sexta-feira, 1 de abril de 2011

VIVO4, ITUB4 e CMIG4 dividem a preferência dos analistas, mostra índice da InfoMoney

Por: Thiago Salomão
31/03/11 - 20h20
InfoMoney



SÃO PAULO - Três ações dividiram a preferência dos analistas na medição mais recente do MCI (índice de consenso de mercado): Itaú Unibanco PN (ITUB4), Vivo Participações PN (VIVO4) e Cemig PN (CMIG4) receberam a nota 3,77 (em uma escala de 0 a 5) do indicador, que compilou a análise de 15 bancos e corretoras ao final de março.


Para uma melhor interpretação do MCI, é sempre importante considerar o número de avaliações atribuídas a cada ativo. Uma maior quantidade de opiniões tende a tornar mais robusta a sugestão. Outro ponto importante do indicador é que ele considera os princípios de análise fundamentalista, sendo, portanto, mais recomendado para investidores que atuam com foco no longo prazo.


As mais recomendadas
AçãoMCIAvaliações
Itaú Unibanco PN3,7711
Cemig PN3,7712
Vivo Participações PN3,7712
OGX Petróleo ON3,7510
CCR ON3,6912
Lojas Americanas PN3,6813
Lojas Renner ON3,6113
GOL PN3,5311
Banco do Brasil ON3,5213
Pão de Açúcar PNA3,5012
Cosan ON3,4810
Vale PNA3,4811
Bradesco PN3,4612
ITUB4 se mantém no topo
Embora tenha dividido a liderança do consenso do mercado com outras duas ações, vale ressaltar que o Itaú Unibanco também apresentou a maior nota atribuída pelo indicador nas outras duas medições realizadas em 2011. O resultado deste mês, de 3,77, foi o mesmo visto na medição anterior.



O mês de março foi bastante conturbado para o setor financeiro. No dia 10, a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) deixou no ar que a autoridade monetária pode vir a adotar novas medidas macroprudenciais ao invés de manter o ciclo de aperto monetário para inibir o avanço da inflação, sinalizando que essas sequenciais altas na taxa básica de juro possam estar próximas do fim.


A interpretação tanto do mercado quanto dos analistas a essa possível mudança não foi das melhores, com as ações dos principais bancos do País amargando fortes perdas naquele. Isso deve-se ao fato de que, em momentos de elevação na Selic, os bancos conseguem repassar esse aumento na taxa para os seus clientes, garantindo uma defesa natural ao aperto monetário do governo. No entanto, a substituição disso por medidas que podem enxugar e encarecer a oferta de crédito, especialmente para pessoa física, acabam tendo um impacto mais significativo no setor.


Apesar de tudo isso, os analistas seguem bastante confiantes com o desempenho das instituições financeiras, alegando que as cotações atuais das ações dos grandes bancos já estão de certa forma precificando esse cenário conturbado. É o que defende, por exemplo, a equipe do UBS. Após o governo anunciar no último dia 29 a elevação da alíquota do IOF (Imposto sobre Operação Financeira) para 6% em operações de empréstimo externo, os analistas do banco revisaram para baixo o preço-alvo das ações das principais instituições do Brasil. No entanto, a recomendação de compra para elas foi mantida, com o Itaú Unibanco PN permanecendo como sua top pick do setor.


No mesmo sentido, os do Barclays Capital mantêm uma visão otimista para o desempenho das ações dos bancos nacionais em 2011, mesmo com possíveis medidas macroprudenciais a serem tomadas pelo BaCen. Em relatório, a equipe do banco destaca que, embora o forte resultado do volume de crédito apresentado na Nota da Política Monetária deixe claro que novas medidas macroprudenciais devam ser adotadas, o valuation dos bancos já mostra que esse cenário ruim já está bem precificado.


CMIG4 ganha dez posições no ranking
As ações preferenciais da Cemig deram um salto em relação à última medição do MCI: com a nota passando de 3,46 para 3,77, os papéis da empresa passaram da 11ª posição para a liderança atual no consenso dos analistas mensurada através do MCI. Com geração de caixa previsível, demanda inelástica e com um case de negócios bem maduro - o que diminui a necessidade de novos investimentos e, consequentemente, disponibiliza uma maior quantia de dividendos aos acionistas -, as empresas do setor de energia acabam sendo boas opções de investimento em momentos de maior volatilidade nos mercados.



