| A semana começou pessimista. Na segunda-feira, o dia foi marcado pelas medidas anunciadas por grandes nações europeias para cortar gastos do orçamento, entre eles a Inglaterra. Menos de um mês após a eleição do novo governo, o país anunciou decisão de acabar com os chamados "cheques-bebê", que disponibilizavam uma quantia para cada criança nascida no país. Além disso, foram congeladas as novas contratações de funcionários públicos. O objetivo é inverter a escalada do endividamento do estado, e deve economizar mais de 7 bilhões de euros somente em 2010. Outro país que decidiu pela adoção de planos de ajustes agressivos no orçamento foi a Alemanha. O plano do governo pretende economizar cerca de 10 bilhões de euros entre 2010 e 2016 através do aumento de impostos e redução de despesas sociais. Já na França, o governo estuda a possibilidade de aumentar a idade mínima para aposentadoria. Por lei, os franceses podem sair do mercado de trabalho aos 60 anos, uma das idades mais baixas da UE. O objetivo do presidente francês, Nicholas Sarkozy, é aproximar este patamar da idade média dos parceiros europeus. As autoridades também querem aumentar os impostos sobre grandes fortunas. Na terça-feira, a Agência Nacional de Estatísticas do Reino Unido informou que o crescimento da economia no primeiro trimestre do ano foi de 0,3%. O resultado do PIB britânico supera em pouco as estimativas dos investidores. Os dados preliminares apontavam para expansão de 0,2%. Além disso, o clima de tensão entre Coreia do Norte e Coreia do Sul também afetou as cotações. A Coreia do Norte decidiu cortar todas as relações com o vizinho, inclusive as comunicações, o que acabou por gerar nova onda de pessimismo nas Bolsas. A Ásia continuou em pauta ao longo da semana. Na quinta-feira, dia de ganhos para os investidores nas bolsas, a Corporação de Investimentos da China, o fundo soberano do gigante asiático, anunciou que manterá seus investimentos na zona do euro apesar da crise que assola a região, segundo seu presidente, Gao Xiqing. Gao advertiu que o fundo "seguirá de perto" a evolução das políticas econômicas europeias, a volatilidade dos mercados e a cotação do euro. No Japão, as exportações aumentaram 40,4% em abril, perante um ano antes, para 5,889 trilhões de ienes, apoiadas pela forte demanda por semicondutores e veículos. Com isso, o país asiático registrou superávit na balança comercial de 742,262 bilhões de ienes em abril. Na sessão de hoje, foi a vez da Espanha atrair as atenções do mercado. Após revisão para baixo pela S&P do rating, de "AA+" para "AA" em abril, hoje foi a vez da agência de classificação de risco Fitch rebaixar a nota do país latino. A revisão corta de AAA, maior nível, para AA+ a classificação. Segundo a agência, a recuperação econômica do país será mais lenta que a previsão do governo devido às medidas de austeridade. Para a analista de crédito da Standard&Poor's, Myriam Fernandez de Heredia, os cortes do orçamento da Espanha estão no caminho certo, embora o país ainda enfrente o risco de que as medidas de austeridades não sejam implementadas. Em reportagem publicada no site português Jornal de Negócios, a analista adiantou que qualquer movimento para tornar o mercado de trabalho mais flexível teria "impacto positivo na qualidade de crédito". Na agenda econômica semanal dos EUA, destaque para dados do consumo, do PIB e do setor imobiliário, entre outros. O Departamento de Comércio anunciou que, em abril, o número de vendas de casas pendentes, avançou em 7,6% para um total de 5,77 milhões de unidades, ao passo que as vendas de casas novas no país cresceram em 93 mil unidades, para um total de 504 mil no mesmo período. O resultado ficou bastante acima da expectativa, já que a média dos analistas esperava 425 mil unidades, com as previsões mais otimistas em 435 mil. Além disso, os preços de imóveis residenciais caíram 0,5% em março na comparação com fevereiro, segundo o Case-Shiller HPI, divulgado pela S&P. No ano passado, porém, houve alta de 2,3% dos preços das casas, o segundo ganho anual consecutivo. Já os preços de casas medidos pela Federal Housing Finance Agency caíram 1,9% no primeiro trimestre de 2010, em comparação com o quarto trimestre, e 3,1% em comparação com o ano anterior. Em março, porém, os preços subiram 0,3% na comparação com o mês anterior. No front negativo, o Departamento de Comércio do país revisou para baixo a prévia do PIB no primeiro trimestre, que passou para 3%, contra 3,2% da estimativa anterior. Apesar disso, a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE) revisou para cima suas estimativas de crescimento nos países desenvolvidos, onde espera aumento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,7% em 2010 e 2,8% em 2011, apesar de advertir que a dívida pública na Europa aumenta os riscos que existem sobre a economia mundial. As previsões anteriores para os 31 