quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Carteiras para setembro continuam a buscar força na economia doméstica

Por: Equipe InfoMoney
08/09/10 - 19h30
InfoMoney


SÃO PAULO - Com preocupação em relação aos dados a serem divulgados no exterior - especialmente nos Estados Unidos -, e limitações como a oferta da Petrobras, as carteiras recomendadas para o mês de setembro voltam a procurar o mercado doméstico como refúgio frente às incertezas.

"No meio do caminho tinha uma pedra / tinha uma pedra no meio do caminho", dizem os famosos versos de Carlos Drummond de Andrade. As palavras do poeta de Itabira cabem nas perspectivas do Ibovespa para setembro.

"Após o não cumprimento de uma série de expectativas de indicadores de atividade econômica nos Estados Unidos, e após os episódios da crise dos déficits fiscais de países da zona do euro e desaceleração chinesa, os investidores, assim como nós, concluíram que as condições de recuperação econômica são isoladas, como no Brasil, que sofrem com o panorama internacional e, como não poderiam deixar de ser, não são suficientes para garantir rentabilidade sustentável ao Ibovespa", explica Ricardo Tadeu Martins, head de pesquisa da Planner.

Refém dos dados econômicos dos EUA, o cenário mais provável para o Ibovespa, conforme pintam os analistas, é de deslocamento lateral em setembro, haja visto as sinalizações díspares que os indicadores do país vem apresentando nos últimos meses.

Limitante doméstico
Como se não bastasse a força limitadora dos mercados norte-americanos, existe mais um empecilho para o mercado brasileiro: a capitalização da Petrobras (PETR3, PETR4). Com o cronograma da operação marcado para terminar antes do fim do mês, a oferta de ações da estatal, que promete ser a maior da história dos mercados de capitais, deverá influenciar as negociações por aqui. 


"Além dos “ruídos” ainda esperados sobre as cotações do papel, consideramos que tal operação, por seu porte, deve trazer impactos de curto prazo no mercado de forma geral, deslocando liquidez de outros papéis e consequentemente, provocando possíveis pressões nos preços de alguns ativos no transcorrer do mês", escreve em relatório Adriano Blanco D´Ercole, analista do banco Fator.

Antes nome certo em quase todas as carteiras recomendadas, é interessante notar o retorno gradual das ações da companhia às listas sugeridas de alocação. 

Varejo
No embalo do crescimento econômico doméstico e da expansão do crédito, os papéis de varejistas continuam a aparecer nas carteiras para o mês. Destaque para a Lojas Americanas (LAME4), com destaque para as vendas no varejo físico. Também a Lojas Renner (LREN3).

A aposta é que as empresas do setor se beneficiem "do bom momento da economia brasileira, com aumento da renda disponível e redução do desemprego", apontou o relatório de estratégia da corretora Spinelli.

Financeiro
Também merece destaque em meio as recomendações para setembro, os nomes ligados ao setor financeiro.
"Com a recente redução da aversão ao risco patrocinada, principalmente, por um cenário de relativa / temporária acomodação das expectativas quanto à solidez do sistema financeiro mundial, abre-se a possibilidade para que os papéis ligados às empresas no setor financeiro oscilem livremente e sem as amarras que fizeram dos meses recentes, meses de de forte volatilidade e de pressão sobre os preços, refletindo não só a percepção de que o setor financeiro nacional encontra-se bastante sólido, como o bom momento vivido pelo setor frente à forte expansão da economia nacional", aponta D´Ercole.

É o caso do Bradesco (BBDC4). Embalado pelos seus resultados do primeiro semestre deste ano, o banco goza do otimismo dos analistas, que projetam a manutenção da trajetória positiva de resultados.

A Cielo (CIEL3) também foi lembrada pelas corretoras. Embora os papéis da empresa venham sendo penalizados pela cautela dos investidores em relação ao acirramento do ambiente competitivo no setor, eles ainda contam com perspectivas animadoras no longo prazo, tendo em mente a baixa penetração de cartões no País.