Por: Nathália A. Terra Pereira
21/04/10 - 11h45
InfoMoney
21/04/10 - 11h45
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SÃO PAULO – Possíveis mudanças regulatórias, entrada de novos players, aumento da competitividade: com tantos riscos e temores, não é de se estranhar que os papéis da Redecard (RDCD3) e Cielo (CIEL3) tenham sido penalizados nas últimas semanas.
Desde o começo do mês até o último pregão de 20 de abril, as duas ações acumulam quedas de 10,3% e 2,3%, respectivamente. Enquanto isto, o Ibovespa registra no mesmo período um recuo mais modesto, de 1,5%.
Afinal, o desempenho aquém do benchmark é justificado? E mais: será que ele se mantém nas próximas sessões, ou uma recuperação pode vir no lastro de múltiplos atraentes? Analistas de diversas instituições expressam suas opiniões acerca das duas maiores processadoras de cartões de crédito do País.
Mudanças por vir
Um dos aspectos apontados por analistas por ter pressionado o desempenho dos papéis da Redecard e Cielo recentemente é o temor do mercado de que mudanças regulatórias venham a ser implementadas pelo governo.
Mariana Taddeo, da Link, diz em relatório que “as pressões por mudanças regulatórias ainda permanecem, dada a indefinição quanto a um novo pronunciamento do BC e propostas do governo”. No entanto, para a corretora, uma maior definição nesse sentido só deve vir a ser conhecida após as eleições presidenciais.
Enquanto as discussões seguem indefinidas no plano político, o setor de cartões de crédito tem outras mudanças a lidar já em julho deste ano: o fim da exclusividade entre bandeiras e credenciadoras, fato que inspira grande cautela entre os analistas do Morgan Stanley, por possivelmente implicar contração nas margens das duas empresas, com o aumento da competitividade.
Temor similar é expresso pelos analistas Rafael Ferraz e Sérgio Goldman, do Safra: “em um cenário mais competitivo, as companhias tenderiam a ficar mais próximas aos comerciantes, aumentando, consequentemente, suas equipes comerciais e seus esforços de marketing, trazendo maiores despesas operacionais no curto prazo”.
Novos players
Por falar em competição, a entrada do Santander no setor também é apontada por analista como um dos fatores que pesou sobre os papéis da Redecard e Cielo. Todavia, tanto Mariana, da Link, quanto os analistas do Banco Safra veem pouca razão para tamanho temor entre os investidores.
“Ao contrário do que muitos imaginavam, o banco ressaltou que não será agressivo como adquirente”, ressalta a analista da Link em relatório. O Safra compartilha de visão semelhante, e mostra-se otimista: “desde o anúncio dos detalhes da parceria Santander/Getnet, as ações têm superado o Ibovespa, impulsionadas pela percepção de redução no risco de competição”.
Ainda que o maior temor fosse, de fato, quanto à entrada do Santander, outros players também vêm demonstrando possível interesse no mercado brasileiro de cartões. Especulações apontam por exemplo, o Banrisul, que já possui sua própria bandeira, a Banricompras, com mais de 70 mil estabelecimentos credenciados.
“No entanto, acreditamos que Cielo e Redecard terão uma forte vantagem competitiva no curto e médio prazo, devido à escala, presença nacional e oferta de produtos e serviços”, diz a Link.
Otimismo ao setor
Abordados os pontos de maior temor do mercado, analistas expressam perspectivas repletas de otimismo para a indústria brasileira de cartões de crédito. “Decidimos aumentar nossa projeção de crescimento anual de mercado (valor das transações de débito e crédito) de 19% para 22% em 2010, e de 17% para 18% em 2011”, diz a equipe do Safra.
Por sua vez, a Link afirma que “o setor possui um elevado potencial de crescimento com a continuidade da substituição do cheque e moeda por cartão, redução da economia informal, penetração dos serviços bancários e aumento do consumo. E esse crescimento deve ajudar a compensar o ambiente mais competitivo”.
Recomendação aos papéis
Entre tantos pontos positivos e negativos, afinal, qual a recomendação dos analistas para os papéis? A resposta não é consensual, mas a preferência pela Cielo, sim. É o caso da Link, que concede uma visão outperform – desempenho acima da média do mercado – às ações da Cielo e uma market perform – desempenho em linha com a média do mercado – às da Redecard.
O Safra, por sua vez, mantém uma recomendação neutra para as duas ações, embora as da Cielo “mostrem-se mais atrativas, com maior potencial de valorização”.
Em contrapartida, os analistas do Morgan Stanley revelam um maior pessimismo quanto aos papéis, concedendo um call underweight às duas ações. “Acreditamos que os valuations não refletem um cenário iminente de perda de participação de mercado e contração das margens simultâneas ao aumento da competição no setor”, justificam em relatório recente os analistas Jorge Kuri, Jorge Chirino e Adriana Drulla. “Voltaríamos apenas a apostar nos papéis da Cielo ao redor dos R$ 10,00 e nos da Redecard abaixo dos R$ 19,00”, conclui a equipe.
