quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Pão de Açúcar, Itaú Unibanco e Tractebel lideram as sugestões setoriais do mês

Por: Thiago C. S. Salomão
09/12/10 - 12h16
InfoMoney


SÃO PAULO - O setor de consumo e varejo foi votado como o favorito pelos analistas em suas carteiras relativas a dezembro pelo 13º mês consecutivo, tendo recebido 55 recomendações, 9 a mais do que no mês passado. Destaque para os papéis preferenciais classe A do Pão de Açúcar (PCAR5), que apareceram em 10 portfólios diferentes, sendo a varejista mais lembrada pelos analistas.


Na segunda posição, está o setor de energia e saneamento, com 36 recomendações - 8 a mais do que em novembro -, com destaque para os ativos ON da Tractebel (TBLE3), presente em 8 das carteiras recomendadas compiladas pela Equipe InfoMoney. Completando o pódio, aparece o setor financeiro que, embora tenha recebido duas indicações a mais do que em novembro, perdeu o segundo lugar para as energéticas. O destaque ficou mais uma vez com Itaú Unibanco PN (ITUB4), responsável por 10 dessas indicações.


Ao todo, 29 carteiras de bancos e corretoras foram utilizadas para este levantamento. Os portfólios selecionados foram: Ágora, Ativa, Banif, BB Investimentos, Bradesco Corretora, Brascan, BTG Pactual, Citi, Coin, Fator, HSBC, Itaú, Link Investimentos, Magliano (2 carteiras), Omar Camargo (2 carteiras), PAX, Planner, Safra, SLW (3 carteiras), Socopa, Souza Barros, Spinelli, TOV, Win e XP.


Entre todas as carteiras publicadas pela InfoMoney em dezembro, nesta compilação apenas não foram considerados os portfólios com sugestões de ações que tenham perspectiva de pagamento de proventos.


Festas de fim de ano colocam varejistas em foco
O crescimento de recomendações de analistas para o setor de consumo e varejo em dezembro não é por menos, já que nesta época as celebrações de Natal e Ano Novo ajudam a impulsionar as vendas das empresas. Segundo a Pesquisa Serasa de Expectativa Empresarial para o Natal, 69% das empresas brasileiras esperam aumentar o faturamento em relação à mesma época de 2009. É o maior patamar desde o início da pesquisa em 2005, considerando todas as datas especiais do varejo.



Diante desse cenário, a equipe da Brascan Corretora vê o Pão de Açúcar como um dos mais beneficiados do setor. "Decidimos manter os papéis do Grupo Pão de Açúcar em nossa carteira, por julgarmos que estes poderão capturar os ganhos com a ampliação do poder de compra das classes C, D e E, ainda que as novas condições de pagamentos estejam mais restritas", diz  corretora em seu relatório mensal.


Mas não é só de eventos festivos que sobrevive o otimismo sobre as varejistas. O cenário macroeconômico como um todo também tem colaborado para o setor. Embora a mediana das projeções para o PIB (Produto Interno Bruto) de 2010 tenha mostrado uma leve diminuição nos últimos relatórios Focus, a última previsão ainda indica um forte crescimento para a economia brasileira, sendo esperada uma expansão de 7,54% na atividade.


O crescimento do crédito para o consumidor também é visto com bons olhos pelos analistas que cobrem as varejistas. Em novembro, o número de consumidores que procurou crédito cresceu 6,2% na comparação com outubro, sendo o maior resultado de sua série histórica, de acordo com o Indicador Serasa Experian da Demanda do Consumidor por Crédito. Segundo os economistas da Serasa, as condições favoráveis de crédito às pessoas físicas, o ingresso da primeira parcela do 13º salário, a proximidade das festas de fim de ano e o elevado grau de confiança dos consumidores colaboraram para a quebra do recorde.


Os comentários dos economistas da Serasa vão em linha com o pensamento da equipe da Ativa Corretora, que espera ver bons resultados do Pão de Açúcar nos seus dois segmentos de atuação. "As vendas de bens duráveis deverão manter-se bastante aquecidas neste 4T10, com a expectativa de estabilidade da taxa de juros e inadimplência sob controle, além da confiança do consumidor em alta", disse a corretora em relatório. Sobre as vendas de alimentos, a Ativa afirma que a volta da inflação em itens alimentícios deverá impulsionar o faturamento nesse segmento.


