quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Small Caps: pensando pequeno é possível encontrar grandes tesouros na bolsa

Por: Equipe InfoMoney
03/11/10 - 19h50
InfoMoney


SÃO PAULO - Normalmente associado a uma posição de comodismo e falta de ambição, "pensar pequeno" pode ser uma boa forma de garimpar bons nomes no mercado. Gozando de respaldo dos analistas, boas perspectivas e valuations interessantes, o segmento de small caps brasileiro pode ser uma verdadeira "caça ao tesouro" para aqueles dispostos a procurar.


Focando a busca no setor industrial, é possível encontrar empresasde alcance internacional, que, por não figurarem no mainstream do mercado, permanecem escondidas para o investidor. Aproveitando o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e os fundamentos macroeconômicos brasileiros, estas companhias reúnem balanços saudáveis, perspectivas positivas e cotações atrativas. 


Iochpe-Maxion
Maior fabricante nacional de rodas e chassis para veículos comerciais, de vagões de carga e fundidos ferroviários, contando com unidades fabris no México e na China, a Iochpe-Maxion (MYPK3) acumula uma alta de 97% no ano, contra o avanço de 3,04% do Ibovespa no mesmo período. 



O bom senso pregaria que, frente à um desempenho tão forte, as recomendações da empresa estivessem sendo reavaliadas. Não é o caso da Iochpe, que, apesar de figurar entre as maiores altas da bolsa paulista, continua a colecionar recomendações de "compra" entre analistas. Maria Jose Dominguez Gonzalez Luna, do Citigroup, por exemplo, afirma que, mesmo com as ações negociando acima dos níveis históricos, ainda existe espaço para uma reavaliação das ações, por conta das perspectivas de crescimento da companhia.


A analista revela projeções de crescimento de 17% ao ano para o período entre 2010 e 2013 para o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia, e alerta que seus cálculos podem ser conservadores, por não levarem em conta a possibilidade de novos programas de incentivo por parte do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) após o fim do governo Lula. 


"A Iochpe-Maxion encontra-se numa posição interessante do mercado, em função da liderança nos segmentos em que atua, além da facilidade de manutenção de suas margens", disparam Marcos Saravalle e Bruno Piagentini, da Coinvalores. "A empresa deve seguir uma trajetória ascendente em seus negócios, dada a correlação do setor com o nível de atividade econômica interna", avalia a dupla. 


Weg
Apontada pela analista do Citi como a "maior e mais estável indústria brasileira", a Weg (WEGE3) também apresenta um bom desempenho no ano, marcando uma alta de 22,67% no período. Maria Jose Dominguez Gonzalez Luna aponta, contudo, que a ação da companhia ainda está "bem atrás no processo de recuperação quando comparada com outros nomes industriais do Brasil". Os papéis ainda negociam abaixo da máxima vista em 2007, antes da crise financeira. 



Este otimismo em relação ao desempenho das ações não se fundamenta apenas em argumentos técnicos, contando também com embasamento operacional. "As boas perspectivas para a Weg nos próximos trimestres giram em torno do aumento no volume de vendas, com a nova unidade fabril da Índia, que produzirá motores e geradores de média e alta tensão, e com a também nova fábrica de Linhares, no Espírito Santo, na produção de motores elétricos, pois o início das atividades de ambas será no último trimestre de 2010", aponta Victor Penna, da BB Investimentos. 


"Temos uma visão positiva para o desempenho da Weg, tendo em vista o cenário macroeconômico favorável", revela a dupla de analistas da Coinvalores, ressaltando forte ligação dos negócios aos investimentos em capacidade produtiva no País como um dos pilares de seu otimismo. Contudo, os dois alertam que grande parte deste cenário benéfico já está embutido no valor das ações. 


Indústrias Romi
Vivendo bom momento, com o seu resultado do terceiro trimestre revelando forte ganho de rentabilidade, fato que chamou a atenção de Artur Delorme, da Ativa Corretora, a Indústrias Romi (ROMI3) segue a receita de seus pares e também exibe uma performance invejável no ano, somando uma valorização de 26,11%. 



"Acreditamos que a Romi deverá fechar o ano com um crescimento nas receitas de 35% sobre 2009, em linha com guidance divulgado no segundo trimestre, após observarmos que a companhia vem crescendo ao longo do ano junto com o bom desempenho da produção industrial e as respectivas melhoras nos níveis de investimento no País", avalia o analista da BB Investimentos, exaltando o desempenho operacional da empresa no último trimestre. 


"O resultado do terceiro trimestre ratifica o cenário de expansão da demanda por bens de capital, demonstrando a tendência de aumento dos investimentos em ampliação da capacidade instalada e renovação do maquinário industrial", destaca, por sua vez, Delorme. 


No que tange às ações da empresa, vale ressaltar a opinião da analista da Citi Corretora. "A cotação da Romi ainda está atrasada em relação ao processo de recuperação, quando comparada a outras empresas do setor, negociando abaixo das máximas pré-crise, o que pode lhe garantir um rali de curto prazo, tendo em vista uma abordagem técnica", aponta Maria Jose Dominguez Gonzalez Luna.


Randon
As avaliações da empresa circulam em torno de um mesmo tema - o surpreendente desempenho operacional da empresa. Como destaca Delorme, a Randon (RAPT4) vem apresentando um excelente crescimento do faturamento líquido mensalmente. Tome-se, por exemplo, a receita líquida consolidada de setembro, que atingiu R$ 327,8 milhões, um avanço de 59,7% sobre o mesmo período de 2009. 



A companhia também detém o título de small cap mais citada pelos analistas entre as 29 carteiras recomendadas de bancos e corretoras para outubro, publicadas pela InfoMoney. Vale citar a declaração de Maurício Ceará, do Santander, que avaliou a Randon como "a melhor maneira de se alocar no crescimento da indústria de transporte e logística". 


"Nós estamos comprando, uma vez que as ações acabaram de recuperar os seus patamares anteriores da crise econômica, e frente à nossa expectativa de contínuo crescimento estimulado pelos gastos de infraestrutura e financiamentos de baixo custo", avalia Maria Jose, do Citi. 


Marcopolo
Com a maior valorização anual das empresas aqui listadas, a Marcopolo (POMO4) também recebeu recomendação de compra da analista do Citi. Entre conversas de renovação da frota nacional de ônibus e caminhões, os papéis da empresa acumularam uma valorização de 106,68% em 2010. 



Maria Jose revela estar confiante no crescimento do PIB brasileiro nos próximos anos, o que deve gerar catalisadores para a companhia, como a aceleração da renovação da frota nacional de ônibus e a continuação do apoio financeiro oferecido pelo BNDES para seus clientes. A analista também pede atenção para a Copa do Mundo, as Olímpiadas e a joint venture da companhia na Índia.