São Paulo, 2 - Num dia de agenda mais fraca, tanto nos EUA como aqui, o foco das atenções na Bovespa se volta para a retomada da votação pelo plenário da Câmara da proposta de capitalização da Petrobras. O desempenho das ações da estatal está, portanto, condicionado, aos desdobramentos dessa votação e do comportamento do petróleo. A commodity opera em alta, na contramão do metais, mas sem forças para romper o nível psicológico de US$ 80 por barril. O contrato de cobre para maio caía 1% mais cedo em Londres, refletindo a avaliação de que o terremoto no Chile, que produz 34% de todo o cobre do mundo, provocou danos menores do que o se temia inicialmente.
As bolsas internacionais sustentam o viés positivo da véspera, refletindo o sentimento de menor possibilidade de default dos títulos da Grécia e de outros países europeus. O Ibovespa continua espelhando essa melhora externa e projeta no GTS alta de 0,47%, aos 68.290 pontos.
O diferencial da Bolsa hoje devem ser mesmo as ações de Petrobras, que devem ficar mais leves se essa votação for concluída. O líder do PT, Candido Vaccarezza, quer antecipar para quarta-feira a conclusão da votação do projeto que estabelece o novo modelo de partilha para a exploração do pré-sal, inicialmente prevista para 10 de março. Há o risco de o governo sofrer uma nova derrota nessa votação que autoriza a
capitalização da petrolífera. A oposição promete apresentar um destaque para garantir o direito de uso dos recursos do FGTS na aquisição das novas ações que serão emitidas pela estatal, contrariando a posição defendida pelo Palácio do Planalto. No caso do modelo de partilha, o problema a ser enfrentado é a proposta de divisão igualitária dos recursos que serão obtidos com a cobrança de royalties, uma compensação devida ao Estado pelas empresas que exploram petróleo.
A expectativa dos analistas é de que as ações da Petrobras diminuam a diferença em relação a Vale e OGX com a conclusão dessa votação, pois dará aos investidores uma sinalização positiva, "de que as coisas estão andando", diz uma fonte, embora as principais dúvidas - como o valor do aporte da União, a chamada cessão onerosa continuem em aberto - continuem em aberto.
Sem outras notícias no front, as ações da Vale devem acompanhar o comportamentos dos metais lá fora, que passam por uma realização de lucros.
As notícias sobre os desdobramentos da crise da Grécia ainda no radar, mas os investidores começam a relativizar o problema grego, segundo um especialista. E a tendência, segundo ele, é a Bovespa voltar a ficar mais atrelado ao noticiário vindo da China e às commodities. Hoje, a informação que está nas telas das agências internacionais é de que o governo da Grécia deverá anunciar amanhã um novo pacote de austeridade de cerca de 4 bilhões de euros (US$ 5,4 bilhões) em um esforço para cortar seu grande déficit em quatro pontos porcentuais neste ano, segundo autoridades do
governo grego.
Na Bovespa, a novidade do dia é o anúncio do IPO da OSX. O braço de construção naval, afretamento de unidades e de serviços para a indústria off shore do empresário Eike Batista, anunciou hoje oferta pública inicial de ações ordinárias de 5.511.739, que deve movimentar R$ 6,4 bilhões, sem considerar os lotes suplementar e adicional, ao preço médio da faixa indicativa (R$ 1.166,67). O preço de emissão estimado é entre R$ 1 mil e R$ 1.333,33 por ação, sendo que o valor final será definido após a conclusão do bookbuilding, que vai de hoje a 16 de março.
Em termos de balanços, o destaque do dia é o resultado do grupo Pão de Açúcar, líder do varejo no País. Ontem à noite, a CPFL Energia anunciou lucro líquido de R$ 425,125 milhões no quarto trimestre de 2009, alta de 25,1% sobre o mesmo período do ano anterior. O Ebitda trimestral totalizou R$ 746,307 milhões, expansão de 6,7% em igual comparação. No ano, a companhia reportou lucro líquido de R$ 1,286 bilhão, alta de 0,8% sobre 2008.
Esta manhã, a holding Itaúsa informou ter fechado 2009 com lucro líquido consolidado contábil de R$ 11,742 bilhões, crescimento de 116,2% em relação ao de 2008. Também anunciaram resultados o frigorífico Minerva (lucro líquido de R$ 17,5 milhões no quarto trimestre), Drogasil (lucro líquido de R$ 74,6 milhões em 2009, aumento de 45,8% ante 2008) e construtora Even (crescimento de 107,5% no lucro líquido no quarto trimestre, para R$ 40,397 milhões). (Sueli Campo)
Fonte: AE Broadcast