sábado, 21 de agosto de 2010

BTG reduz preço-alvo do Pão de Açúcar para R$ 77, mas vê ponto de entrada nas ações

Por: Equipe InfoMoney
20/08/10 - 18h05
InfoMoney


SÃO PAULO - O BTG Pactual ajustou suas perspectivas para o segmento alimentício do Pão de Açúcar (PCAR5) no longo prazo e reduziu a estimativa de margem Ebitda (relação entre receita líquida e geração operacional de caixa) de 7,2% para 6,9%. O banco ainda cortou a estimativa de lucro por ação tanto para 2010 quanto para 2011 em 18% e 10%, respectivamente, para que as projeções passem a refletir resultados aquém do esperado no segundo semestre. 

Com isso, o modelo de fluxo de caixa descontado, usado para determinar o preço-alvo para as ações, trouxe redução do target, para R$ 77. Ainda assim, lembram Fabio Monteiro e Thiago Duarte, responsáveis pelo relatório, o número significa upside expressivo de 32% em relação ao atual patamar de cotação dos papéis do Pão de Açúcar, e por isso a recomendação continua a ser de compra para os ativos do grupo.

Além disso, explica o BTG, os múltiplos da companhia mostram desconto em relação aos pares latino-americanos, e com o recente movimento de realização em cima das ações do Pão de Açúcar, esse seria um ponto de entrada interessante para os investidores que vislumbram potencial relacionado a captura de sinergias com os negócios recentes.

Casas Bahia
Entre eles, claro, está a Casas Bahia. De acordo com os analistas, as sinergias dessa operação são chave, e como ainda há falta de detalhamento financeiro que permita avaliação mais completa, as sinergias podem surpreender pelo lado positivo. De acordo com o BTG, esse fator poderia superar "facilmente" o montante inicialmente previsto, de R$ 2 bilhões em valores atuais, com a possibilidade de que o valor exceda até mesmo a nova previsão, de R$ 4 bilhões.

A estimativa do BTG, explicam os analistas, baseia-se num desconto adicional de 6% nos produtos recebidos por Ponto Frio e Extra Eletro dos fornecedores, para que haja equivalência com os preços de compra da Casas Bahia. Além disso, os analistas esperam que as despesas de marketing da Casas Bahia passem a ser mais focadas no retorno, já que a companhia gasta atualmente cerca de R$ 1 blhão por ano com campanhas publicitárias. Assim, o valor total de sinergias capturadas poderia chegar a R$ 4,5 bilhões, sem contar com o poder de desenvolvimento da franquia financeira da Casas Bahia, que poderia ser responsável por um valor adicional de R$ 87 milhões a R$ 1,4 bilhão.

Resultados
O BTG Pactual também fez mais alguns comentários sobre o resultado do Pão de Açúcar no segundo semestre deste ano. Um sinal amarelo apareceu, explicaram os analistas, por causa da contração de margens, em função do "efeito Assaí", das margens operacionais mais baixas e despesas e custos operacionais mais altos.

No entanto, os analistas acreditam que em parte esses fatores refletiram efeitos sazonais não-recorrentes, e por isso não necessariamente o resultado do último trimestre desencadeia conclusões claras para tendências futuras. Na verdade, o BTG se diz confiante de que as margens ficarão estáveis, com crescimento das receitas acima da inflação, o que diluiria os custos fixos da companhia. "Se estivermos certos, o segundo semestre deve trazer recuperação na rentabilidade" para o Pão de Açúcar, concluem os analistas.