segunda-feira, 24 de maio de 2010

EIKE BATISTA BUSCA MINERADORAS PARA NEGOCIAR FUSÃO

O empresário Eike Batista está procurando mineradoras rivais do interior de Minas Gerais para apresentar propostas de compra ou fusão. Em alguns, casos quer pagar com ações de sua mineradora, a MMX, e fala em incluir no negócio uma concessão para operar um porto de carga em Itaguaí, no Rio de Janeiro.

Ele já conversou com a Ferrous Resources, mineradora controlada por fundos estrangeiros, e com Usiminas e CSN, siderúrgicas que estão ampliando seus negócios em mineração. Procuradas, as empresas não quiseram se manifestar oficialmente. A direção da MMX disse, em nota, que seu “apetite de consolidação cresceu substancialmente após a conclusão do investimento da Wisco” - siderúrgica chinesa que comprou 21,5% da MMX.

Na mesma operação, Eike fechou um contrato para fornecer à Wisco metade do minério extraído de suas jazidas de Minas Gerais pelos próximos 20 anos. Segundo a MMX, o negócio “poderá resultar na exportação de pelo menos 16 milhões de toneladas por ano”. Como a MMX produz hoje a um ritmo de 7 milhões de toneladas/ano (embora diga ter capacidade para 10,8 milhões de toneladas), executivos e consultores acreditam que Eike esteja correndo atrás de novas minas para fazer frente ao compromisso que assumiu com os chineses.

Negociações. No cerco à Ferrous, Eike já tentou comprar os cerca de 20% que o fundo americano Harbinger tem na empresa. Maior acionista da mineradora, o Harbinger se interessou em negociar, mas não aceitou a primeira proposta de Eike, que pretendia pagar com ações da MMX.

Para assediar a Usiminas, o empresário falou numa fusão de ativos. A ideia seria fazer uma sociedade em que a siderúrgica entraria com a mina J. Mendes e com sua participação na MRS, concessionária de ferrovias que liga o interior de Minas ao litoral. Eike, por sua vez, participaria com a MMX e com a concessão para o porto em Itaguaí.

Na mineração, ter porto próprio para exportação é estratégico. A Usiminas até comprou uma área em Itaguaí, mas não conseguiu a concessão federal para a operação. Eike tem a área e a concessão. “A conversa está no início, mas faz sentido”, afirma uma fonte que acompanha a negociação.

A conversa mais difusa ocorre com a CSN, dona da mina de Casa de Pedra e da mineradora Namisa. A siderúrgica já tem uma estrutura montada para exportação, com ferrovia e porto. Mesmo assim,  Eike e Benjamin Steinbruch, presidente da CSN, andaram conversando para ver se fazem algum tipo de negócio.

O empresário negocia ainda com quatro mineradoras da Serra do Curral, com reservas estimadas em 2 bilhões de toneladas. “Eike está abrindo várias portas para ver se algum deles topa fechar negócio”, afirma um executivo ligado às negociações.

O rumor de que Eike precisa de novas minas para cumprir o acerto com a Wisco ganhou força porque ele não é dono da AVX nem da Minerminas, as minas de onde sairá o minério para os chineses. O empresário arrendou uma delas até 2020 e a outra até 2021, mas o contrato com a Wisco só termina em 2030. A MMX afirma, porém, que “não depende de qualquer aquisição para cumprir seus compromissos com a Wisco” e que seu “desejo de consolidação tem como principal objetivo ocupar 100% da capacidade” de seu porto.

Anglo pagou US$ 6,6 bi por minas da MMX

A MMX surgiu em 2005, como um projeto ambicioso. Eike Batista chegou a dizer que iria transformar a empresa na quarta maior mineradora do mundo até 2011 - mas nunca chegou perto dessa marca. Com três projetos de mineração (Minas-Rio, o mais importante, Corumbá e Amapá), a MMX abriu o capital em julho de 2006 e captou mais de US$ 500 milhões - o maior IPO da história do País até então.

A história da empresa, porém, começou a tomar outro rumo em 2007, quando a multinacional Anglo American comprou, por US$ 1,1 bilhão, 49,9% da Minas-Rio. No ano seguinte, a Anglo pagou mais US$ 5,5 bilhões pelo restante do Minas-Rio e pelo projeto Amapá. A MMX ficou muito menor -  apenas com o projeto Corumbá e com as minas AVX e Minerminas. As informações são da edição de domingo do jornal O Estado de S. Paulo

Fonte: Broadcast