quarta-feira, 13 de outubro de 2010

BTG Pactual prefere Vale a siderúrgicas, mostrando pessimismo com setor

Por: Tainara Machado
13/10/10 - 19h58
InfoMoney


SÃO PAULO - Várias instituições reduziram estimativas de lucro e preço-alvo para as companhias siderúrgicas, como o Goldman Sachse o Deutsche Bank. Os investidores agora se perguntam, diz o BTG Pactual, se o viés mais pessimista para o setor já foi precificado pelos papéis das companhias com as quedas recentes. "Apesar de acreditarmos que a mudança de sentimento tenha sido abrupta, ainda vemos potencial para diminuição das projeções de ganhos para as siderúrgicas", afirmaram Edmo Chagas e Antônio Heluany, analistas do BTG. 


O ajuste das siderúrgicas brasileiras às condições mais difíceis  de mercado no segundo semestre de 2010 deve deteriorar os resultados do terceiro trimestre, com fraqueza adicional dos balanços esperada para o último trimestre do ano, já que os cortes de preço pelas companhias só começaram na metade do terceiro trimestre. "Com os custos subindo, é improvável que a situação seja revertida em 2011, mas acreditamos que as companhias serão capazes de recuperar parte do volume perdido para as importações", de acordo com o BTG Pactual. 


Em relação ao mercado doméstico, a demanda continua forte, mas menos vibrante do que no segundo trimestre. Para o próximo ano, a previsão é de crescimento "decente", o que deve impulsionar volumes. De acordo com os analistas do BTG Pactual, a empresa em melhor situação é a Gerdau (GGBR4), que opera atualmente com 75% da capacidade no Brasil. Para a Usiminas (USIM3USIM5), a visão é a mais pessimista, já que alguns dos assuntos que emperram o desempenho da empresa são estruturais e demorarão para ser corrigidos. 


Num último comentário, no entanto, os analistas avaliam que apesar do risco de mais cortes de projeções para ganhos no setor siderúrgico, é necessário ficar alerta, já que um sentimento excessivamente negativo para o setor poderia abrir um bom ponto de entrada nessas ações, à medida que a demanda global por aço comece a se recuperar, elevando os preços globais. 


Analistas preferem Vale
Pelos motivos citados acima, Chagas e Heluany declararam preferir os papéis da Vale (
VALE3VALE5) entre as empresas produtoras de matérias-primas, que tem apresentado performance superior às ações de CSN (CSNA3), Usiminas  e Gerdau, principais players do setor de produção de aço. A perspectiva para a mineradora é mais positiva, fundamentada em alta nos preços do minério de ferro na China, situação esta que deve ainda acontecer em 2011 e 2012, projetam os analistas.


A maior preocupação com a mineradora é como a empresa empregará seu dinheiro no próximo ano. De acordo com os analistas, é possível que a companhia apresente seu plano de investimentos para 2011 em seu Dia do Investidor, que ocorrerá em Nova York na próxima semana. A expectativa é que o capex passe os US$ 20 bilhões, já que a Vale deve incorporar novos projetos em sua expansão, como em fertilizantes. Por outro lado, a empresa deve inflar também custos em projetos já anunciados, como o de Serra Sul, por causa de atrasos e aumento de custos. 


Em relação às empresas do setor de papel e celulose, a visão negativa foi reiterada, já que a perspectiva de aumento da produção, com a entrada em operação de novas plantas, deve pressionar os preços cobrados no setor.