SÃO PAULO - Por conta dos investimentos de retornos questionáveis da CSN (CSNA3), como na Transnordestina e na Usiminas (USIM3;USIM5), além do contínuo atraso na entrega de minério de ferro, o Morgan Stanley manteve a recomendação equal-weight (desempenho em linha com o mercado) para as ações da siderúrgica.
O banco, entretanto, reduziu o preço-alvo estimado para as ações no final do ano, de R$ 18,60 para R$ 17,80, o que configura um potencial de valorização de apenas 11,25% em relação ao fechamento de quarta-feira (4). Além disso, o banco diminuiu a estimativa de Ebitda (geração operacional de caixa) da companhia para 2012 em 4,82%, de 7,63 para R$ 7,28 milhões.
Investimentos de baixo retorno
Segundo o analista Bruno Montanari, os investimentos nas ações da Usiminas podem levar a um overhang dos papéis da CSN (diluição do capital das ações, provocando uma desvalorização dos ativos). "Nós estimamos que a empresa terá uma perda de R$ 870 milhões caso decida concluir o processo de compra de 15,9% das ações da Usiminas aos preços correntes no mercado", avalia.
Para Montanari, mesmo que a compra das participações da Camargo Correa (CCIM3) e da Votorantim na siderúrgica pareçam ser um movimento estratégico para a CSN, a consolidação da empresa na Usiminas dependerá ainda de outros fatores. Com a entrada da Ternium no controle do grupo da Usiminas, por exemplo, a CSN terá uma influência limitada na companhia.
O investimento no projeto da Transnordestina, onde a companhia alocou a maior parte do seu Capex (despesas de capital em investimentos), apresenta baixa TIR (Taxa Interna de Retorno), avalia o analista. "Nós acreditamos que esse projeto seja muito limitado, e dado os diversos atrasos e às revisões do capex para o projeto, nós acreditamos que a TIR gerada será de somente 2%", projeta. Segundo o analista, o orçamento da ferrovia, de R$ 5,4 bilhões, será revisto novamente para cima, com um aumento entre R$ 6,6 bilhões a R$ 6,7 bilhões.
Ação sem catalisador imediato
Desse modo, o analista apresenta duas ressalvas em relação à companhia: a alocação de capital em investimentos de baixo retorno e a dificuldade na execução de projetos. De acordo com Montanari, os ativos da CSN só se valorizariam caso a companhia desenvolva seus projetos de crescimento da exploração de aço a tempo e dentro do orçamento.
Porém, baseado no contínuo atraso da expansão da produção de minério de ferro, os investidores provavelmente não irão pagar um preço alto pelos papéis da companhia até que ela prove estar de volta ao front de crescimento, acredita.