sexta-feira, 4 de junho de 2010

BOLSA ABRE PRESSIONADA POR PAYROLL ABAIXO DO ESPERADO E HUNGRIA

São Paulo, 4 - O payroll de maio nos Estados Unidos abaixo das estimativas acentuou o clima negativo nos mercados, empurrando as bolsas e as commodities para as mínimas. O Ibovespa futuro que vinha operando em baixa de pouco mais de 1%, pressionado por preocupações com a situação fiscal da Hungria, acelerou o sinal negativo e recuava mais de 2% há pouco, perdendo os 62 mil pontos. A sexta-feira espremida entre o feriado local e o fim de semana e a fraca agenda do dia prometem liquidez bem reduzida na Bovespa, o que tende a fortalecer a volatilidade doméstica.

Nos EUA, os índices futuros de ações registravam baixas superiores a 2%, após o relatório do emprego de maio ter mostrado a criação de 431 mil vagas ante previsão de abertura de 515 mil postos de trabalho. A taxa de desemprego desacelerou para 9,7%, exatamente como o esperado. Na Europa, antes mesmo do dado do payroll, o euro bateu a mínima em quatro anos, operando abaixo de US$ 1,21, refletindo as preocupações com a economia húngara.

No mercado de commodities, a deterioração dos preços também se acelerou, o que joga pressão nos papéis ligados ao setor negociados na Bovespa. O petróleo era cotado abaixo de US$ 73 por barril, desvalorização de mais de 2% e o cobre para julho recuava 2,46% em Londres.

"Como os números divulgados recentemente nos EUA estavam vindo melhores do que o estimado, o mercado estava preparado para um payroll mais forte e isso não se confirmou num dia de novas notícias indicando fragilidades fiscais na Europa", comenta o economista-chefe da Legan Asset Management, Fausto Gouveia.

A Europa, que vinha dando uma pequena trégua em termos de noticiário negativo nos últimos dias, volta a assustar o mercado, reacendendo o medo de alastramento da crise na zona do euro. A Hungria é a preocupação da vez. Na quarta-feira, o vice-presidente administrativo do Partido Fidesz, Lajos Kosa, declarou que o país está diante de uma crise de dívida soberana semelhante à da Grécia, que poderia resultar no rompimento com o FMI. Hoje, o porta-voz do primeiro-ministro da Hungria, Peter Szijjarto, disse que a economia do país está em "situação grave", mas que o país não seguirá o mesmo caminho da Grécia, uma vez que o novo governo não deixará que isso aconteça. "O governo está pronto para evitar o caminho da Grécia", afirmou o porta-voz.

Aqui, com o clima externo ruim, os investidores devem deixar de lado a divulgação pela Petrobras, quarta-feira à noite, de nota sobre o início do período de silêncio referente à oferta pública de ações que pretende fazer dentro do processo de capitalização. A nota sobre o período de silêncio não informa sobre o cronograma. No entanto, a previsão da estatal até onde se tinha notícia era de conclusão da captação até o começo de agosto.

A notícia do Estadão de hoje de que o governo voltou a estudar zerar as tarifas de importação de aço, para conter o impacto da alta do preço do produto na inflação, também não deve ter efeito. Depois de elevar os preços entre 10% e 15% em abril, as siderúrgicas negociam com os clientes um novo reajuste de 10% para junho ou julho. Mas segundo o presidente executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo Lopes, nem mesmo a redução da alíquota de importação interromperia as negociações para um novo reajuste do preço do aço. Com mais um aumento do minério e a subida do carvão, ele diz que as siderúrgicas só têm o repasse como saída. (Sueli Campo)

Fonte: AE Broadcast