Desde o começo do mês até o último pregão de 20 de abril, as duas ações acumulam quedas de 10,3% e 2,3%, respectivamente. Enquanto isto, o Ibovespa registra no mesmo período um recuo mais modesto, de 1,5%.
Afinal, o desempenho aquém do benchmark é justificado? E mais: será que ele se mantém nas próximas sessões, ou uma recuperação pode vir no lastro de múltiplos atraentes? Analistas de diversas instituições expressam suas opiniões acerca das duas maiores processadoras de cartões de crédito do País.
Ativo | Abril* | 2010* |
---|---|---|
Redecard ON | -10,33% | +1,72% |
Cielo ON | -2,27% | +10,64% |
Ibovespa | -1,50% | +1,06% |
* até 20 de abril |
Um dos aspectos apontados por analistas por ter pressionado o desempenho dos papéis da Redecard e Cielo recentemente é o temor do mercado de que mudanças regulatórias venham a ser implementadas pelo governo.
Mariana Taddeo, da Link, diz em relatório que “as pressões por mudanças regulatórias ainda permanecem, dada a indefinição quanto a um novo pronunciamento do BC e propostas do governo”. No entanto, para a corretora, uma maior definição nesse sentido só deve vir a ser conhecida após as eleições presidenciais.
Enquanto as discussões seguem indefinidas no plano político, o setor de cartões de crédito tem outras mudanças a lidar já em julho deste ano: o fim da exclusividade entre bandeiras e credenciadoras, fato que inspira grande cautela entre os analistas do Morgan Stanley, por possivelmente implicar contração nas margens das duas empresas, com o aumento da competitividade.
Temor similar é expresso pelos analistas Rafael Ferraz e Sérgio Goldman, do Safra: “em um cenário mais competitivo, as companhias tenderiam a ficar mais próximas aos comerciantes, aumentando, consequentemente, suas equipes comerciais e seus esforços de marketing, trazendo maiores despesas operacionais no curto prazo”.
Novos players
Por falar em competição, a entrada do Santander no setor também é apontada por analista como um dos fatores que pesou sobre os papéis da Redecard e Cielo. Todavia, tanto Mariana, da Link, quanto os analistas do Banco Safra veem pouca razão para tamanho temor entre os investidores.
“Ao contrário do que muitos imaginavam, o banco ressaltou que não será agressivo como adquirente”, ressalta a analista da Link em relatório. O Safra compartilha de visão semelhante, e mostra-se otimista: “desde o anúncio dos detalhes da parceria Santander/Getnet, as ações têm superado o Ibovespa, impulsionadas pela percepção de redução no risco de competição”.
Ainda que o maior temor fosse, de fato, quanto à entrada do Santander, outros players também vêm demonstrando possível interesse no mercado brasileiro de cartões. Especulações apontam por exemplo, o Banrisul, que já possui sua própria bandeira, a Banricompras, com mais de 70 mil estabelecimentos credenciados.
“No entanto, acreditamos que Cielo e Redecard terão uma forte vantagem competitiva no curto e médio prazo, devido à escala, presença nacional e oferta de produtos e serviços”, diz a Link.
Otimismo ao setor
Abordados os pontos de maior temor do mercado, analistas expressam perspectivas repletas de otimismo para a indústria brasileira de cartões de crédito. “Decidimos aumentar nossa projeção de crescimento anual de mercado (valor das transações de débito e crédito) de 19% para 22% em 2010, e de 17% para 18% em 2011”, diz a equipe do Safra.
Por sua vez, a Link afirma que “o setor possui um elevado potencial de crescimento com a continuidade da substituição do cheque e moeda por cartão, redução da economia informal, penetração dos serviços bancários e aumento do consumo. E esse crescimento deve ajudar a compensar o ambiente mais competitivo”.
Recomendação aos papéis
Entre tantos pontos positivos e negativos, afinal, qual a recomendação dos analistas para os papéis? A resposta não é consensual, mas a preferência pela Cielo, sim. É o caso da Link, que concede uma visão outperform – desempenho acima da média do mercado – às ações da Cielo e uma market perform – desempenho em linha com a média do mercado – às da Redecard.
O Safra, por sua vez, mantém uma recomendação neutra para as duas ações, embora as da Cielo “mostrem-se mais atrativas, com maior potencial de valorização”.
Em contrapartida, os analistas do Morgan Stanley revelam um maior pessimismo quanto aos papéis, concedendo um call underweight às duas ações. “Acreditamos que os valuations não refletem um cenário iminente de perda de participação de mercado e contração das margens simultâneas ao aumento da competição no setor”, justificam em relatório recente os analistas Jorge Kuri, Jorge Chirino e Adriana Drulla. “Voltaríamos apenas a apostar nos papéis da Cielo ao redor dos R$ 10,00 e nos da Redecard abaixo dos R$ 19,00”, conclui a equipe.