terça-feira, 2 de novembro de 2010

Gerdau Metalúrgica e AES Tietê dividem a preferência no consenso do mercado

Por: Anderson Figo
02/11/10 - 14h10
InfoMoney


SÃO PAULO -  Pela nona vez desde que teve início a compilação elaborada pela InfoMoney - em fevereiro de 2007 -, asações ordinárias da AES Tietê (GETI3) conseguiram a preferência dos analistas em outubro, dividindo o posto com os ativos PN da Gerdau Metalúrgica (GOAU4), estreante nesta posição do ranking, de acordo com o MCI (índice de consenso de mercado).


O indicador, que compila a análise de 24 corretoras e bancos de investimento, atribuiu a nota 5,00 (em uma escala de 0 a 5) aos papéis da AES e da Gerdau Metalúrgica, refletindo principalmente as boas perspectivas para os setores elétrico e metalúrgico no Brasil.


Para uma melhor interpretação do MCI, é sempre importante considerar o número de avaliações atribuídas a cada ativo. Uma maior quantidade de opiniões tende a tornar mais robusta a sugestão. Neste caso especificamente, vale ressaltar que os papéis da AES Tietê e da Gerdau Metalúrgica receberam uma recomendação a mais que o limite mínimo para serem considerados dentro da metodologia do indicador: quatro sugestões cada.


Outro ponto importante do indicador é que ele considera os princípios de análise fundamentalista, sendo, portanto, mais recomendado para investidores que atuam com foco no longo prazo.


Nona vez na liderançaAs boas percepções para a AES Tietê se espelham no maior consumo de energia  no País. Segundo dados da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), o consumo médio de energia nas residências brasileiras em setembro deste ano cresceu 5,8% frente ao mesmo mês de 2009, totalizando 8.904 GWh (gigawatts-hora).


As mais recomendadas
AçãoMCIAvaliações
AES Tietê ON5,004
Gerdau Metalúrgica PN5,004
Confab PN4,694
Cia. Hering ON4,694
Vale PNA4,6510
Vivo PN4,6510
EcoRodovias ON4,583
Marfrig ON4,568
Gerdau PN4,5310
Lojas Americanas PN4,53 
No acumulado do ano, o consumo residencial já é 7% superior ao ano passado. Com isso, a EPE elevou sua expectativa para 2010, esperando agora que encerre com 420 mil GWh consumidos, evolução de 8,1% frente a 2009 - a previsão anterior indicava expansão de 7,7%.


De acordo com a EPE, a alta no consumo de energia nas famílias se explica pela taxa de desemprego relativamente baixa e o aumento da massa salarial. "Adicionalmente, concorre para essa elevação no consumo a expansão do crédito, aplicado, em parte, na aquisição de equipamentos eletrodomésticos", afirma o relatório da entidade.


Além disso, recentemente, o CMN (Conselho Monetário Nacional) aprovou a autorização pelo Banco Central da elevação do limite de crédito para as empresas estatais de energia elétrica.


A resolução, aprovada em reunião extraordinária, eleva o limite a R$ 800 milhões na soma de operações. A medida ressalva que as operações de crédito só poderão ser realizadas por empresas nas quais os governos tenham acesso a um programa de saneamento.


O assessor econômico do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, declarou que a medida veio da necessidade exigida pelo crescimento econômico brasileiro de novos investimentos no setor elétrico. Assim, a elevação fortalece a capacidade das companhias, ajudando na recuperação e, portanto, em seus equilíbrios econômicos.


Em sua lista de recomendações, a Coinvalores destacou que a AES Tietê possui margens estáveis, com baixo endividamento e com investimentos que são apenas para manutenção. "Por isso seus resultados são bem previsíveis e paga um dos mais altos dividend yields do setor de energia, com pay out da ordem de 100%", argumentou a corretora.


Gerdau Metalúrgica: primeira vez no topo do ranking
Dividindo o topo do MCI pela primeira vez, os papéis da Gerdau Metalúrgica refletem o movimentado noticiário do setor siderúrgico nacional. As empresas do setor siderúrgico em geral têm apresentado forte alta em suas ações recentemente.



Para a analista Cristiane Viana, da Ágora Corretora, o movimento das ações foi uma resposta otimista dos investidores às medidas anunciadas na imprensa para a importação de aço no Brasil. As compras internacionais vêm crescendo desde o começo do ano, preocupando o mercado em relação aos preços domésticos e a queda na margem das siderúrgicas brasileiras.


A medida anunciada pelo governo alivia a preocupação, segundo Cristiane. De acordo com notícia do jornal Valor Econômico, a Receita Federal, através da Coana (Coordenação Geral de Administração Aduaneira), estabeleceu uma tabela de preços mínimos para diversos tipos de aço plano e longo. Assim, o importador terá que pagar uma alíquota de importação de 12% sobre o valor fixado na tabela e não sobre o valor declarado na nota de compra.


Leonardo Correa e Renato Antunes, do Barclays Capital, exaltaram a iniciativa do governo, prevendo um mudança estrutural no setor nacional de siderurgia. Sem grandes bases materiais para abordar as possíveis mudanças nas taxas aduanerias, a dupla de analistas destaca que o aspecto mais importante da iniciativa será aumentar a burocracia para importar aço no País. "De agora em diante, todos os carregamentos deverão ser liberados por autoridades da Receita Federal e as remessas suspeitas serão retidas para inspeção, o que pode demorar de 30 a 40 dias", explicam Correa e Antunes.


Contudo, eles ressaltam não esperar uma elevação nos preços em decorrência da medida, uma vez que os dois principais problemas que vêm prejudicando o segmento continuam pressionando os preços: o alto nível dos estoques e o volume das importações, que deverá permanecer elevado nos próximos meses, mesmo que em uma tendência de queda.


"Mantemos nossa visão de que o setor brasileiro de siderurgia está passando por uma mudança estrutural e que no longo prazo o prêmio dos preços deverá cair", explicam os analistas do banco britânico, colocando a medida de elevar a taxação sobre as importações dentro de um movimento maior de reformulação da matriz dos insumos siderúrgicos do País.


O que é o MCI?
O Market Consensus Indicator (MCI) tem como principal objetivo facilitar as decisões de investimento dos usuários do site no mercado de ações. Considerando uma amostra com informações e projeções de diversos bancos de investimento e corretoras, o benchmark busca trazer um indicador de consenso entre os analistas de mercado a respeito das recomendações de uma determinada ação.



Variando em uma escala de 0 (venda forte) a 5 (compra forte), o indicador é calculado a partir das recomendações dos analistas consultados, trazendo um resumo do consenso. É importante destacar que o MCI é calculado apenas para ações com ao menos três recomendações de analistas distintos.