Rio, 15 - A Vale e a ArcelorMittal fecharam hoje contrato para o transporte de produtos siderúrgicos e calcário pela Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) e Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), pelo período de dois anos. O acordo quase dobra o volume transportado hoje na parceria entre as duas empresas. Segundo o diretor de Comercialização da Logística da Vale e presidente da FCA, Marcello Spinelli, o contrato é apenas o primeiro de uma série que está por vir, não apenas com a ArcelorMittal, mas também com companhias como Usiminas e Gerdau.
"Nos últimos dois meses anunciamos contratos com a Usiminas, a Gerdau e, agora, com a ArcelorMittal. Queremos e vamos acompanhar o crescimento deles. São indústrias grandes, que geralmente dobram a produção. Suportar isso requer musculatura e grandes investimentos", afirmou Spinelli em entrevista exclusiva à Agência Estado.
O acordo de hoje representa um aumento da ordem de 1,75 milhão de toneladas ao contrato já existente entre a Vale e a ArcelorMittal, sendo 1,2 milhão de toneladas de aço e 550 mil toneladas de calcário. Com isso, passarão pela infraestrutura da Vale 3,7 milhões de toneladas da gigante siderúrgica. O valor do negócio não foi divulgado.
Cerca de 120 vagões entrarão em circulação para atender o novo fluxo. Hoje, são aproximadamente 200 em operação. O cronograma de entrega começa neste mês e termina em janeiro. Todos os vagões devem estar em operação até janeiro de 2011.
Segundo a empresa, o fio-máquina produzido na planta da ArcelorMittal Monlevade (MG) e as bobinas de aço fabricadas nas unidades InoxBrasil, em Timóteo (MG), e Tubarão, em Serra (ES), serão escoados por trem especialmente para beneficiadoras e clientes de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. A Vale também fará o transporte de calcário, insumo da indústria siderúrgica, entre as cidades de Matosinhos (MG) e Serra (ES).
O contrato prevê também a construção de 40 vagões-colmeia - que levam o nome em razão da divisão interna que lembra o desenho de uma colmeia - para o transporte de um tipo especial de fio-máquina de alta qualidade. Os vagões foram desenvolvidos nas oficinas da FCA em Divinópolis (MG). Serão entregues 20 unidades em outubro, 10 em novembro e 10 em dezembro. Todos os vagões no contrato foram construídos em parceria com a Usiminas Mecânica e com a Amsted Maxion.
"Este contrato celebra nova etapa dos negócios com a ArcelorMittal, com transporte de produtos acabados, e a retomada do transporte em termos de volume", diz o executivo, lembrando os avanços em inovação no desenvolvimento de vagões customizados para clientes. Spinelli não descarta anúncios de novos contratos até o fim do ano. "Vamos esperar. Tomara que sim, pois estaríamos fechando negócio."
Segundo o diretor, a Vale está se preparando para investir em portos, ferrovias, na entrega de produtos acabados e insumos para clientes, além de transporte de minério de ferro. A malha ferroviária também deve acompanhar a expansão da área de logística, diz. Valores de investimentos serão divulgados junto com o cronograma geral da Vale, que costuma ser anunciado no fim do terceiro trimestre.
No caso da ArcelorMittal, a Vale se prepara para atender ao processo de ampliação da usina de Monlevade, que dobrará de tamanho até o segundo trimestre de 2012: passará de 1,2 milhão de toneladas de fio-máquina por ano para 2,4 milhões, com investimentos de US$ 1,2 bilhão. Para atender à empresa, a Vale ampliará a capacidade ferroviária e de infraestrutura e trabalha, agora, na fase de engenharia e desenvolvimento de vagões.
"A ideia é fazermos contratos de acordo com a nova realidade de volume deles", disse. "Com certeza vai mudar o destino, (a ArcelorMittal) vai precisar levar aço para distâncias maiores, dentro da nossa malha, como Nordeste e Centro-Oeste."
(Sabrina Valle)
Fonte: AE Broadcast