segunda-feira, 22 de março de 2010

Com ressalvas a resultados, Morgan Stanley corta recomendação da Telesp

Por: Julia Ramos M. Leite
22/03/10 - 21h00
InfoMoney


SÃO PAULO – Citando expectativa de fracos resultados trimestrais e queda nos dividendos, o Morgan Stanley cortou a recomendação para os ativos da Telesp (TLPP4) de “equal weight” (desempenho igual a média do mercado) para underweight (abaixo da média do mercado)
De acordo com as analistas Vera Rossi e Silvia Pioner, apesar do atual patamar de valuation ser atrativo, os dividendos e resultados da companhia devem seguir recuando a taxa média de 10% ao ano. “2010 será um ano difícil para as empresas do setor no Brasil, com a aceleração da migração da telefonia fixa para a móvel impulsionando a competição por preço entre as empresas de wireless”, afirmam.

Migração acelera competição no setor
Com a migração dos clientes para a telefonia móvel, as empresas devem compensar as perdas através da transmissão de dados. Entretanto, Rossi e Pioner destacam que a Telesp não tem um bom histórico de banda larga, especialmente em comparação a suas principais competidoras (NET e GVT). Em 2009, a Telesp teve o menor avanço no número de clientes de banda larga, com 81 mil adições versus 665 mil da NET, por exemplo.


Esse histórico deve se traduzir em baixa adesão aos produtos, pressionando as receitas, que devem recuar 4,5% em 2010, 7,7% em 2011 e 6,5% em 2012, todos em comparação anual.

A maior competição no setor, com a entrada da GVT em São Paulo e a rápida expansão na base de clientes da NET, também deve prejudicar os resultados da Telesp.

Lucros e margens em queda
A queda nos lucros, por sua vez, vai pressionar o fluxo de caixa livre da companhia, que deve cair 34,8% em 2010, ficando, contudo, em um patamar “decente”, de acordo com as analistas, que permitirá pagamento de dividendos em torno de 75%.


Além disso, as analistas destacam que as margens da empresa têm se deteriorado em ritmo mais acelerado do que as demais empresas do setor na América Latina, mesmo que a queda nas receitas seja menor do que a de seus principais pares. O aumento dos custos de terceirização é o principal responsável pela queda nas margens.

Dividendos
Considerando as expectativas para as receitas e lucros da companhia, as analistas do Morgan Stanley projetam um recuo também dos dividendos. “Nos últimos dois anos, a queda nos dividendos foi em torno de 12% ao ano. Acreditamos em dividendos de R$ 1,3 milhão em 2010, R$ 1,2 milhão em 2011 e R$ 1,13 milhão em 2012, com dividend yield de 6,7%, 5,9% e 5,5%, respectivamente”.


As analistas ressaltam ainda que a incerteza sobre a performance operacional da companhia é alta, e pode ter um grande efeito no pagamento de dividendos aos acionistas.

Preço-alvo e potenciais
Além de revisar as suas estimativas de 2010 e 2011 para receitas, Ebitda e ganhos por ação para baixo, o banco norte-americano também estabeleceu um preço-alvo de US$ 20 para os ADRs (American Depositary Receipts) da companhia de telefonia – o que implica um upside de -8,63% sobre o último fechamento.


No mercado nacional, as ações da empresa são negociadas com um desconto de 56% baseado no EV/ Ebitda (valor da empresa em relação à sua geração de fluxo de caixa), e 20% quando considerado o P/L (relação entre preço da ação e lucro esperado).

As analistas destacam que uma elevação de capex para melhorar sua rede poderia melhorar o cenário para os papéis. “Isso não aconteceu em 2009, mas considerando o bom histórico e posição financeira sólida da Telefônica, acreditamos que há espaço para elevar o capex para evitar maiores perdas de clientes”.