países democráticos mais ricos do mundo eram de 1,9% para 2010 e 2,5% para 2011. Em 2009, o PIB dos países OCDE se contraiu 3,3%. De acordo com a organização, os EUA cresceriam 3,2% enquanto os países europeus, 1,2%. O crescimento brasileiro foi estimado em 6,5%. Bastante aguardados pelo mercado, os dados do consumo no país não animaram. Em abril, a renda pessoal do trabalhador americano registrou avanço de 0,4%, enquanto as despesas dos consumidores permaneceram estáveis. Já o núcleo do índice de preços do PCE teve alta de 0,1%. Já a confiança do consumidor, no indicador elaborado pela Universidade de Michigan e a agência Reuters, registrou em maio um aumento de 0,3 pontos para 73,6 pontos. O resultado superou as projeções do mercado, que estimavam estabilidade para o índice. Também registrou melhoras o índice de Confiança do Consumidor apurado pela Conference Board, que avançou para 63,3 pontos em maio, contra expectativa média de 59 pontos. O resultado também ficou acima das projeções mais otimistas, que apostavam em 61 pontos, e foi o melhor desde março de 2008. Outro destaque da semana, o índice de negócios da região de Chicago, conhecido como Chicago PMI, registrou em maio queda para 59,7 pontos, contra 63,8 pontos de abril. A previsão dos analistas era que o indicador ficasse em 62 pontos. Em contrapartida, os novos pedidos de auxílio-desemprego recuaram em 14 mil na semana passada, para 460 mil, ao passo que as solicitações remanescentes caíram em 49 mil, para 4,61 milhões. Já os pedidos de bens duráveis registraram elevação de 2,9% em abril nos EUA, contra uma retração de 1,3% em março. A média dos analistas de mercado estimava resultado de 1,5%, com as previsões mais otimistas de alta de 6,4% e as mais pessimistas de avanço de 0,5%. Desta forma, os principais índices terminaram sem definção. O Dow Jones terminou a semana com queda acumulada de 0,6%, aos 10136,6 pontos. Já o S&P teve ganhos de 0,2%, aos 1089,40 pontos no período, ao passo que o Nasdaq teve valorização de 1,3%, aos 2257 pontos. |
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| No Brasil, a semana começou apreensiva. Segundo o Relatório Focus, elaborado semanalmente pelo BC, analistas elevaram a projeção do IPCA para o final do ano, para 5,67% contra 5,54% da semana anterior. Para 2011, a taxa permaneceu inalterada em 4,80%. No mesmo dia, a FGV divulgou que o IPC-S de 22 de maio registrou variação de 0,47%, taxa 0,17 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa apurada na última divulgação. Este foi o menor resultado desde a quarta semana de dezembro de 2009, quando o índice variou 0,24%. Em relação ao comércio externo, a balança comercial brasileira registrou na terceira semana de maio superávit de US$ 546 milhões, com média diária de US$ 109,2 milhões. A corrente de comércio chegou a US$ 7,394 bilhões, o que representou, em média, movimentação de US$ 1,478 bilhão por dia útil. No dia seguinte, o mercado conheceu que o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) da FGV elevou-se em 0,6% entre abril e maio de 2010, ao passar de 115,4 para 116,1 pontos, considerando-se dados com ajuste sazonal. Já a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) informou que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) no município de São Paulo avançou 0,35% na terceira parcial do maio. Na pesquisa anterior, a alta foi de 0,46%. A inflação também foi menor para o setor da construção. Em maio, o Índice Nacional de Custo da Construção - M (INCC-M) registrou taxa de variação de 0,93%, abaixo do resultado do mês anterior, de 1,17%. No ano, o índice acumula variação de 3,46% e nos últimos 12 meses, a taxa registrada é de 6,06%. O INCC-M é calculado com base nos preços coletados entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência. Na quinta-feira, o IBGE divulgou que a taxa de desocupação da população brasileira foi estimada em 7,3% em abril de 2010, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), 0,3 ponto percentual abaixo da de março (7,6%). No confronto com abril de 2009 (8,9%), a taxa recuou 1,6 ponto percentual, atingindo seu menor nível desde o início da nova série da PME (março de 2002) tanto para o conjunto das seis regiões metropolitanas investigadas1, quanto para cada uma delas separadamente. Nesta sexta-feira, a FGV anunciou que o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) variou 1,19% em maio, contra 0,77% de abril. De acordo com a entidade, apesar de IGP-M ter registrado neste mês a maior alta desde julho de 2008, não há tendência de alta para o indicador. "Para se ter uma tendência inflacionária é preciso haver um aumento generalizado de preços, e não é isso que estamos vendo", diz o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros. Desta forma, a Bovespa fechou a semana com aumento de 2,8%, aos 61947 pontos. |
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