terça-feira, 4 de janeiro de 2011

JP Morgan rebaixa Hypermarcas, destaque de queda do Ibovespa

Por: Equipe InfoMoney
04/01/11 - 18h39
InfoMoney


SÃO PAULO - Em função da expectativa de margens menores, altos riscos de execução do agressivo guidance para captura de sinergias com aquisições recentes e cenário pouco otimista para o resultado do quarto trimestre de 2010, o JP Morgan rebaixou a recomendação da Hypermarcas (HYPE3) de overweight (peso acima da média do mercado) para neutro (peso em linha com a média do mercado). Em repercussão à sinalização dada pelo banco, as açõesda companhia foram destaque de queda do índice nesta terça-feira (4), com desvalorização de cerca de 3,6%, cotadas a R$ 21,40.


Os analistas Andrea Teixeira, João Mamede e Felipe Oliveira reduziram o preço-alvo para dezembro de 2011 de R$ 30,00 para R$ 25,00 por ação, o que representa um potencial de valorização de 12,6% frente ao fechamento anterior.


Margens baixas ao longo de 2011
Apesar de a administração da empresa ter orientado investidores acerca de uma margem Ebitda  (relação entre receita e geração operacional de caixa) de aproximadamente 25% em 2011, os elevados investimentos em marketing devem reduzir essa margem, que pode chegar a 23% no período considerado.



Segundo os analistas, este efeito também está relacionado ao aumento da concorrência e à mudança no mix de produtos, privilegiandoalguns itens que possuem margens mais pressionadas, como por exemplo as fraldas. Esse cenário pode ser revertido com a aquisição da Matecorp, mas a expectativa é que a mudança só ocorra em 2012. 


Aquisição da Mantecorp
Em 20 de dezembro de 2010, a Hypermarcas anunciou a compra da fabricantes de medicamentos e produtos químicos Mantecorp, por cerca de R$ 2,5 bilhões. Essa aquisição pode fazer da Hypermarcas a maior empresa no segmento dentro do País. Segundo o banco de investimentos, tal compra faz sentido estrategicamente, mas a sobra de ações no mercado pode pressionar os papéis ainda no curto prazo.



Os analistas relembram que, no dia posterior ao anúncio do acordo, foram vendidas ações da empresa no valor de R$ 1 bilhão e isso fez com que o preço dos ativos caísse de R$ 24,65 para R$ 23,15, ou seja, um expressivo recuo de 6,5%.


Riscos
Há também uma preocupação em relação aos riscos que envolvem a Hypermarcas. Apesar da forte presença da companhia em um segmento que apresenta crescimento vigoroso e de sua consolidação no setor farmacêutico, os analistas sinalizaram que não comprariam papéis agora.



Isso por causa do alto risco de execução inerente às últimas aquisições, uma vez que o crescimento dos ganhos depende, neste momento, mais da expansão orgânica e das sinergias das aquisições passadas. Assim, novas fusões e aquisiões têm menor probabilidade de ocorrer, devido a maior alavancagem da companhia.


Resultado fraco
Os analistas evidenciaram que o resultado do terceiro trimetre de 2010 apresentou uma deterioração na rentabilidade, devido ao aumento nas despesas. Os gastos com marketing devem pressionar ainda mais essas margens, de modo que o resultado esperado para o quarto trimestre também deve vir pressionado. 



O preço médio praticado pela empresa vem crescento menos do que a inflação, o que é um grande risco para suas margens e lucros, principalmente porque os seus maiores competidores mantém uma política agressiva de precificação. Assim, a combinação entre a deterioração nos preços, elevados investimentos em marketing e ganhos de sinergia abaixo do esperado devem conduzir a uma margem Ebitda inferior àquela estipulada pela administração da empresa.