sexta-feira, 11 de março de 2011

CSN COMPRA AÇÕES P/TENTAR BARRAR ENTRADA DE GERDAU NA USIMINAS

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) tomou a decisão de comprar participações da Usiminas em mãos do mercado para se proteger de potencial aproximação entre a Gerdau e a siderúrgica mineira, segundo informou uma fonte à gência Estado. "Se a Gerdau entrar na Usiminas, a união da maior empresa brasileira de longos e com a de planos vai resultar na formação de uma das maiores siderúrgicas do planeta. A CSN não gostaria de ficar à margem desse processo", diz a fonte.

Procuradas pela Agência Estado, CSN e Usiminas informaram que não comentariam o assunto, e Gerdau disse que não localizou porta-voz.

No fim de janeiro, a CSN divulgou ter elevado sua participação no capital social da Usiminas por meio de aquisições de ações ordinárias, passando a deter, direta e indiretamente, 5,03% desses papéis. Em meados de fevereiro, a Usiminas divulgou que os grupos Camargo Corrêa, Votorantim e Nippon decidiram fazer novo acordo de acionistas, o que levou o mercado a entender que não haveria espaço para a CSN entrar no controle da sua principal concorrente.

Os rumores sobre possíveis mudanças no bloco de controle da Usiminas se intensificaram nesta sexta-feira, impulsionando os papéis da siderúrgica, que lideram a lista de maiores ganhos do Ibovespa desde o início da tarde. Há pouco, Usiminas ON avançava 6,24% e PNA registrava valorização de 4,52%, ante alta de 0,95% do Ibovespa. As ações ON de CSN recuavam 0,35% e as ON da Gerdau cediam 2,04%.

Segundo operadores, o assunto não é novo, mas ganhou força após um grande banco de investimentos estrangeiro publicar relatório sobre o tema, levantando a possibilidade de dois dos atuais controladores - Votorantim e Camargo Corrêa, venderem suas participações para a CSN ou Gerdau. Conforme o relatório, a Gerdau teria preferência dos sócios japoneses, uma vez que não compete diretamente com a Usiminas.

O governo também considera a Gerdau o parceiro ideal para a Usiminas, na avaliação de dentro da própria CSN, de acordo com a fonte ouvida pela Agência Estado. O presidente do conselho de administração da Gerdau, Jorge Gerdau, é bastante próximo do governo federal. Já as relações de Benjamin Steinbruch com o governo teriam ficado estremecidas devido a postergações de entrega da ferrovia Transnordestina. "O Benjamin não tem acesso ao BNDES (Banco de Desenvolvimento Econômico e Social), enquanto a Gerdau tem", diz a fonte.

Segundo a fonte, o argumento da CSN de que o aumento de participação na Usiminas seria estratégia para realizar investimento financeiro "é só para o mercado". "Na avaliação da CSN, trata-se de investimento estratégico. Se fosse um movimento financeiro, por que pagaria um prêmio tão alto pelas ações ordinárias da Usiminas?", diz a fonte.

O prêmio entre as ações ordinárias (USIM3) e preferenciais (USIM5) chegou ao pico de 51%, mas recuou após o anúncio do novo acordo de acionistas da Usiminas. Desde o início das especulações, o acordo de acionistas foi visto como a maior dificuldade para a CSN conseguir entrar no bloco de controle. Isso porque, pelo acordo, qualquer membro do bloco de controle que decida se desfazer de seus papéis precisa oferecê-los primeiro aos demais participantes desse grupo.
(Chiara Quintão e Beth Moreira)

Fonte: Broadcast