quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Analistas indicam 10 motivos para comprar ações da Vale, líder em recomendações

14 de setembro de 2011 • 14h52Por: Fernando Ladeira de Azevedo

SÃO PAULO – Resultados sólidos, preços elevados, liquidez, perspectivas positivas. Estes são alguns dos motivos costumeiramente apresentados por analistas para justificar a indicação de compra para as ações da Vale, as quais figuram no topo da lista de carteiras recomendadas para setembro, compilada pela InfoMoney.

"As ações da Vale devem constar em qualquer portfólio", dispara Ivanor Torres, analista da Geral Investimentos. Com um lucro líquido de R$ 10,3 bilhõesno segundo trimestre deste ano, a mineradora atingiu o melhor resultado para um período entre abril e junho, enquanto o Ebitda (geração opercional de caixa) atingiu o maior patamar de sua história, aos R$ 14,8 bilhões.
Além disto, as perspectivas continuam otimistas para a companhia, mesmo levando em consideração que sua atuação se concentra em commodities, segmento altamente dependente do crescimento econômico global - cujas projeções têm se deteriorado nos últimos meses. "Mesmo com a crise, a empresa tem encontrado margens positivas", ressalta Victor Penna, analista do BB Investimentos. Veja, a seguir, 10 motivos que justificam a preferência dos analistas pelas ações da mineradora:
Preço do minério de ferro continuará elevado
Apesar do desaquecimento da economia global, com revisões de projeções para EUA, Europa e países asiáticos, como a China – o principal mercado para a Vale -, as projeções para o minério de ferro continuam de demanda elevada. Algumas, mais otimistas, avaliam que a demanda por minério de ferro poderá dobrar  em um período de oito anos, segundo projeções da anglo-australiana Rio Tinto.
"As indústrias têm trabalhado com uma capacidade muito alta, então a demanda por minério de ferro para a construção de casas e infraestrutura de um modo geral também tem aumentado muito", indica Victor Penna.
Qualidade superior do minério de ferro
Ainda segundo Penna, a Vale possui uma vantagem competitiva quando comparada a mineradoras chinesas, uma vez que a porcentagem de ferro contida no mineral explorado pela companhia (62%) é superior ao das mineradoras da China. Assim, o custo de produção para a commodity exportada pela Vale é inferior ao das mineradoras chinesas.
Baixo endividamento
O analista da Spinelli Corretora, Max Bueno, ressalta como um dos fatores positivos da Vale o baixo endividamento que a companhia possui. Segundo dados divulgados pela empresa, a dívida líquida registrou queda de US$ 17,7 bilhões no segundo trimestre de 2010 para US$ 11,2 bilhões no último. Considerando-se a relação dívida bruta/valor empresarial, o múltiplo sofreu queda de 17,0% para 13,9%.
Líder no setor
Para aqueles que desejam investir no setor de minério de ferro, a Vale é indicada por ser a maior produtora da commodity no Brasil. Tal posição de liderança, com destaque também no cenário global, é um fator positivo para a companhia, dizem analistas.
Segundo dados referentes ao segundo trimestre deste ano, a companhia arrecadou R$ 14,3 bilhões com a venda de minério de ferro no período, muito acima que a receita operacional bruta de R$ 312,9 milhões da MMX no mesmo período.
No acumulado dos seis primeiros meses do ano, a mineradora registrou uma receita bruta de US$ 16,4 bilhões com as vendas de minério de ferro, enquanto, em âmbito global, a Rio Tinto acumulou receitas de US$ 13,7 bilhões no mesmo período, ao passo que a BHP Billiton alcançou US$ 20,4 bilhões.
Resultados sólidos
Deste modo, com perspectivas positivas para a demanda e para o preço do minério de ferro nos próximos trimestres, aliado ao baixo endividamento da companhia à sua posição de liderança e à "excelente geração de caixa", analistas projetam fortes resultados nos próximos meses.
Assim, o resultado para o terceiro trimestre deve vir "muito forte", argumenta Penna. "Levando-se em consideração que o preço do minério de ferro deve se manter em patamar elevado, a lucratividade da Vale vai ser muito grande", justifica.
Liquidez
As ações preferenciais da Vale costumam figurar entre as mais negociadas da bolsa, salvo raras exceções. Tal liquidez permite que os investidores se desfaçam de suas posições de maneira rápida, o que pode ser útil em momentos de turbulência. Além do mais, o elevado número de negociações também permite que os investidores realizem operações de day trade com maior facilidade, lembram os analistas.
No pregão de terça-feira (13), por exemplo, o Ibovespa movimentou R$ 5,07 bilhões, sendo que os papéis preferenciais da Vale foram responsáveis por R$ 561,78 milhões e, os ordinários, R$ 129,95 milhões. Desta forma, considerando-se ambas as classes de ações, apenas as negociações com a Vale foram responsáveis por 13,64% do volume total movimentado no Ibovespa, frente aos 7,65% da Petrobras.
Atuação diversificada
A Vale possui como atividade principal a exploração do minério de ferro. No entanto, a companhia também atua em outros segmentos, tais como serviços de logística, exploração de metais não ferrosos e energia, com destaque para a área de fertilizantes, que ganhou destaque neste ano com a OPA (Oferta Pública de Ações) para a aquisição da totalidade das ações da Vale Fertilizantes (FFTL4) em circulação. Max Bueno, analista da Spinelli Corretora, destaca que tal segmentação ajuda a mitigar o risco, já que "quando um [segmento] não vai bem, o outro compensa".
Além do mais, a companhia também começa a investir no setor siderúrgico. Apesar das margens do setor estarem pressionadas no momento, Penna ressalta que, se a companhia não investir no segmento, ficará defasada em relação a outras companhias, já que as próprias siderúrgicas estão ampliando a sua participação no segmento de mineração.
"A demanda no setor siderúrgico será mais forte no longo prazo em função dos eventos no país [Copa do Mundo e Olimpíadas]. Tais investimentos devem trazer retorno no longo prazo", afirma o analista do BB Investimentos.
Ações descontadas
"Quando se olha os múltiplos, ela está descontada frente a seus pares internacionais", revela Marcelo Varejão, analista da Socopa Corretora, corroborando a opinião do HSBC, o qual defendeu em relatório que as ações da companhia são negociadas a um desconto injustificável em relação aos seus pares Rio Tinto e BHP Billiton.
Assim, em relatório produzido no final de agosto, quando as ações preferenciais da Vale estavam cotadas a R$ 38,69, o HSBC afirmou em relatório que os papéis da mineradora estavam "baratas demais para ignorar". Atualmente, com o preço de fechamento no pregão de terça-feira em R$ 41,56, o cenário não é tão diferente, sugerem os analistas.
Resistência deve ser rompida
Segundo o analista-chefe da Walpires Corretora, Leandro Martins, as ações preferenciais da Vale enfrentam uma resistência no patamar de R$ 42,00, a qual deve ser rompida e abre espaço para buscar a faixa de R$ 44,00 a R$ 46,00, apesar da alta volatilidade esperada para o restante do ano. "As ações da Vale possuem bons momentos de alta. Quando inicia, geralmente é forte", complementa.
Invetimento de longo prazo
Portanto, devido às perspectivas positivas de crescimento da empresa, com resultados sólidos, diversificação do risco, elevada liquidez e um bom potencial teórico de valorização, os analistas concordam que as ações da mineradora se destacam como uma boa opção de investimento com foco no longo prazo.