quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Citi corta recomendação da BR Foods para venda e revela acentuado pessimismo

Por: Equipe InfoMoney
07/10/10 - 09h01
InfoMoney


SÃO PAULO - Em seu mais novo relatório com projeções para a BR Foods (BRFS3), o Citigroup revela um corte na recomendação - de manutenção a venda – e em seu preço-alvo, o qual passou de R$ 29,00 para R$ 26,20 – montante equivalente a um potencial teórico de apreciação de 10,7% face ao último fechamento.


“Após uma forte performance observada recentemente, a BR Foods está sendo negociada agora a níveis injustificáveis, em nossa opinião, e, consequentemente, estamos rebaixando as ações de manutenção para venda”, argumentam os analistas Carlos Albano e Marcio Kawassaki.


Desempenho injustificável A dupla que assina o relatório do Citi lembra que os papéis BRFS3 listaram ganhos de quase 20% desde o início de setembro, ante os 10% de avanço do Ibovespa e uma performance fraca de seus pares. “Não houve mudança nos fundamentos da empresa que justifiquem o forte desempenho”, avalia.


“De fato”, prosseguem Albano e Kawassaki, “os fundamentos do setor têm se deteriorado durante os últimos seis meses”. Dentre os pontos negativos ao segmento, os dois elencam a apreciação do real e o acentuado avanço nos preços da soja e do milho. “Essa dramática mudança nas variáveis terá obviamente um impacto negativo nos resultados futuros da BR Foods”.


Prêmio excessivoAlém dos fatores negativos ao setor, os analistas também enxergam um prêmio exagerado nos múltiplos  pelos quais os papéis da companhia vêm sendo negociados, com um EV/Ebitda (relação entre valor de mercado e geração operacional de caixa) estimado para 2011 de 9,3 vezes e um P/L (relação entre preço da ação e lucro) de 22,4 vezes. “Estes níveis implicam um prêmio injustificado sobre as demais empresas alimentícia e insustentável para uma empresa que produz cerca de 50% de commodities alimentícias sujeitas a riscos sanitários, de preço de grãos e de flutuações no câmbio”, argumentam.


Pendência e pessimismoOutro ponto que desperta a cautela dos analista é a ainda pendente decisão do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) quanto ao processo de fusão entre Sadia e Perdigão. “Acreditamos haver uma chance significativa de que a decisão do Cade possa demorar mais do que o esperado e/ou trazer restrições mais severas do que o mercado está esperando”.


Por fim, mantendo o viés negativo do relatório, os analistas assumem que suas projeções para o desempenho da companhia no próximo ano – avanço de 8% na receita bruta e de 12,5% na margem Ebitda – podem ser exacerbadamente otimista. “Para alcançar tais margens, a empresa precisaria de uma combinação de fundamentos favoráveis no setores (grãos e câmbio) e pelo menos R$ 200 milhões em sinergias”, concluem.