quinta-feira, 3 de junho de 2010

Corretora acredita que construtoras residenciais brasileiras estão baratas

Por: Equipe InfoMoney
02/06/10 - 19h57
InfoMoney


SÃO PAULO - As grandes construtoras residenciais apresentam em 2010 performance abaixo do mercado. Segundo os analistas Carlos Constantini, Marcelo Brisac, Susana Salaru e Cida Souza, da Itaú Corretora, as taxas de juros, os novos padrões contábeis e o risco de execução ajudam a explicar este desempenho. Contudo, considerando as projeções de forte crescimento para os próximos anos, a equipe de análise da corretora acredita que as construtoras residenciais estão baratas.

O setor imobiliário como um todo também mostra uma performance negativa. Enquanto o Ibovespa acumula baixa de 8,23% neste ano, o IMOB - índice que compreende os papéis do setor imobiliário listados na bolsa paulista - tem perdas que somam 10,61% desde janeiro.

"Por algum tempo nos preocupamos com estas questões, porém, com o fraco desempenho do setor e com o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) surpreendendo pelo seu vigor, adicionamos a Cyrela (CYRE3) à nossa carteira recomendada em 30 de abril, tendo em vista que acreditamos que as construtoras residenciais integradas, que possuem maior acesso aos segmentos de renda média e alta, devem apresentar um desempenho acima da média nos próximos meses", destacaram os analistas.

Juros e IFRS
De acordo com a corretora, a elasticidade das aquisições residenciais às taxas de juros no Brasil é um tanto restrita, uma vez que os financiamentos imobiliários e os recursos para esses financiamentos são indexados à TR (definida todo mês pelo Banco Central de acordo com a remuneração média das aplicações bancárias), que apresenta uma baixa correlação com taxas-base.

Em relação às práticas contábeis internacionais, a Itaú ressalta que as construtoras residenciais seriam prejudicadas se parassem de reconhecer ganhos utilizando o método da POC (percentage of completion, na sigla em inglês). Segundo os analistas, as construtoras residenciais estão pressionando o órgão regulador para a criação de um "IFRS brasileiro", o que ainda pode levar alguns anos. "Nesse interim, as companhias estão pressionando no sentido de obterem um adiamento do prazo de adoção das alterações contábeis, e este parece ser o cenário mais provável", afirma a equipe da corretora.

Valuations menores
Os analistas também ressaltaram que, principalmente por conta destes fatores, os valuations destas empresas retornaram à sua média de três anos, ficando bem abaixo dos picos registrados anteriormente.

"Acreditamos que as construtoras residenciais para a renda alta e média apresentam maior elasticidade ao crescimento do PIB deste ano. Considerando que as construtoras residenciais para a renda alta e média (EVEN3, JHSF3) não são suficientemente líquidas para a maior parte dos investidores, também nos inclinamos a favor das companhias integradas em comparação com as empresas exclusivamente orientadas para a baixa renda", concluíram os analistas.