Por: Nathália A. Terra Pereira
18/06/10 - 13h50
InfoMoney
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Economia global e a Europa
O primeiro ponto abordado por Laidler foi o cenário macroeconômico internacional. “De forma geral, continuamos observando uma recuperação sólida ante à crise financeira”, afirma o estrategista. Já sua opinião quanto à Europa é tomada por maior cautela.
“A crise europeia é quase um caso à parte. Nós reconhecemos que os riscos de uma deterioração fiscal generalizada no continente cresceram, mas ainda assim, acreditamos que a situação seja contornável”, diz Laidler.
Quanto ao impacto sobre a América Latina, “ele seria muito pequeno, ao menos em nosso principal cenário”. Isto porque a equipe do JPMorgan não descarta um cenário alternativo, mais pessimista, no qual a crise fiscal europeia poderia impactar as commodities - pesando, desta forma, sobre as economias latino-americanas.
Otimismo à economia brasileira
Em seguida, a dupla de estrategistas revelou suas perspectivas para a economia brasileira, cujo PIB (Produto Interno Bruto) deve crescer em torno de 6% esse ano e 3% em 2011. “De forma geral, estamos otimistas”, afirma Shayo. A melhora na percepção da equipe quanto ao País deve-se, segundo Shayo, à dissipação de temores em dois fronts: o inflacionário e, consequentemente, de política monetária; e o político, tendo em vista as eleições presidenciais.
“Temos observado um movimento de estabilização nas expectativas inflacionárias do mercado, antes crescentes. Dessa forma, nossos temores de um aperto monetário possivelmente maior que o esperado vêm se dissipando”, afirma Shayo, para quem o ciclo de elevações na taxa Selic promovido pelo Copom (Comitê de Política Monetária) deva estar já pela metade – cabe lembrar que, até agora, o juro sofreu dois aumentos consecutivos de 75 pontos-base cada, encontrando-se atualmente a 10,25% ao ano.
Paralelamente, à medida que as eleições se aproximam, diminuem os temores do JPMorgan quanto à sucessão da cadeira no Planalto. “Temos conhecido melhor as propostas dos principais candidatos e não acreditamos em uma grande recepção negativa do mercado, seja qual for o ganhador”, afirma Shayo.
Por fim, a estrategista revela suas projeções para o câmbio. Para Shayo, o dólar comercial deve fechar 2010 em torno de R$ 1,80, ao passo que ao final do ano que vem, a moeda norte-americana deve estar cotada a R$ 1,90.
Montando a estratégia no mercado
Toda a análise feita pelo JPMorgan do cenário macroeconômico serve como fundamento para a construção de uma estratégia quanto ao mercado de ações. Considerando o bom momento econômico vivido pelo continente latino-americano, a visão dos estrategistas não poderia ser diferente de uma guiada por forte otimismo.
Se as projeções à América Latina já são positivas, às relativas ao Brasil o são ainda mais. “Papéis domésticos, atrelados à economia brasileira, são nossa principal recomendação de investimento. As ações estão muito descontadas e desfrutam de alto potencial”, afirma a dupla de estrategistas.
Entre tais “ativos domésticos”, caracterizados pela maior dependência ao desempenho econômico interno, o JPMorgan destaca os setores imobiliário e financeiro, “extremamente atrativos”. Em contrapartida, recomendam distância de papéis ligados às commodities, “ao menos por ora, enquanto as incertezas não se dissipam”.