Londres, 18 - A União Europeia avança na regulação dos mercados financeiros ao adotar normas para a atuação dos fundos de hedge e de private equity. A iniciativa, aprovada hoje pelos ministros de Finanças do bloco, faz parte da política de apertar as regras para evitar a repetição da crise financeira que colocou o mundo em recessão.
Apesar de os problemas que culminaram no colapso do Lehman Brothers terem sido originados nos bancos, os fundos especulativos são acusados de ampliar a turbulência ao apostar pesadamente contra os ativos e lucrar nos momentos mais difíceis.
"Não estão claros os ganhos sociais que temos com os fundos de hedge", afirmou à Agência Estado o professor Ray Barrell, do Instituto Nacional de Pesquisa Econômica e Social do Reino Unido.
Para ele, é mais importante apertar as regras sobre os fundos de hedge do que sobre os private equity, que funcionam como uma alternativa de financiamento para as empresas.
Com o apoio da França e da Alemanha, as regras tiveram objeções do Reino Unido, o país mais prejudicado pelas medidas, pois concentra 80% da indústria. A reunião de hoje representou a primeira participação em Bruxelas do novo ministro de Finanças Britânico, George Osborne. Existe preocupação de que as regras esvaziem a City londrina, centro financeiro do país, já abalada pela crise.
Apesar das contestações de representantes da indústria, o Man Group, um dos maiores fundos de hedge do mundo, sediado em Londres, diz que já possui experiência em operar em ambientes altamente regulados ao redor do mundo. Conforme afirmou por meio da assessoria de imprensa, as novas regras criarão barreiras de entrada no setor, o que lhe dará vantagem competitiva.
As normas aprovadas hoje enquadram gestores até então considerados sem supervisão. Os fundos terão de divulgar mais informações sobre suas atividades e ficarão sob a guarda de um novo órgão regulador europeu. Também fica mais difícil investir em ativos fora da União Europeia. A expectativa é a de que as normas entrem em vigor em 2012. Agora, terão de ser discutidas no parlamento europeu. (Daniela Milanese)
Fonte: AE Broadcast