quinta-feira, 1 de abril de 2010

Por: Julia Ramos M. Leite
01/04/10 - 11h23
InfoMoney




SÃO PAULO – A Link Investimentos revisou suas estimativas para a BM&F Bovespa (BVMF3) a fim de incorporar novas premissas econômicas, o resultado da companhia no segundo semestre de 2009 e o seu novo plano de investimentos. Como resultado, a corretora reduziu o preço-alvo dos papéis da empresa de R$ 15,20 para R$ 14,80 em dezembro de 2010, ainda mantendo a recomendação de outperform (performance acima da média do mercado).

“A partir de 2010, a BM&F Bovespa entra em uma fase de investimentos elevados, buscando acelerar o processo de expansão”, afirma a analista Mariana Taddeo. Para isso, o Capex (capital de investimento) da empresa para 2010 é de R$ 302 milhões. Para 2011 e 2012, são esperados mais R$ 500 milhões em investimentos.

Apesar de isso ser positivo no longo prazo, deixando a bolsa bem posicionada para concentrar a liquidez no mercado brasileiro, o alto capex pode pressionar os resultados da companhia no curto prazo – parte da motivação da Link em reduzir o preço-alvo dos papéis. A nova estimativa sugere um upside de 22,92% sobre o fechamento de quarta-feira (31).

Maiores volumes

No quarto trimestre de 2009 os volumes do segmento BM&F ficaram levemente abaixo das expectativas da analista, enquanto os volumes da Bovespa superaram as projeções em 10,3% - apoiados, em parte, nas ofertas de ações, que totalizaram R$ 33,9 bilhões no período.

O cenário do primeiro trimestre deste ano é bastante diferente. “Até 29 de março, o número médio diário de contratos negociados no segmento BM&F era de 2,46 milhões, crescimento de 59% em relação ao trimestre anterior”, aponta Mariana Taddeo, explicando que o motivo são os contratos de juros que apresentam forte crescimento dada a expectativa em relação à possível elevação da Selic.

O segmento BM&F deve se apoiar nos investidores high frequency e algotraders para avançar nos próximos anos, além do roteamento de ordens com a CME. “Acreditamos que no período de 2010 a 2014, o volume apresente um CAGR (taxa composta de crescimento anual) de 20,2%”, afirma a analista.

No segmento de ações, a expectativa é que as emissões sigam contribuindo para o aumento do volume – vale mencionar que, segundo a Link, há 10 ofertas em análise na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) atualmente. Com a perspectiva de aumento de investidores estrangeiros e algotraders na bolsa, a analista projeta que o volume médio diário do segmento Bovespa apresente CAGR de 18,5%.

Parcerias, preços e margens também são pontos positivos
Além dos volumes, a Link também elevou as projeções para os preços e margens cobrados pela BM&F Bovespa. “No caso da bolsa de derivativos, com o forte aumento dos contratos de taxa de juros em reais nesse primeiro trimestre, que também possuem preço mais baixo, reduzimos ligeiramente a receita por contrato estimada. Mesmo assim, o aumento no número de contratos estimado leva a uma receita de derivativos mais alta nos próximos anos do que nossas estimativas anteriores”, afirma a analista.

No caso da Bovespa, as novas projeções refletem também a nova política de preços prevista para o segundo semestre, que deve oferecer descontos para investidores high frequency. “Dessa forma, houve um ligeiro aumento na margem esperada para 2010 e 2011”, explica Taddeo.

Outro ponto positivo na avaliação de Taddeo relaciona-se às parcerias da controladora da bolsa brasileira. Além dos acordos com a Nasdaq, que devem contribuir com o fluxo de capital estrangeiro “após um período de maturação”, a BM&F está em negociação com bolsas asiáticas e latino-americanas.

Riscos
Apesar da recomendação de outperform aos ativos, Taddeo ressalta os riscos do case da BM&F Bovespa. Entre os principais problemas estão a forte dependência das receitas (80%) dos volumes negociados e as possíveis mudanças regulatórias, como a taxação da entrada de capital estrangeiro, que podem afetar os volumes da bolsa.

Além disso, uma necessidade futura de Capex acima do previsto também poderia prejudicar os resultados da controladora da bolsa brasileira.

Dividendos
Por fim, a analista da Link ressalta que a empresa é boa pagadora de dividendos, decorrência da sua forte geração de caixa. “Acreditamos que no longo prazo a companhia possa chegar a distribuir cerca de 90% de seu lucro”, afirma Taddeo, que projeta um dividend yield de 3,5% para 2010 e de 4,2% para 2011.