terça-feira, 11 de outubro de 2011

Empresas defensivas ganham espaço em carteiras recomendadas para outubro

07 de outubro de 2011 • 18h03Por: Nara Faria

SÃO PAULO - O cenário de aversão ao risco tomou conta do mercado durante o mês de setembro, com osinvestidores temerosos com um possível default da Grécia e com o receio de que a crise se alastre para os demais países da Europa, aumentando o risco de uma recessão global. Esse clima colaborou para que oIbovespa chegasse ao seu sexto mês seguido de queda, com recuo de 7,38%, o maior desde setembro de 2008.

Logo no início do mês de setembro, o governo daGrécia sinalizou que devido à forte queda do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano, fatalmente não seria possível um corte de gastos públicos com indicado para obter um novo empréstimo dos países vizinhos. "Imediatamente após o anúncio, os países membros da Zona do Euro optaram em postergar as conversas sobre a ajuda e isto acabou desencadeando um novo momento de estresse no mercado acionário", lembra Pedro Galdi, da SLW Corretora, em seu relatório mensal.
Enquanto isso, os indicadores econômicos norte-americanos foram predominantemente negativos no mês, sobretudo os números do setor imobiliário e do mercado de trabalho. Neste sentido, o presidente Barack Obama propôs ao Congresso e ao Senado um plano para estimular o emprego, enquanto o Fomc (comitê de política monetária dos Estados Unidos)  deu início à Operação Twist, para reduzir os juros longos e incentivar as aplicações em risco e consumo.
No Brasil, o grande destaque no período ficou por conta da inesperada medida do Banco Central que, contrariando as projeções, cortou os juros em 0,5% no último dia do mês de agosto, indicando ainda que novos cortes estão por vir.
À mercê da Zona do Euro e EUA
Diante de um cenário de muitas incertezas ainda em relação à capacidade de os países europeus de restabelecerem diante da gravidade da situação fiscal na região, analistas esperam que o mês de outubro ainda será de grande volatilidade e com as atenções voltadas para medidas que tragam alívio para a região, como a recente aprovação no dia 6 de outubro, de novas medidas de apoio à liquidez nos bancos da Zona do Euro.
Além disso, os investidores devem ficar atento à sinais de que medidas estão sendo tomadas para estimular a maior economia do mundo, os Estados Unidos, como o anúncio do presidente norte-americano, Barack Obama, também no dia 6 de outubro, de que a crise da dívida na Europa pode prejudicar os Estados Unidos e acrescentou que o Congresso deve aprovar sua proposta de plano de emprego, com o objetivo de impulsionar a economia.
 "Iniciamos o mês com perspectivas mais cautelosas, muito embora ainda vejamos diversas ações em patamares interessantes. Neste momento, preferimos direcionar nossas carteiras para posições mais defensivas em empresas com operações mais resilientes", explica a equipe de análise da XP Investimentos
Mais espaço para ações defensivasCom o cenário ainda apreensivo diante dos receio com a desempenho da economia global, empresas mais dependentes do mercado externo, como as ligadas ao setor de commodities - entre elas as blue chips Vale (VALE3VALE5), Petrobras (PETR3PETR4) - e do setor imobiliário - como a PDG (PDGR3) e EzTec (EZTC3), perderam espaço entre as recomendações durante o período.
Por outro lado, ativos de companhias mais consolidadas e menos vulneráveis às oscilações da economia global, tornaram-se mais atrativas neste cenário. Com isso, as ações da Telesp (VIVT4) passaram de cinco recomedações em setembro para 12 no mês de outubro, enquanto os ativos da Cemig (CMIG4) e AES Tietê (GETI4) somaram oito recomendações, ante as seis citações de ambas do mês passado.
No mesmo sentido, companhias do setor de rodovias, como a CCR (CCRO3), que havia recebido seis recomendações no mês de setembro, somou nove citações em carteiras de outubro, enquanto os ativos da Ecorodovias (ECOR3), que receberam duas recomendações no mês de setembro, dobrou o número de recomendações para outubro.
Bancos perdem espaçoApesar de ainda ser considerado um setor atrativo por conta das perspectivas, ações de grandes bancos perderam expaço nas carteiras, com exceção dos ativos do Bradesco (BBDC4), que aumentaram de sete citações em setembro, para nove em outubro.
Por outro lado, o Itaú Unibanco (ITUB4) reduziu de 12 para nove recomendações no período, enquanto os ativos do banco do Brasil (BBAS3) perderam quatro votos em outubro,  caindo de nove para cinco citações.
Planner Corretora optou por retirar as ações do Banco do Brasil para o período e afirma que o objetivo é reduzir a exposição em ação do setor bancário, mantendo a recomendação no setor para bancos menos vulneráveis ao desempenho da economia global em um período de maior turbulência no mercado externo.
"Os papéis do Banco do Brasil continuam bastante descontados e longe de seu real valor, no nosso entendimento. Porém em um cenário externo mais difícil, preferimos o papel do Banrisul (BRSR6), que possui um perfil mais defensivo. Continuamos apostando em BBAS3 no médio e longo prazo", afirma o analista Francisco Kops.