terça-feira, 15 de junho de 2010

É hora de comprar? Ibovespa pode subir mais 30% até o final do ano

Por: Giulia Santos Camillo
15/06/10 - 11h05
InfoMoney


SÃO PAULO – A quantos pontos o Ibovespa estará em dezembro de 2010? Esta é a pergunta de um milhão - para a qual, diga-se de passagem, ninguém tem a resposta absoluta. Mas não custa tentar: os analistas estimam uma valorização de 29,5% do benchmark até o final deste ano, tendo como base o último fechamento.

Conforme levantamento da InfoMoney com 17 instituições, incluindo corretoras, bancos e um asset, a média das projeções dos analistas aponta um preço-alvo de 82.257 pontos para o Ibovespa ao final de 2010.

Longe de preverem a quantos pontos o benchmark realmente estará, as instituições calculam qual o preço justo do índice de acordo com premissas macro e microeconômicas. “Traçamos quanto vale, mas não que achemos que vai terminar nesse nível, porque o mercado pode precificar ou não, dependendo das notícias”, explica Kelly Trentin, da Spinelli Corretora. Confira as projeções:

Instituição  Preço-alvo para o Ibovespa
dez/2010
Ágora 82.000
BB Investimentos 83.000
Bank of America Merrill Lynch 74.000*
Bradesco Corretora 81.000
Futura Investimentos 80.000
Gradual Em Revisão
HSBC 80.000 - 85.000**
Infinity Asset Management 80.000
Itaú Securities 85.000
JPMorgan 85.000
Link Investimentos 85.000
Safra 80.000
SLW Corretora 81.877
Socopa 88.000
Souza Barros Em Revisão
Spinelli 86.484
WinTrade 80.000
Média 82.257
Mediana 82.000
Moda 80.000
*Pró-rata a partir do preço-alvo de 12 meses, de 81 mil pontos;
**Para cálculo de média, mediana e moda foi considerado o ponto médio da estimativa, de 82.500

Europa pesa, mas horizonte é positivo
“O problema do mundo hoje é a Europa”. A afirmação de Pedro Galdi, da SLW Corretora, explica a preocupação que atualmente permeia o mercado. Problemas fiscais nos países periféricos e grandes economias da região, como Alemanha e França, já anunciando medidas para cortar os déficits fiscais são apenas alguns deles.

A impressão de que o Velho Continente é a fonte de incertezas nos mercados agora e para o futuro é consenso. Porém, também é recorrente a projeção de que grande parte dos temores já estão precificados, de forma que os investidores devem dar mais atenção para o crescimento dos emergentes e dos Estados Unidos daqui para a frente.

A maior economia do mundo tem mostrado uma retomada da expansão, ainda que gradual. Prova disso é a alta anualizada de 3% no PIB (Produto Interno Bruto) do país no primeiro trimestre, conforme a segunda prévia divulgada pelo Departamento de Comércio. No quarto trimestre, o avanço foi de 5,6%.

No Japão, o caminho é o mesmo, com a economia do país crescendo a uma taxa anualizada de 5% nos três primeiros meses deste ano. E a China, como sempre, é o carro-chefe do crescimento mundial: na passagem do quarto trimestre de 2009 para o primeiro trimestre de 2010 o país alcançou um avanço de 12,2%.

Brasil: a bola da vez
Além das expectativas positivas em torno do crescimento de economias-chave, os fundamentos do Brasil também adicionam otimismo nas análises. No primeiro trimestre, o PIB doméstico subiu 9% na base anual. Não à toa, o crescimento previsto para este ano foi elevado para 6,99%, conforme as estimativas contidas no relatório Focus. As projeções podem parecer exageradas, mas Rossano Oltramari, analista-chefe da XP Investimentos, garante que não. “Nossa estimativa é de crescimento de 6,6%, com viés de alta”, informa.

E não é apenas a perspectiva de expansão da economia: os resultados corporativos também devem sustentar o otimismo nos meses vindouros. Segundo Oltramari, as empresas vão gerar resultados e os lucros tendem a continuar positivos nos próximos trimestres. Vale ressaltar que a XP Investimentos não tem estimativas para dezembro deste ano, mas vê o Ibovespa “acima dos 80 mil pontos no médio prazo”.

Economia em plena expansão, lucros crescentes. O que mais o Brasil deve trazer? Volatilidade. Apesar das eleições não gerarem tanto temor quanto nos últimos anos, a disputa presidencial deve trazer certa instabilidade à bolsa, de acordo com o analista-chefe da XP Investimentos.

Recuperação a partir de agosto
Mas se as estimativas estão tão otimistas, onde está a recuperação? De acordo com Pedro Galdi, da SLW Corretora, junho e julho devem ser meses de maior volatilidade, por marcarem o período de férias no Hemisfério Norte, e por trazerem neste ano a Copa do Mundo de futebol, o que deve refletir num volume mais reduzido nos mercados acionários. Depois disso, os investidores devem testemunhar uma recuperação mais significativa.

Da mesma forma, Hamilton Alves, estrategista do BB Investimentos, reserva para os últimos meses de 2010 a recuperação mais aguda da bolsa. “O último trimestre normalmente é o melhor do ano”, afirma, apontando o fim das eleições como um fator também positivo.

O quarto trimestre parece trazer um consenso de melhora. Segundo Alan Oliveira, da Futura Investimentos, a volatilidade deve permanecer até agosto e setembro, sendo que o movimento altista começará logo depois e permanecerá até dezembro, à medida que os temores em relação à Europa se dissipam.

Análise Técnica
Para o analista técnico da WinTrade Fernando Góes, não está fácil de prever o mercado. De acordo com as premissas da análise gráfica, o Ibovespa vinha configurando uma queda grande, que poderia ter sido maior do que realmente foi – o benchmark chegou até os 57 mil pontos e voltou a subir, sendo que poderia cair abaixo dos 55 mil pontos.

“Não é apenas o gráfico que está indeciso”, afirma Góes, acrescentando que “ele reflete um mercado que está indeciso”. Segundo o analista técnico, o fato de não ter perdido os 55 mil pontos faz com que o mercado ainda possa ser positivo. Porém, é necessário ter em mente que o risco de queda não foi completamente afastado.

Quando entrar?
Avaliando o viés otimista com que grande parte dos analistas trata o mercado, a pergunta que fica é se agora é um bom ponto de entrada na bolsa paulista. “Os investidores que quiserem podem começar a se posicionar”, responde Pedro Galdi, da SLW. Alan Oliveira, da Futura, é da mesma opinião: “os investidores podem começar a fazer aplicações, mas não colocar tudo ao mesmo tempo. É melhor parcelar”.

Seguindo pelo mesmo caminho, Rossano Oltramari, da XP Investimentos, afirma que sempre é um bom momento para colocar dinheiro na renda variável. Para os investidores que têm um horizonte de investimento de longo prazo, é interessante sempre fazer aplicações, fazendo da Bolsa uma espécie de poupança.