Por fim, vale ressaltar que as medidas anunciadas recentemente pelo Banco Central - tais como a elevação dos compulsórios e a alteração dos limites do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) -, que deverão encarecer o crédito no longo prazo, não devem afetar as vendas de Natal previstas pelo comércio, afirmou a Fecomercio-SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo)
Setores  Recomendações  
Consumo e Varejo55
Energia e Saneamento36
Financeiro34
Imobiliário32
Petróleo e Gás30
Industrial23
Mineração21
Transporte16
Siderúrgico15
Telecomunicações13
Papel e Celulose7
Petroquímico7
Tecnologia e Internet2


Energia e saneamento é o segundo mais lembrado
Ganhando uma posição em relação ao mês passado, as ações de empresas do setor de consumo e energia terminaram dezembro na segunda posição, com 36 recomendações. E assim como com o setor varejista, o cenário econômico brasileiro também contribui para as melhores expectativas de ganhos para essas companhias.



Segundo o Boletim de Carga Mensal da ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), a carga de energia elétrica no Brasil aumentou 2,1% em novembro, frente ao mesmo mês do ano passado. Na comparação com outubro, a alta foi de 1,6%. Já no acumulado em 12 meses, a variação mostra-se positiva em 8,7% sobre o período anterior.


Além disso, a EPE (Empresa de Pesquisa Energética) mostrou que o consumo de energia elétrica no Brasil cresceu 4,9% na comparação de outubro de 2009 com o deste ano. Embora a alta tenha sido a menor em 2010, a EPE explica que isso está associado a eventos pontuais, "como menor período de leitura do consumo por parte de grandes distribuidoras e também pelo registro de temperaturas mais baixas, relativamente a outubro de 2009, em todas as capitais das duas regiões”.


Sobre a Tractebel (TBLE3) - ação mais recomendada do setor, com 8 indicações -, as perspectivas giram em torno de um possível ajuste significativo no preço spot (à vista) cobrado pela empresa durante o quarto trimestre.


"O panorama no mercado spot voltou ao padrão de normalidade, com a melhora no regime de chuvas no período e a consequente parcial recuperação dos reservatórios. Contudo, não percebemos esse evento como negativo para os resultados do 4T10", afirma a Ativa.


Setor financeiro fecha o pódio, com destaque para ITUB4
Caindo uma posição em relação a novembro, o setor financeiro viu suas empresas aparecerem por 34 vezes nas carteiras recomendadas por bancos e corretoras para este mês - 2 indicações a mais do que no mês passado. O destaque do setor ficou com as ações preferenciais do Itaú Unibanco (ITUB4), que responderam por 10 dessas sugestões.



Segundo a SLW, a escolha desta instituição reflete bastante as perspectivas de médio prazo, já que o processo de fusão com o Unibanco está praticamente finalizado. "Agora as sinergias tendem a se mostrar mais expressivas na sua lucratividade dos próximos trimestres", afirma a equipe da corretora, que espera após essa fase que o banco dê início ao seu processo de internacionalização por meio de aquisições de empresas do exterior.


Já a Ativa destaca os bons fundamentos do Itaú perante seus pares. "O banco continua se destacando como líder em retorno sobre o patrimônio entre as grandes instituições financeiras. Como um todo, ele continuará a apresentar um bom desempenho no 4T10, em função da combinação de maior crescimento de sua carteira de crédito aliado a interessantes sinergias por conta da fusão com o Unibanco", afirmam seus analistas.


Assim como com as varejistas, as medidas anunciadas pelo BaCen e pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) também trouxeram interpretações por parte dos analistas aos resultados futuros dessas empresas. Segundo os analistas do Barclays Capital, embora a notícia tenha sido vista como negativa em um primeiro momento, seus impactos sobre as margens dos bancos deverá ser administrável, estimando que menos de 0,5% das projeções de lucro para 2011 deverão sentir esses efeitos.


"Pensamos que o impacto sobre as margens dos bancos, quando os efeitos das medidas começarem a ser sentidos, dependerá da habilidade deles para transferir os maiores custos de oportunidade de alocação e de financiamento, resultantes das medidas de compressão das taxas de empréstimo do crédito ao consumidor [...] e da destreza dos bancos para tirar o máximo proveito das Letras Financeiras para conseguir fundos adicionais", avaliam Roberto Attuch e Fabio Zagatt, que assinam o relatório do banco inglês.