/07/10 - 15h40
InfoMoney


SÃO PAULO - A aquisição da Quattor e da Sunoco Chemicals deve elevar a lucratividade da Braskem (BRKM5), e por isso o Bank of America Merrill Lynch elevou o preço-alvo para as ações da companhia de R$ 7,88 para R$ 12,00 por ação, enquanto para os ADRs a previsão passou de US$ 9,73 para US$ 13,00.

O novo preço-alvo visa ainda refletir resultados melhores do que o esperado no primeiro semestre de 2010. Ainda assim, o banco manteve recomendação de underperform, segundo Frank McGann e Conrado Vegner, responsáveis pelo relatório, pela expectativa de que as margens sejam pressionadas nos próximos dois anos para a indústria petroquímica, devido à adição de capacidade em escala global.

Diversificação necessária
Os novos projetos, situados em regiões onde o gás natural é abundante e barato, devem ter vantagem competitiva, com custos menores em relação às plantas baseadas em nafta, como são as da Braskem, embora a empresa tenha o objetivo de diversificar consideravelmente a utilização de matérias brutas nos próximos 5 a 7 anos.

Devem contribuir com isso a incorporação da Riopol, no Brasil, adquirida em conjunto a outros ativos da Quattor, além de plantas em países como Peru, México e Venezuela, que favorecem a utilização da gás natural. Ainda assim, o BofA espera um processo lento, lembrando que um dos projetos, na Venezuela, está na mesa de desenho há cinco anos.

Longo prazo
Embora no curto prazo o BofA apresente essas preocupações, o longo prazo traz uma visão mais otimista. A Braskem, diz o banco, está numa posição forte para atingir crescimento acima da média por causa de quatro fatores principais: perspectiva de ambiente econômico forte no Brasil; benefícios com o market share de quase 100% em alguns produtos, o que deve reduzir ameaças de preços; uma gradual diversificação da utilização de matérias brutas, distanciando-se da dependência da nafta; e, por último, aquisições no ambiente internacional.

Assim, a partir de 2011, a perspectiva é que o negócio apresente evolução das margens, especialmente devido ao espaço para melhorar a lucratividade da Quattor. Outro fator que deve colaborar para essa visão é a Braskem esperar ser capaz de implementar avanços logísticos no mercado interno, de modo a operar as plantas petroquímicas da maneira mais eficiente para atender a sua base de clientes, concentrada no Sudeste.

Prévia do resultado do segundo trimestre
Além disso, o BofA espera que o resultado do segundo trimestre já traga o impacto da aquisição tanto da Quattor quanto da Sunoco, lembrando, mais uma vez, que, enquanto deve houver significativo crescimento em termos absolutos, as margens devem ser impactadas negativamente pela Quattor.

Assim, a receita líquida deve ser de R$ 6,5 bilhões, 75% maior do que a do segundo trimestre de 2009 e 45% acima da registrada nos três primeiros meses desse ano, enquanto a margem bruta deve ficar em 16,6%, em linha com o mesmo período de 2009, mas abaixo dos 17,8% marcados no período de janeiro a março deste ano.

O Ebitda deve apresentar evolução de 88% na comparação anual, enquanto o lucro líquido, antes do impacto cambial, deve ficar em R$ 87 milhões, menor que os R$ 274 milhões marcados no primeiro trimestre de 2010. Considerando esse impacto, por outro lado, o lucro deve ser de R$ 19 milhões, revertendo assim o prejuízo de R$ 123 milhões do primeiro trimestre.

Riscos
Em relação aos riscos, o BofA cita as importações, que aumentaram à medida que os produtores globais enviam seu excesso de produção das economias com crescimento fraco atualmente, como Estados Unidos e Europa, para o Brasil. Além disso, existe possibilidade de pressão política, com aumento da participação da Petrobras (PETR4) na empresa.

O diretor de investimentos, por exemplo, será indicado pela estatal, e com isso será possível observar a Braskem se envolvendo em projetos de menor retorno. "O anúncio de como a companhia tomará parte na Comperj e em Suape fornecerão boa indicação da real influência que a Petrobras tem nesse tipo de decisão", avaliaram os analistas.

Por todos os motivos citados acima, o BofA recomenda aos investidores interessados em exposição à indústria petroquímica latino-americana que optem pela  mexicana Mexichem, ao menos até que as características do ciclo petroquímico de aumento da demanda possam ser melhor entendidas.