sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Goldman Sachs rebaixa recomendação da Porto Seguro para venda

Por: Equipe InfoMoney
20/01/11 - 16h52
InfoMoney


SÃO PAULO - O Goldman Sachs decidiu rebaixar a recomendação das ações da Porto Seguro (PSSA3) para venda. O Goldman Sachs acredita que a companhia está sendo negociada com prêmio excessivo em relação aos grandes bancos, de 20%, embora estes sejam mais líquidos e tenham também perspectivas de crescimento no longo prazo. Desse modo, a instituição aponta que pode encontrar potencial de valorização mais interessante em outros lugares dentro do universo de cobertura. 


Com esse cenário em mente, os analistas Carlos Macedo, Jason Mollin e Wesley Okada rebaixaram o preço-alvo de 12 meses da PSSA3 para R$ 25,40, o que representa uma possível desvalorização de 6,96% frente ao último fechamento. Apesar de também ter rebaixado o preço-alvo dos ativos da SulAmerica (SULA11) para R$ 22,20 - valorização hipotética de 10,72% - a recomendação foi mantida em neutra.


O Goldman Sachs continua com visão positiva para o setor de seguros em 2011, especialmente por causa do ciclo de aperto monetário. O aumento nas taxas de juros eleva a contribuição dos lucros financeiros para as empresas e, para a equipe do banco, o ajuste deve ter um impacto mais efusivo na segunda metade do ano.


No entanto, embora as seguradoras trabalhem em ciclos bastante relacionados às taxas de juros, que confere a elas maior flexibilidade para subscrever riscos (aceitar mais perdas), há também a desvantagem de diminuir a sensibilidade das empresas ao preço. E, a longo prazo, a competição mais agressiva pode entrar em cena, limitando os ganhos anteriormente obtidos com as taxas de juros altas, reduzindo a expansão de ganho por ação.


Perspectivas
Para o quarto trimestre as perspectivas em relação às empresas refletem crescimento, porém com elevação das despesas. O cenário macroeconômico também foi ajustado para incorporar a expectativa de maior inflação em 2011 e 2012, bem como a manutenção do real valorizado frente ao dólar. 



Para a SulAmerica, o cenário é um pouco mais otimista, com expectativa de elevação no lucro financeiro da companhia, tendência que não deve ser observada para a Porto Seguro. As projeções de lucro por ação em relação às duas empresas também divergem: os analistas elevaram a estimativa de lucro por ação da SulAmerica em 3,4% em 2010, enquanto para a Porto Seguro a projeção foi reduzida em 6,1%. Já em 2011 as duas companhias devem ganhar menos. O Goldman Sachs revisou as projeções para baixo em 8,9% e 5,4%, respectivamente.


Banco do Brasil: grande competidor
Para os analistas, o Banco do Brasil deve atuar como o grande competidor do setor. O banco tradicionalmente opera com o objetivo de ter market share de 20% em todos os segmentos de atuação- atualmente ele ocupa 14% desse mercado com a parceria com a Mapfre. A alta dos juros pode levar a prêmios menores por parte das companhias e isso é potencializado quando um player do setor adota uma postura agressiva na busca por maior exposição no mercado.

Apesar de haver pouco espaço para sustentar essa política, os analistas acreditam que será o caminho escolhido pelo Banco do Brasil e não restará alternativa a Porto Seguro e outras seguradoras a não ser seguir tal tendência, de modo que a rentabilidade no setor, como um todo, deverá cair.


Consolidação da saúde
O setor privado de saúde é bem fragmentado no País, mas as exigências e regulações por parte da ANS (Agência Nacional de Saúde) estabelecidas a partir de 2008 devem ajudar na consolidação do setor.



A SulAmerica está bem posicionada e tem boas perspectivas para se beneficiar desse movimento no setor. Com R$ 1 bilhão em excesso de capital, a companhia tem a possibilidade de fazer aquisições para complementar seu crescimento orgânico. Segundo os analistas, a já anunciada aquisição da Dental Plan pode ser o primeiro passo. Um primeiro alvo seria a Tempo Participações.


Apesar de ser um desenvolvimento positivo para a empresa, o impacto no preço das ações dependerá do valor pago pelos ativos da companhia, segundo o Goldman.