É o que explica a Um Investimentos ao justificar porque elevou a participação das ações da companhia em sua carteira recomendada de março. Os temores inflacionários vividos por grandes economias emergentes, como o Brasil e a China, as tensões políticas que têm se alastrado em muitos países da África e do Oriente Médio, bem como a situação fiscal delicada de muitas economias da periferia europeia e a crise nuclear japonesa são alguns dos fatores que têm deixado os investidores em dúvida sobre o rumo dos mercados em 2011.


Mas não é apenas do seu perfil defensivo que a Cemig tem ganhado respaldo diante dos analistas. No mês de março, ocorreram dois eventos positivos envolvendo a companhia. O primeiro foi o acordo firmado entre ela, o governo de Minas de Gerais e a Petrobras (PETR3PETR4) para a construção de uma nova fábrica de amônia em Uberaba, no triângulo mineiro, além de um gasoduto para abastecer a Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN V), obras que fazem parte da segunda fase do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).


O outro evento, no final do mês, foi a divulgação dos resultados de 2010 da empresa, período no qual ela obteve lucro líquido de R$ 2,258 bilhões, 6% superior ao exercício de 2009. Segundo a Cemig, a qualidade dos ativos e a eficiência operacional, somados à forte estratégia de crescimento, garantiram os sólidos números apresentados. A reação dos mercados ao resultado também foi positiva: as ações CMIG4 fecharam com alta 2,19% no pregão em questão.


VIVO4 volta a aparecer na liderança
Ganhando três posições em relação à medição anterior, quando receberam nota 3,67, as ações PN da Vivo Participações aparecem na primeira posição do índice de consenso de mercado pela segunda vez em 2011 - elas dividiram a liderança com ITUB4 na primeira medição feita no ano, sobretudo por conta da reestruturação societária aprovada ao final de 2010 envolvendo Vivo e Telesp (TLPP4), em processo no qual a segunda empresa pretende incorporar a totalidade das ações da primeira em seu patrimônio.



A história ganhou novos capítulos em março, quando foi realizada uma OPA (Oferta Pública de Aquisição) pelas ações ordinárias da Vivo (VIVO3), em função da compra realizada em junho de 2010 pela Telefónica, quando ela adquiriu da Portugal Telecom 50% da Brasilcel, empresa controladora da Vivo. O leilão movimentou cerca de R$ 1,265 bilhão, com negociação de 10,63 milhões de papéis VIVO3.


Contudo, no final de março, foi anunciada a incorporação da totalidade das ações da Vivo pela Telesp, sendo firmado pela Telefónica que cada acionista da Vivo receberá 1,55 ação da Telesp para cada ação que ele deter da operadora de telefonia móvel. Essa relação de troca não foi muito bem recebida por muitas equipes de análise, como a do Barclays Capital, Citigroup, BTG Pactual eJPMorgan. No entanto, algumas corretoras, como Ágora e Link Investimentos, consideraram a relação de troca justa e em linha com o que era esperado.


A resposta do mercado também não tomou uma direção única. Na segunda-feira (28) em que foi anunciada a incorporação, as ações PN da Vivo recuaram 3,41%. No entanto, os papéis da companhia recuperaram essas perdas no decorrer da semana, fechando a última quinta-feira (31) com alta de 2,17%, acumulando um desempenho semanal positivo de 0,16%. Dessa forma, os ativos VIVO4 fecharam o primeiro trimestre de 2011 com forte valorização de 22,47%. 


O que é o MCI?
O Market Consensus Indicator (MCI) tem como principal objetivo facilitar as decisões de investimento dos usuários do site no mercado de ações. Considerando uma amostra com informações e projeções de diversos bancos de investimento e corretoras, o benchmark busca trazer um indicador de consenso entre os analistas de mercado a respeito das recomendações de uma determinada ação.



Variando em uma escala de 0 (venda forte) a 5 (compra forte), o indicador é calculado a partir das recomendações dos analistas consultados, trazendo um resumo do consenso. É importante destacar que o MCI é calculado apenas para ações com ao menos três recomendações de analistas distintos.